O tratamento,
batizado de zimislecel ou VX-880, usa células-tronco modificadas em laboratório
para tentar “reprogramar” o pâncreas e fazê-lo produzir insulina novamente. Nos
testes, 12 pacientes receberam uma dose completa do tratamento e, após um ano,
83% deles não precisavam mais de insulina. Além disso, todos tiveram melhora no
controle do açúcar no sangue e nenhum sofreu crises graves de hipoglicemia.
Mesmo com os
resultados positivos, o estudo ainda é considerado pequeno para conclusões mais
assertivas sobre os benefícios
para quem convive com a doença, já que foi realizado apenas com
14 participantes e em um período curto. Além disso, houve o registro de duas
mortes ao longo da pesquisa: uma pessoa faleceu por infecção relacionada aos
remédios imunossupressores – necessários para evitar rejeição das células – e
outra por complicações de uma demência preexistente.
Os efeitos
colaterais mais comuns foram diarreia, dor de cabeça e queda nos glóbulos
brancos. Apesar dos resultados promissores, o próprio grupo envolvido no estudo
destaca que ainda são necessários testes em larga escala e por mais tempo para
confirmar se o tratamento é seguro e eficaz para a maioria dos pacientes.
A pesquisa é
financiada por uma das maiores e mais ricas empresas
farmacêuticas do mundo, a estadunidense Vertex
Pharmaceuticals, especializada em medicamentos de altíssimo custo. Com foco em
doenças complexas e áreas da saúde que possibilitam grande potencial de lucro,
a companhia já se envolveu em disputas judiciais com sistemas de saúde pública,
como o NHS do Reino Unido. Além de especialistas canadenses, o estudo envolveu
grupos de cientistas dos Estados Unidos, Holanda e Bélgica.
E
no Brasil?
Ainda que os
avanços da ciência global sejam notáveis, por enquanto, o tratamento para diabetes
tipo 1 ainda impõe a necessidade de uso diário de insulina. No Brasil,
pacientes têm acesso gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que inclui
medicamentos e insumos necessários para o controle da doença.
A lista do que o
SUS oferece contempla desde as insulinas básicas até materiais para aplicação e
monitoramento constante da glicose. Estão incluídos os dois tipos principais de
insulina: a NPH (de ação intermediária) e a regular (de ação rápida). Em casos
específicos, mediante avaliação médica, os pacientes podem ter acesso também às
insulinas análogas, versões mais modernas do medicamento.
Para a aplicação, são fornecidas seringas descartáveis, agulhas para reposição e, desde 2017, canetas de insulina, que facilitam o transporte e o ajuste preciso das doses. Além dos medicamentos e materiais, o SUS oferece acompanhamento médico com equipes multiprofissionais, além de programas de educação em diabetes para ensinar os pacientes a conviver melhor com a doença na atenção primária.
(Brasil de Fato)
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