Marina
participou de uma sessão da Comissão de Meio Ambiente do Senado nesta quarta
para falar sobre as queimadas e a estiagem prolongada que atinge a maior parte
do país – com prejuízo maior ao Pantanal e à Amazônia.
"Segundo
os pesquisadores, se continuar o mesmo fenômeno em relação ao Pantanal, o
diagnóstico é de que poderemos perder o Pantanal até o final do século. Isso
tem um nome: baixa precipitação, alto processo de evapotranspiração, não
conseguindo alcançar a cota de cheia, nem dos rios nem da planície
alagada", explicou Marina.
"E
portanto, a cada ano se vai perdendo cobertura vegetal. Seja em função de
desmatamento ou de queimadas. Você prejudica toda a bacia e assim, segundo eles
[pesquisadores], até o final do século nós poderemos perder a maior planície
alagada do planeta", continuou.
Mais
esforços e mais orçamento
Na
audiência com senadores, a ministra do Meio Ambiente que, diante dos dados,
será preciso ampliar — cada vez mais — os esforços e recursos de combate a
consequências das mudanças climáticas. Marina mencionou altas orçamentárias em
relação ao governo de Jair Bolsonaro (PL) fez apelos a congressistas para “quem
quiser contribuir” com recursos à pasta.
A
ministra defendeu, ainda, que o Congresso crie um marco regulatório de
emergência climática, que exclua da meta fiscal do governo federal os recursos
gastos nessas condições.
“Se
tenho que agir preventivamente, como é o entendimento de Vossas Excelências e
nosso, tenho que ter cobertura legal para isso”, afirmou.
Marina
avaliou que o governo vive um “paradoxo” com cobranças simultâneas de
investimento em medidas de combate ao incêndio e em empreendimentos que são
“altamente retroalimentadores do fogo”.
Ela
não especificou quais investimentos seriam esses, mas, em outro momento de sua
participação, rebateu críticas sobre seus posicionamentos contrários a obras de
infraestrutra e exploração mineral, como a margem equatorial.
“Nós
temos condições de fazer esse enfrentamento com os meios que dispomos? Vamos
ter que ampliar cada vez mais o nosso esforço. Ao mesmo tempo somos cobrados
que tenha-se medidas para fazer medidas de combate ao fogo e, ao mesmo tempo,
somos cobrados para que se faça investimentos que são altamente
retroalimentadores do fogo. É um paradoxo. Não preciso citar aqui os
empreendimentos”, declarou.
Esforço
é para 'empatar o jogo'
A
ministra disse ainda que o esforço do governo federal no enfrentamento às
queimadas e à seca histórica no país é para "empatar o jogo" – ou
seja, para mitigar os danos e reverter o que ela chama de "condições muito
desfavoráveis".
Segundo
Marina, o trabalho feito pelo governo desde janeiro de 2023 evitou uma
"situação completamente incontrolável".
"Eu
diria que o esforço que está sendo feito nesse momento é de tentar 'empatar o
jogo', com essas condições totalmente desfavoráveis", disse Marina.
Queimadas
e seca
Em
agosto, o Brasil registrou o maior número de focos de queimadas desde 2010.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram 68.635
registros. De acordo com o Inpe, mais de 80% desses focos ocorreram na Amazônia
e no Cerrado.
A
marca é a quinta pior, desde o início da coleta pelo Inpe, para o período. E os
números também são maiores do que o total observado em agosto de 2023. Em
comparação direta com o mesmo mês, os focos de queimadas pelo país dobraram —
eram 28.056 no último ano.
As
queimadas não são o único fenômeno climático ocorrendo no Brasil. Segundo o
Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), o país também
enfrenta a maior seca desde 1950. A estiagem tem afetado, de acordo com o
órgão, todo o país, com exceção do Rio Grande do Sul.
Nas
últimas semanas, uma face mais visível das queimadas e do clima seco atingiu
parte do país. Cidades ficaram encobertas por fumaças, que tiveram, segundo
especialistas, origem em incêndios florestais de regiões como a Amazônia e o
Pantanal.
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