No Brasil, em 2023, mais de 16,8 mil óbitos por suicídio foram notificados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde (MS).
Publicada
no Diário Oficial da União desta
terça-feira (9), o texto define que a campanha Setembro Amarelo deve ser
voltada a informar sobre riscos, oferecer orientação sobre recursos disponíveis
de apoio e tratamento e fortalecer o acolhimento às pessoas que enfrentam
desafios relacionados à automutilação e a pensamentos ou à intenção de tirar a
própria vida, chamada tecnicamente de “ideação suicida”.
Pela
publicação, também ficam instituídos o dia 10 de setembro como o Dia Nacional
de Prevenção do Suicídio e o dia 17 de setembro como o Dia Nacional de
Prevenção da Automutilação.
A
critério dos gestores estaduais, poderão ser veiculadas campanhas na
mídia, prédios públicos poderão ser iluminados com luzes de cor amarela, entre
outras ações.
Setembro amarelo
A
campanha do Setembro Amarelo teve sua primeira edição em 2015, organizada pela
sociedade civil e entidades representativas de classe.
Atualmente, estão à frente do Setembro Amarelo o Centro de Valorização da Vida
(CVV), a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de
Medicina (CFM).
Em 2025,
a campanha do
Setembro Amarelo tem o tema “Conversar pode mudar vidas”. O foco é reforçar
que o diálogo é uma ferramenta poderosa para acolher quem sofre em silêncio e,
por isso, o objetivo é promover a conversa sobre a prevenção do suicídio.
Prevenção
Como
medida de prevenção ao suicídio do Setembro Amarelo, o Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) lançou, nesta quarta-feira (10), a Cartilha Amarela – Prevenção e
combate ao assédio, a outras formas de violências e ao suicídio relacionado ao
trabalho.
O documento trata o suicídio como um
grave problema de saúde pública e alerta para os impactos de práticas abusivas
e ambientes de trabalho hostis à saúde física e mental de trabalhadores.
A cartilha relaciona os principais alvos do assédio moral: mulheres,
pessoas com deficiência (PCD), com idade avançada, população LGBTQIAPN+,
pessoas de outra região do país, de outras nacionalidade ou culturas, além de
doentes ou acidentados.
O
material ainda ajuda identificar formas de assédio e violência relacionados ao
trabalho que podem gerar sofrimento e adoecimento da pessoa assediada.
Acesse aqui a Cartilha Amarela.
Apoio e tratamento
Entre
os recursos públicos disponíveis para apoio e tratamento à saúde mental estão
os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), em todas unidades da federal. A
rede oferece serviços com profissionais especializados para atender as
necessidades da comunidade.
Nos Caps,
as equipes multiprofissionais contam com médicos, enfermeiros, psicólogos,
terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e técnicos de enfermagem.
Outra
modalidade assistência gratuita é o Centro de Valorização da Vida (CVV) que
oferece canais de atendimento disponíveis 24 horas por dia, todos os dias
da semana, inclusive aos fins de semana e feriados para prestar apoio emocional
e prevenção do suicídio a todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob
anonimato. O CVV atende no telefone Ligue 188, no chat e por e-mail.
Em
qualquer caso de urgência ou emergência, o Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (Samu 192) pode ser acionado imediatamente pelo telefone 192 e a
Polícia Militar do estado, no telefone 190.
Mitos x realidade
A questão do suicídio ainda é vista como tabu por diversos setores da
sociedade brasileira. Por isso, a cartilha lançada pelo Ministério do Trabalho
e Emprego (MTE) ainda lista os mitos mais comuns sobre o tema e como devem ser
abordados para reduzir estigmas.
O
material esclarece, entre outros, que:
·
falar sobre o suicídio não aumenta o risco de uma pessoa se matar. Ao
contrário, protege, porque pode aliviar a angústia e tensão e pode quebrar
tabus;
·
a maioria dos suicidas fala ou dá sinais de seu desejo de se matar. Por isso, o
indivíduo que fala sobre a intenção de tirar a própria vida ou sobre um plano
suicida deve ser levado a sério;
·
pessoas nesta situação, muitas vezes, já relataram ou deram pistas destes
pensamentos a uma ou mais pessoa e experimentam sentimentos ambivalentes sobre
o suicídio, ou seja, ficam em dúvida se devem fazê-lo, considerando motivos
para morrer e para viver;
·
a imprensa não é proibida de abordar o suicídio. É o oposto: a mídia deve
informar a população sobre o assunto de saúde pública e divulgar onde e como os
interessados devem buscar ajuda.
Saúde pública
Em
média, mais de 720 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, em todo o
mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2021, o suicídio
foi a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.
No
Brasil, o número de suicídios da população em geral e de pessoas indígenas
somados aumentou 66,47% em uma década (2013-2023). O Atlas da Violência 2025, do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela que, em 2023, foram mais de 16,8 mil
casos: em média, 46 pessoas cometem suicídio por dia no país.
Um
dos compromissos assumidos pelo Brasil, em acordo com a meta 3.4 dos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), é
a redução desse número em um terço até 2030. Esta
meta aborda a redução da mortalidade prematura por doenças não transmissíveis
via prevenção e tratamento, e promoção da saúde mental e do bem-estar.
(Ag. Brasil)

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