

Segundo
os pesquisadores, esses números revelam um crescimento exponencial da população
de rua, que em 2018, registrou no Cadastro Único 116.799 pessoas nessa
situação. Entre as causas apontadas no Caderno de Estudos estão a ausência de
dados padronizados e consistentes para embasar a inclusão da população em
situação de rua nas políticas públicas externas, como as econômicas e
climáticas, por exemplo.
De
acordo com o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e
Combate à Fome, Wellington Dias, o diagnóstico trazido por essa edição da série
de estudos busca exatamente tornar as políticas públicas e intervenções mais
eficazes. “A gente hoje não só está trazendo esse importante caderno, mas
também a oportunidade de que tenhamos uma atualização, a partir de um trabalho
que se iniciou em janeiro do ano passado, e que permitiu que pudéssemos avançar
a condição de ter o Plano Ruas Visíveis”, destacou.
A
produção e gestão de dados é um dos eixos da política pública citada pelo
ministro, tendo sido desenvolvido pelo Grupo de Trabalho Interinstitucional
sobre a população em situação de rua, coordenado pelo Ministério de Direitos
Humanos e da Cidadania e que chegou aos dez temas propostos. Os artigos abordam
desde questões conceituais, teóricas e políticas a respeito da situação de rua,
até os desafios de se dimensionar e caracterizar essa população. Também são
abordadas políticas públicas em andamento e transversalidade com programas
habitacionais e de transferência de renda, como o Bolsa Família.
Desigualdades
Um
dos pontos destacados no estudo é a heterogeneidade da população em situação de
rua no país, com mulheres, idosos, pessoas com deficiência, crianças,
adolescentes, famílias e população LGBTQIA+ expostos a diferentes graus de
vulnerabilidade. A partir do cruzamento de dados do Cadastro Único, feitos com
um recorte sobre a comparação entre as probabilidades dessa população dormir em
albergues ou nas ruas, foram verificadas essas diferenças.
Jovens,
analfabetos, negros e indígenas têm mais chance de ser encontrados pernoitando
nas ruas do que os brancos, em comparação ao que se encontra nos albergues, por
exemplo. “A rua é mais racializada do que os albergues, ainda que em ambos a
maioria da população em situação de rua seja negra”, destaca o estudo.
Para
a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, esses dados
trazem ao país a oportunidade de dar efetividade às políticas que atenderão às
demandas dessa população. “População em situação de rua não é um fenômeno só do
Brasil. É um fenômeno de inúmeros países, que tem na sua raiz também as
questões raciais, as disputas e os debates éticos e étnicos que o racismo
produz”, destacou.
Embora
o caderno de estudos reúna muitos dados e reflexões sobre o tema, os
pesquisadores também apontam a necessidade da ampliação desses dados, que
tiveram como base uma amostra, considerando que o Cadastro Único não alcança
toda a população brasileira. “A realização de um censo nacional da população em
situação de rua e a integração de dados administrativos são passos essenciais
para garantir que as políticas públicas sejam baseadas em evidências
concretas”, conclui o estudo. (Ag. Brasil)
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