"É
sempre mais fácil investir na guerra do que na paz", complementou.
A
crítica de Lula foi em resposta à decisão da Otan, no final de junho, de
aumentar os gastos em defesa dos países que fazem parte do tratado para 5% dos
seus produtos internos brutos (PIB). A Otan é uma aliança militar composta por
32 países incluindo os Estados Unidos, Canadá e nações europeias.
A
decisão aconteceu na primeira reunião da organização após a eleição do
presidente americano Donald Trump. O aumento de gastos em defesa vinha sendo
defendido por ele que, nos últimos anos, criticou os países europeus por
supostamente gastarem pouco na área e deixarem os Estados Unidos como
responsáveis por garantir a segurança da Europa contra ameaças estrangeiras.
O
presidente dos EUA descreveu a decisão como uma "grande vitória para a
Europa e... civilização ocidental".
Recentemente,
a expansão da Otan em direção a países próximos à Rússia, como a Ucrânia, foi
usada como um dos elementos por trás da invasão russa sobre o país europeu.
A
Rússia é um dos membros fundadores dos Brics.
Em
seu discurso, Lula também criticou o que classificou como a reciclagem de
"velhas manobras retóricas" e a "instrumentalização" de
agências da Organização das Nações Unidas (ONU) para justificar ataques
militares.
"Velhas
manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Assim
como ocorreu no passado com a Organização para a Proibição de Armas Químicas, a
instrumentalização dos trabalhos da Agência Internacional de Energia Atômica
coloca em jogo a reputação de um órgão fundamental para a paz. O temor de uma
catástrofe nuclear voltou ao cotidiano", disse Lula.
A
crítica acontece poucas semanas após os Estados Unidos e Israel realizarem
ataques aéreos a instalações nucleares iranianas sob o pretexto de que o país
do Oriente Médio estaria próximo de produzir armas nucleares.
A
justificativa apresentada por israelenses e norte-americanos é semelhante à
usada pelos Estados Unidos em 2003 durante a invasão do país ao Iraque. À
época, os norte-americanos alegaram que o Iraque tinha armas de destruição em
massa. As armas, no entanto, nunca foram localizadas. O regime iraniano, por
sua vez, argumenta que seu programa nuclear tem apenas fins pacíficos.
Lula critica fome como 'arma de guerra' em Gaza
Lula
voltou a fazer críticas aos ataques de Israel à Faixa de Gaza, usando mais uma
vez a palavra genocídio.
A
forte posição do líder brasileiro já levou o país sionista a o declarar
"persona non grata", quando Lula comparou a situação palestina com o
holocausto, no ano passado.
"Absolutamente
nada justifica as ações terroristas perpetradas pelo Hamas. Mas não podemos
permanecer indiferentes ao genocídio praticado por Israel em Gaza e a matança indiscriminada
de civis inocentes e o uso da fome como arma de guerra", disse, no Brics.
O
presidente também voltou a defender o direito à criação de um Estado palestino,
posição histórica da diplomacia brasileira.
"A
solução desse conflito só será possível com o fim da ocupação israelense e com
o estabelecimento de um Estado palestino soberano, dentro das fronteiras de
1967".
Com
linguagem mais branda, Lula criticou a invasão da Ucrânia, sem citar
diretamente a Rússia, país que integra o Brics. Ele também defendeu os esforços
brasileiros para mediar a paz na região, embora a iniciativa não esteja
conseguindo avanços.
"É
urgente que as partes envolvidas na guerra na Ucrânia aprofundem o diálogo
direto com vistas a um cessar-fogo e uma paz duradoura".
"O
Grupo de Amigos para a Paz, criado por China e Brasil e que conta com a
participação de países do Sul Global, procura identificar possíveis caminhos
para o fim das hostilidades".
Em
seu discurso, Lula também afirmou que condenou violações à soberania tanto do Irã
quanto da Ucrânia.
Os
líderes dos Brics estão reunidos no Rio de Janeiro até segunda-feira (7/7). O
grupo é atualmente formado por Brasil, Rússia, China, Índia, Irã, Arábia
Saudita, Etiópia, Indonésia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos e Egito, o bloco
representa quase a metade da população mundial e 40% da riqueza produzida
globalmente.
Presidente leva bandeira da 'justiça tributária' ao
Brics
Em
outra fala na cúpula, durante debates econômicos, Lula disse que o "modelo
neoliberal aprofunda as desigualdades" e defendeu a "justiça
tributária", proposta que se tornou a principal bandeira do seu governo
nas últimas semanas.
"Três
mil bilionários ganharam US$ 6,5 trilhões desde 2015", destacou.
"Justiça
tributária e combate à evasão fiscal são fundamentais para consolidar estratégias
de crescimento inclusivas e sustentáveis, próprias para o século XXI",
disse ainda.
Seu
governo tenta aprovar no Congresso o aumento da faixa isenta no Imposto de
Renda para R$ 5 mil. Para compensar as perdas, a gestão Lula que aumentar
tributos sobre os mais ricos, com renda acima de R$ 600 mil ao ano.
A
ideia é criar uma alíquota efetiva mínima de até 10% sobre esse grupo. Ou seja,
ricos que pagarem menos que isso de Imposto de Renda, teriam que contribuir com
um percentual adicional.
Além
disso, a gestão Lula tentou elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF),
mas a medida foi derrubada no Congresso. Críticos dizem que o aumento de
impostos defendido pelo governo prejudicaria o crescimento econômico.
(Fonte: BBC)
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