Apoiador
da iniciativa, o Instituto Vladimir Herzog (IVH) tem amplo material sobre o
tema, inclusive depoimentos de colegas da imprensa, contemporâneos de Vlado,
como era conhecido o jornalista. O "caso Herzog" juntou décadas de
tentativas de esquecer os abusos cometidos, inclusive após a anistia aos
torturadores, porém denúncia internacional em 2018, na Corte Interamericana de
Direitos Humanos, levou à reabertura do caso pelo Ministério Público
Federal, no ano de 2020. Apenas em 2024 o Estado reconheceu a perseguição
à viúva, Clarice Herzog, que se negou a aceitar a versão oficial de
suicídio. Ela foi considerada perseguida política e recebeu indenização e um
pedido formal de desculpas do Governo brasileiro.
Vlado
Vladimir
Herzog nasceu na Iugoslávia, em território que hoje pertence à Croácia, em
1937. Judia, a família dele fugiu durante a invasão do país pelas forças
nazistas. Estiveram na Itália até 1944 e emigraram para o Brasil em 1946.
Cursando Filosofia na Universidade de São Paulo, Herzog se tornou jornalista em
1959, quando começou a trabalhar para o diário O Estado de São Paulo. Teve
passagem por diversos outros veículos e foi professor nos cursos de jornalismo.
Em 1975, em segunda passagem pela TV Cultura, já como diretor de
jornalismo, foi alvo da inquisição do regime militar. Se apresentou à polícia
voluntariamente em 25 de outubro de 1975, quando foi à Rua Tutóia, sede do
Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna
(DOI-Codi/SP), onde foi torturado e assassinado.
Os
agentes tentaram esvaziar o significado da morte do jornalista,
travestindo-a de suicídio. Em sua missa de sétimo dia, em ato ecumênico na
catedral da Sé, 8 mil pessoas estiveram presentes, em um dos primeiros atos
públicos de grande força após o Ato Institucional 5, que endureceu o regime
militar. Segundo texto do IVH, "O ato e Vlado tornaram-se símbolos da luta
pela democracia e contra a ditadura militar brasileira". Seu atestado
de óbito só foi retificado em setembro de 2012.
(Ag.
Brasil)
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