A pesquisa - conduzida
por cientistas do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde
(Fiocruz Bahia) - indica que a infecção por arboviroses durante a gestação
elevou o risco de parto prematuro, baixo escore de Apgar (avaliação
rápida realizada após o nascimento para verificar a adaptação à vida fora do
útero) e óbito neonatal.
Anomalias
A dengue, além de
estar ligada ao parto antes do tempo e ao baixo peso, também mostrou associação
com alterações estruturais e funcionais no desenvolvimento do feto, chamadas de
anomalias congênitas.
No caso da zika,
os efeitos adversos foram ainda mais amplos, com destaque para a má-formação
congênita, cujo risco foi mais que duplicado entre bebês de mães
infectadas.
O pesquisador
Thiago Cerqueira-Silva avaliou, no entanto, que os padrões de risco variam
entre o vírus e o período da infecção.
Risco de morte
“O estudo fornece
evidências robustas e detalhadas que desmistificam a ideia de que apenas a zika
é uma grande ameaça na gravidez. Demonstramos que a chikungunya e
a dengue também têm consequências graves, como o aumento do risco de morte
neonatal e anomalias congênitas. Essa informação é crucial para direcionar a
atenção clínica e de saúde pública”, explicou.
O pesquisador
esclareceu que o estudo traz novas evidências sobre os impactos das infecções
por arbovírus na gestação, indicando períodos de maior vulnerabilidade em cada
trimestre. A variação do risco sugere que diferentes mecanismos biológicos
atuam em cada fase, o que reforça a importância da vigilância e da prevenção ao
longo de toda a gravidez.
Prevenção
Para Thiago, os
resultados do estudo deixam claro que é preciso fortalecer as medidas de
prevenção durante a gestação. Isso não apenas protege a saúde das mães, mas
também ajuda a evitar consequências que podem marcar a vida dessas crianças por
muitos anos.
Em comunidades
vulnerabilizadas, a maior exposição ao mosquito transmissor aumenta o risco de
infecção e os efeitos durante a gravidez tendem a ser mais severos. Além disso,
o peso financeiro no cuidado de crianças com anomalias congênitas ou
complicações neonatais recai de forma desigual sobre famílias com baixa renda.
Diante desse
cenário, o pesquisador defende a urgência de ampliar a cobertura vacinal contra
dengue, e adicionar a vacinação contra chikungunya na política
nacional de imunização.
Deve-se “garantir
que as vacinas existentes (dengue e chikungunya) sejam oferecidas
gratuitamente e com ampla cobertura, independentemente de sua condição
socioeconômica. Além disso, campanhas educacionais informando sobre os riscos
associados à dengue e à chikungunya durante a gestação são
necessárias, uma vez que atualmente apenas os impactos negativos da zika são
bem difundidos”, finalizou. (Ag. Brasil)

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