Nos
primeiros sete dias após a liberação dos empréstimos, 193 mil contratos foram
fechados e R$ 1,28 bilhão foram liberados. Além disso, mais de 8 milhões de
trabalhadores já pediram propostas para obterem o crédito.
Tamanha procura fez o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, pedir cautela. “Só
tome [empréstimo] em caso de extrema necessidade, para trocar uma dívida cara
para uma mais barata ou fazer um belo investimento que você esteja precisando”,
recomendou.
Confira
abaixo dicas de como obter e se beneficiar da nova modalidade:
Como
pedir o empréstimo?
Qualquer
um dos cerca de 47 milhões de trabalhadores formais do país tem direito a obter
um empréstimo pelo programa Crédito do Trabalhador. O empréstimo é
negociado somente pelo aplicativo para celulares da Carteira de Trabalho
Digital.
O
aplicativo está disponível gratuitamente para o sistema Android e
também para o iOS.
Quem
já tem o aplicativo precisa realizar um cadastro no egov para conseguir acessar a
área do crédito. O egov é
um portal do governo federal. O cadastro também é gratuito e exige que o
trabalhador inclua algumas informações pessoais.
Quando
o cadastro estiver regularizado, o trabalhador pode usá-lo para acessar a
Carteira de Trabalho Digital. Na página inicial do aplicativo, há um link para
o Crédito do Trabalhador na área superior. Já na área inferior, também há um
ícone lembrando uma nota de dinheiro que leva o trabalhador para um simulador
de empréstimos.
O
simulador serve para que o trabalhador solicite propostas de empréstimos de
bancos que fazem contratos por meio do Crédito do Trabalhador. Naquela área,
ele deve informar quanto pretende tomar emprestado e em que prazo pretende
pagar pelo crédito.
Feito
isso, o aplicativo envia essas informações aos bancos, para que as instituições
de crédito façam propostas para o trabalhador com base nos dados de emprego
informados.
Como
negociar o empréstimo?
Ao
saber do interesse do trabalhador pelo empréstimo, os bancos fazem uma proposta
para ele. Algumas chegam de maneira quase instantânea, mas o prazo para o
recebimento é de 24 horas, também no aplicativo da Carteira Digital.
Enquanto
o trabalhador aguarda as propostas, não pode fazer novas simulações.
Depois
de recebê-las, ao acessar a área de empréstimos do app, elas estarão detalhadas
no aplicativo. O trabalhador pode verificar o valor ofertado pelo banco, o
valor das parcelas do crédito, e a taxa de juros que será cobrada na operação.
Esse
é um ponto importante: por meio do Crédito do Trabalhador, um empregado pode
comparar e escolher pelo aplicativo o contrato de empréstimo que oferece os
menores juros.
Como
contratar o empréstimo?
Após
decidir pela melhor opção, o trabalhador precisa clicar na proposta. Ao fazer
isso, aparecerá o botão “contratar”. Depois, ele precisa clicar no site
indicado pelo aplicativo para dar sequência à contratação do crédito.
Caso
o cliente opte por contratar um empréstimo da Caixa Econômica Federal, a
negociação seguirá pelo Whatsapp. Cada banco, porém, tem o seu canal de
atendimento. Alguns prosseguem o atendimento por um site próprio.
Vale
a pena?
O
Crédito do Trabalhador é um programa criado pelo governo federal para oferecer
empréstimos mais vantajosos. Mas nem sempre isso acontece.
Simulações
feitas por economistas e pelo próprio Brasil de Fato geraram
propostas de bancos com juros de até 4% ao mês. Para a economista e consultora
em finanças e superendividamento do Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (Idec), Ione Amorim, há empréstimos com juros menores sendo
oferecidos fora do programa.
A
pesquisa de juros realizada mensalmente pela Associação Nacional dos Executivos
de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que, em fevereiro, a
taxa média de um empréstimo pessoal concedido por um banco era de 3,86% – ou
seja, mais baixa a de algumas propostas do Crédito do Trabalhador.
