“Essa
sanção que eu vou fazer significa o reconhecimento do trabalho de todas as
pessoas sérias que cuidam da educação, de todas as pessoas que querem cuidar
das crianças e dos adolescentes deste país. Isso aqui foi um ato de coragem, de
cidadania e um ato de respeito ao futuro deste país. Portanto, é com muito
orgulho que eu vou sancionar a lei”, ressaltou o presidente, durante a
cerimônia.
Lula
parabenizou a aprovação do projeto pelo Congresso. Ele lembrou que alguns
países já fizeram o mesmo e os resultados foram positivos. “O que vocês fizeram
nesse ato de coragem foi falar o seguinte: nós vamos cuidar das nossas
crianças, vamos evitar mutilamento, que as crianças possam voltar a brincar,
possam voltar a interagir entre si, e eu acho que isso é muito importante”,
disse.
A
nova legislação permite exceções apenas para fins pedagógicos ou didáticos,
desde que acompanhadas por professores, ou para estudantes que necessitem de
acessibilidade. O objetivo é garantir que os dispositivos móveis sejam
utilizados de forma equilibrada e benéfica para o aprendizado dos estudantes,
evitando os riscos associados ao uso indiscriminado.
EVIDÊNCIAS
— O
ministro da Educação, Camilo Santana, pontuou que as regras começam a valer já
para este ano letivo de 2025. Ele apresentou uma série de dados que mostram
como essa lei pode ajudar a melhorar o desempenho dos estudantes nas escolas.
“O último Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), de 2022,
mostrou um dado interessante. O questionário foi aplicado para estudantes
brasileiros e revelou que 80% deles afirmaram que se distraem e têm dificuldade
de se concentrar nas aulas de matemática por conta do celular. Então nós temos
evidências científicas, de estudos, de pesquisa mostrando a preocupação com o
uso desses celulares e desses equipamentos”, destacou.
Entre
os riscos revelados por estudos sobre o uso excessivo de telas e acesso precoce
a redes sociais por crianças e adolescentes estão a exposição a conteúdos
perigosos e o impacto negativo na saúde mental e física.
CONSCIENTIZAÇÃO
— A
lei também determina que as redes de ensino e escolas desenvolvam estratégias
para abordar o tema do sofrimento psíquico e da saúde mental dos estudantes.
Isso inclui alertar sobre os riscos do uso imoderado de aparelhos e do acesso a
conteúdos impróprios, além de oferecer treinamentos, capacitação e espaços de
escuta e acolhimento para detectar situações de sofrimento psíquico.
“Nós
já estamos construindo os guias e orientações para as redes, como elas devem
implementar a medida e quais são os processos que precisam acompanhar. Claro
que as redes têm autonomia para construir os mecanismos que elas vão fazer em
cada escola. A gente vai procurar também, através de guias e de discursos,
orientar professores, diretores de escola, secretários e também promover o
engajamento das famílias”, salientou Camilo Santana.
USO
PEDAGÓGICO — A
nova lei complementa outras políticas voltadas para o uso de tecnologias da
informação e comunicação na educação, como a Política de Inovação Educação
Conectada (PIEC) e a Política Nacional de Educação Digital (PNED). Essas
iniciativas visam fomentar o uso pedagógico de tecnologias digitais e garantir
um componente curricular de educação digital.
O
professor de História Gabriel Feitosa, de 33 anos, avalia que a proibição vai
aumentar a capacidade de concentração e o desempenho acadêmico dos alunos, além
de ser importante do ponto de vista emocional dos jovens, que lidam com a
ansiedade e problemas de autoestima, potencializados pelo uso desequilibrado de
aparelhos eletrônicos. O docente também vê alternativas para integrar a
tecnologia de forma construtiva ao ambiente escolar, sem que isso prejudique o
aprendizado.
“Os
professores podem integrar a tecnologia, por exemplo, das ciências humanas e da
natureza, por meio da pesquisa. Então, o professor tem que conduzir e criar
oportunidades de pesquisa guiada, fundamentada, ensinar os alunos a procurar
boas fontes de pesquisa, bons recursos. E também como formas de apresentação de
produtos educacionais. Antigamente, a gente fazia cartazes. Passamos a fazer as
apresentações de slides, mas existem muitas outras ferramentas: vídeos, sites,
galerias digitais e oportunidades interativas”, elencou Feitosa.
CONTRIBUIÇÃO
— Mãe
de Luca, 8 anos, e Caio, 10, a produtora de eventos Luana Pereira Macedo
Siqueira acredita que a lei vai contribuir para criar um ambiente mais propício
à concentração e ao desenvolvimento acadêmico. Ela percebe que o uso do celular
impacta o desempenho dos seus filhos. “As crianças passam a usar gírias e
termos incorretos, a ansiedade aumenta, e há uma pressa constante, já que, na
tela, o que mais chama atenção são vídeos curtos e dinâmicos. Isso dificulta o
foco em atividades mais longas e importantes, como os estudos”, disse.
Luana
aponta que, para que a medida seja eficaz, “é necessário um trabalho constante
de conscientização com os alunos e suas famílias, mostrando, por meio de
exemplos claros e comunicados didáticos, como o uso indevido do celular
prejudica a aprendizagem e aumenta os riscos de distração e ansiedade”.
APRENDIZADO
— Vitor
Fonseca, estudante de 16 anos do segundo ano do Ensino Médio, considera que a
proibição do uso de aparelhos eletrônicos nas escolas vai potencializar tanto o
seu aprendizado quanto o de seus colegas. “Eu percebo que o uso do celular é
uma questão porque, mesmo quando você está concentrado, acho que mais por um
tique corporal, como a gente já está muito acostumado a usar o celular o tempo
inteiro, a gente pega, olha, entra em alguma coisa e isso acaba afetando a
concentração. No geral, eu percebo que atrapalha as pessoas, sim. E, às vezes,
me atrapalha também”, afirmou o aluno.
OPORTUNIDADES — A nova lei era aguardada pelos educadores, segundo Luciana Paiva, vice-diretora do Centro Educacional 619 Samambaia, no Distrito Federal. “Agora, poderemos propor mais atividades pedagógicas utilizando metodologias ativas, com a certeza de que os estudantes irão participar de forma protagonista, sem distrações pelo uso do celular. Além disso, temos a certeza de que haverá mais interação ‘humana’ nas ações propostas em sala de aula. O diálogo tão necessário para a formação dos jovens poderá ser retomado no ambiente escolar”, declarou Luciana.
(JB/Ascom da Presidência)
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