Na publicação, o ex-presidente é retratado com o rosto pintado com as cores do Brasil e com um chapéu igual ao que usava o "viking do Capitólio", um dos apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ficou conhecido por ter participado assim da invasão ao Congresso americano em 6 de janeiro de 2021.
Em suas páginas, a revista traz uma longa reportagem sobre a trajetória política brasileira e a investigação contra Bolsonaro e seus aliados.
Em um segundo texto com tom
opinativo, a Economist discute ainda as diferenças entre a forma como os
Estados Unidos lidaram com as ameaças contra a sua democracia, após os ataques
ao Capitólio em 2021, e a conduta adotada pelo Brasil nos últimos meses.
Com o título "Brasil
oferece aos Estados Unidos uma lição de maturidade democrática", o
editorial descreve a condução do processo penal contra Bolsonaro e seus aliados
como uma "fantasia da esquerda americana".
"Os Estados Unidos estão
se tornando mais corruptos, protecionistas e autoritários — com Donald Trump,
esta semana, mexendo com o Federal Reserve (Fed) e ameaçando cidades
controladas pelos democratas. Em contraste, mesmo com o governo Trump punindo o
Brasil por processar Bolsonaro, o próprio país está determinado a salvaguardar
e fortalecer sua democracia", diz a Economist.
A revista britânica descreve
ainda Jair Bolsonaro como "polarizador" e o "Trump dos
trópicos" e afirma que o ex-presidente brasileiro e "seus aliados,
provavelmente, serão considerados culpados" pelo Supremo Tribunal Federal
(STF).
Ainda segundo o texto, o plano
contra a democracia brasileira pelo qual Bolsonaro é acusado "fracassou
por incompetência, e não por intenção".
Bolsonaro e todos os outros
acusados negam as acusações.
O que o Brasil pode ensinar
Segundo a Economist, o Brasil
é "um caso de teste de como os países se recuperam de uma febre
populista".
"Na Polônia, dois anos
após a perda do poder do partido Lei e Justiça (PiS), uma coalizão liderada por
Donald Tusk, um centrista, está sendo limitada por um novo presidente do PiS.
No Reino Unido, o Brexit agora é impopular, mas Nigel Farage, o político que o
inspirou, lidera nas pesquisas. Nem mesmo o massacre do Hamas em 7 de outubro
de 2023 conseguiu tirar Israel de suas amargas divisões".
Mas, segundo o texto, o país
que mais viveu momentos semelhantes ao Brasil é os Estados Unidos. E de acordo
com a publicação britânica, as duas nações "parecem estar trocando de
lugar".
Para a Economist, o passado
recente com uma ditadura militar pode ajudar a explicar porque a reposta às
ameaças à democracia em território brasileiro foi mais forte.
"Além disso, a maioria
dos brasileiros não tem dúvidas sobre o que Bolsonaro fez. A maioria acredita
que ele tentou dar um golpe para se manter no poder", diz a revista, afirmando
ainda que mesmo os políticos conservadores do país, que precisarão dos votos
dos apoiadores de Bolsonaro para vencer as eleições de 2026, criticam o
"estilo político" do ex-presidente.
E, segundo a publicação, esse
"reconhecimento abriu a oportunidade de reforma" no Brasil, pois
"a maioria dos políticos brasileiros, tanto de esquerda quanto de direita,
quer deixar para trás a loucura de Bolsonaro e sua polarização radical".
(Fonte: BBC)
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