Caso
o trabalhador esteja pensando em tomar um empréstimo para comprar um carro,
eletrodoméstico ou outro bem, o Crédito do Trabalhador pode ser ainda menos
vantajoso. Segundo a Anefac, o juro médio do Crédito Direto ao Consumidor (CDC)
é de 2,02% – isto é, quase metade da proposta com juro de 4%.
O Brasil
de Fato também recebeu propostas de bancos para empréstimos com juros
de de 1,89%. Esta, sim, é uma taxa considerada baixa. Neste caso, dificilmente
o trabalhador conseguiria um empréstimo em condições tão vantajosas fora do
Crédito do Trabalhador. Se ele estiver mesmo precisando dos recursos, pode
valer a pena.
“O
trabalhador tem que comparar todas as opções e contratar a mais vantajosa”,
resumiu Miguel de Oliveira, economista e diretor executivo da Anefac.
Paciência
Oliveira
ressaltou que o Crédito do Trabalhador é um programa novo. Nem todos os bancos,
principalmente os grandes, estão operando essa linha de crédito.
O
Santander, por exemplo, decidiu não oferecer crédito por meio do aplicativo da
Carteira de Trabalho. Em simulações feitas pelo Brasil de Fato, o
Itaú tampouco enviou propostas. A Caixa informou que teve problemas
operacionais que a impediram de ofertar os empréstimos nos primeiros dias de
vigência do programa, mas já está enviando propostas.
A
maioria das propostas são disponibilizadas hoje pelas chamadas financeiras.
Tradicionalmente, elas têm juros maiores.
Por
isso, segundo Oliveira, se o trabalhador puder esperar, vale aguardar mais
algumas semanas para solicitar o crédito. A consolidação do Crédito do
Trabalhador pode fazer com que mais bancos se interessem por ele, aumentando a
concorrência por clientes e criando condições cada vez mais favoráveis.
“É
recomendável, inclusive, aguardar um número maior de instituições financeiras
apresentarem suas ofertas”, ratificou Francisco Macena, secretário-executivo do
MTE, em comunicado divulgado na sexta-feira (28).
Estou
endividado. O que faço?
Para
quem já tem dívida, Oliveira recomenda acessar o Crédito do Trabalhador o
quanto antes. É bem provável que o endividado encontre no programa um crédito
com juros mais baixos do que ele já paga. Neste caso, compensa tomar o
empréstimo para pagar a dívida.
O
Crédito do Trabalhador, aliás, foi idealizado para que o
trabalhador “troque” dívidas com juros altos por empréstimos com juros mais
baixos.
A
partir do próximo dia 25, inclusive, os trabalhadores que já possuem
empréstimos com desconto em folha poderão ou mesmo um CDC poderão migrar o
contrato existente para o novo modelo criado pelo programa. A ideia é que a
migração seja feita por meio do aplicativo.
A partir de junho de 2025, o trabalhador poderá também trocar de empréstimos já
contratados pelo aplicativo por outros ainda mais vantajosos, se disponíveis.
Que
cuidados preciso tomar?
O Crédito do Trabalhador é um empréstimo, portanto precisará ser pago.
As parcelas serão descontadas diretamente do salário do trabalhador. Até 35% da
remuneração mensal bruta poderá ser comprometida com a prestação.
Caso
o trabalhador tenha uma emergência, ele não poderá atrasar a parcela ou deixar
de pagá-la. O dinheiro para a quitação das parcelas nem chegará a mão dele,
pois sai direto do salário. Por isso, o cuidado antes de tomar o empréstimo
precisa ser redobrado.
No Crédito do Trabalhador, o empregado também pode ainda colocar seu fundo de
Garantia como Garantia (FGTS) como garantia de pagamento em caso de demissão.
Ele pode optar por usar até 10% do saldo do seu FGTS ou até 100% da multa
rescisória, o que em tese ajudaria a reduzir o juro do empréstimo.
Isso significa, porém, que, se o trabalhador perder o emprego, a poupança que
ele teria para sobreviver até arrumar um outro trabalho está comprometida.
Ainda
em caso de demissão, se houver algum saldo ainda do empréstimo, esse valor será
cobrado no próximo vínculo de emprego do trabalhador. (Brasil de Fato)
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