Num artigo publicado no site Substack,
Krugman diz que essas tarifas representam um "programa de proteção a
ditadores".
Segundo o especialista, que
ganhou o Nobel de Economia em 2008 e é professor da Universidade da Cidade de
Nova York, nos EUA, a última cartada de Trump "marca um novo rumo"
das políticas tarifárias, que ele classifica de "demoníacas e
megalomaníacas".
Krugman entende que o presidente
dos EUA "nem sequer disfarça que exista uma justificativa econômica para
sua decisão".
"Tudo se resume a punir o
Brasil por levar [o ex-presidente] Jair Bolsonaro [PL] a um
julgamento", escreve ele.
Logo no início da carta
endereçada a Lula, Trump diz: "Conheci e lidei com o ex-presidente Jair
Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes de
países. A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder
altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos
Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Este julgamento não deveria estar
acontecendo. É uma caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!"
O professor de Economia destaca que essa não é a
primeira vez que os EUA usam tarifas com um propósito político.
"O sistema internacional de
comércio que estabelecemos depois da Segunda Guerra Mundial foi em parte
motivado pela crença de representantes americanos de que essas trocas, além de
serem benéficas do ponto de vista econômico, seriam uma força de paz e poderiam
fortalecer a democracia ao redor do mundo. Eles provavelmente estavam corretos
e, em todo caso, tratava-se de um objetivo nobre", pondera Krugman.
"Mas agora Trump tenta usar
tarifas para ajudar outro pretendente a ditador. Se você pensa que os EUA são
um dos 'bons moços' do mundo, essa última decisão mostra o lado em que estamos
atualmente", complementa o professor.
Por que
Krugman acha que tarifas aplicadas ao Brasil são megalomaníacas?
Para justificar o título de
"megalomaníaco" que ele deu para o anúncio de Trump, o especialista
usa estatísticas da Organização do Comércio (OMC), que indicam quais são os
principais parceiros comerciais do Brasil.
Segundo os dados relativos ao ano
de 2022, a China é o principal parceiro comercial de nosso país e recebe 26,8%
das exportações.
Na sequência, aparecem União
Europeia (15,2%), EUA (11,4%), Argentina (4,6%), Chile (2,7%) e outros
países/blocos (39,3%).
Krugman calcula que as
exportações para os EUA representam menos de 2% do Produto Interno Bruto (PIB)
do Brasil.
"Trump realmente acredita
que pode usar tarifas para intimidar uma nação enorme, que nem sequer depende
do mercado americano, a abandonar a democracia?", questiona ele.
Para o economista, se os EUA
"ainda tivessem uma democracia funcional, essa aposta contra o Brasil
seria por si só uma base para um impeachment" de Trump.
"De qualquer forma, não ignore esse fato. Estamos diante de mais um passo terrível na espiral descendente do nosso país", conclui ele.
(Fonte: BBC)
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