Após três dias de ataques israelenses, "todos estão tentando escapar" de Teerã "de uma forma ou de outra", diz um morador à BBC News Persa.
No domingo (15/6),
longas filas se formaram em postos de gasolina por toda a cidade. Muitas
pessoas tentam ir para áreas remotas, longe de qualquer possível alvo
israelense, mas não conseguem nem sair da província devido ao trânsito intenso.
"Teerã não é
segura, claramente", diz um morador. "Não recebemos alarmes ou avisos
de autoridades sobre ataques israelenses. Apenas ouvimos as explosões e
esperamos que nossa casa não seja atingida. Mas para onde podemos ir? Nenhum
lugar parece seguro."
Uma pessoa que
conseguiu se mudar de Teerã para outra província diz: "Acho que ainda não
processei completamente que estou vivendo em uma zona de guerra ativa e não
tenho certeza de quando passarei a aceitar isso."
"Esta guerra
não é minha. Não estou torcendo por nenhum dos lados, só quero sobreviver com
minha família."
Desde sexta-feira
(13/6), Israel atingiu o Irã com a maior onda de ataques aéreos em anos.
Os ataques
israelenses levaram à retaliação do Irã, que lançou ataques com mísseis contra
Israel.
Pelo menos 10
pessoas foram mortas em Israel, disseram as autoridades.
A imprensa
iraniana, citando o Ministério da Saúde, informa que 224 pessoas foram mortas
em ataques israelenses desde a sexta-feira.
Uma iraniana diz à
BBC que não consegue dormir há duas noites: "Passei por situações
realmente difíceis."
Ela afirma que a situação
atual faz ela lembrar dos bombardeios e das idas a abrigos durante a guerra Irã-Iraque na década de 1980, quando
ela era criança.
"A diferença é
que, naquela época, pelo menos quando acontecia um ataque, ouvíamos a sirene de
ataque aéreo ou pelo menos os avisos antes de acontecer. Mas agora, durante
este bombardeio ou qualquer ataque aéreo, não há sirenes nem avisos."
Os mais jovens,
nascidos depois da guerra, não sabem como era, diz Ghoncheh Habibiazad, da BBC
News Persa.
Uma mulher em Teerã
diz que considerou deixar a cidade para escapar dos ataques.
"Todos nós
queríamos ir para cidades ou vilas menores, qualquer lugar que pudéssemos ir,
mas cada um de nós tem entes queridos que não podem sair, e estamos pensando
neles", diz ela.
"O que estamos
vivenciando não é justo para nenhum de nós, o povo do Irã", afirma.
"Estamos todos
tentando passar por esses dias cheios de medo, exaustão e muito estresse; isso
é extremamente difícil e doloroso."
Um morador da
capital diz: "Não posso simplesmente deixar Teerã. Não posso deixar meus
pais idosos, que não podem viajar muito, e sair da cidade sozinho. Além disso,
preciso ir trabalhar. O que posso fazer agora?"
A internet tem
estado instável, então é muito difícil manter contato com pessoas dentro do
país.
Muitos que vivem
fora do país estão enviando mensagens para seus entes queridos, na esperança de
obter uma resposta.
Algumas pessoas
também receberam avisos do exército israelense pedindo a todos os iranianos que
deixem áreas próximas a instalações militares. As pessoas em Teerã parecem
estar muito preocupadas com isso.
"Como vamos
saber onde fica uma instalação militar e onde não fica?", diz um deles.
Separadamente, o
primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em uma mensagem aos
iranianos no segundo dia dos ataques, disse que "chegou a hora" de os
iranianos se unirem "defendendo sua liberdade".
No entanto, a
população do país optou por permanecer em segurança até o momento e há poucas
evidências de que o apelo de Netanyahu tenha repercutido na prática, diz
Daryoush Karimi, da BBC News Persa.
No Irã, o que
talvez tenha chocado mais as pessoas foi a destruição de prédios residenciais,
ainda mais do que os ataques a instalações nucleares e bases aéreas, relata
Pouyan Kalani, da BBC News Persa.
Muitos iranianos
não presenciavam cenas como essa desde o fim da guerra Irã-Iraque –
especialmente nas ruas da capital.
Muitos em Teerã e em outros lugares se lembram da confusão de sexta-feira: o que exatamente estava acontecendo; quão disseminado era; e como poderiam proteger a si mesmos e suas famílias?
(Fonte: BBC)
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