Patriotismo em baixa
As manifestações cívicas de amanhã - Dia da Independência do Brasil – sempre fazem com que os hoje quarentões, cinquentões e outros “tões” experimentem uma parada no corre-corre do cotidiano e relembrem outras paradas. Aquelas em que os estudantes eram convocados - e não, convidados ou estimulados - a marchar “garbosamente” pelas ruas. Tudo em nome de um patriotismo, o que para muitos era também uma realização naquela época de santa ingenuidade.
Passados os anos, a maioria desses brasileiros reconheceu que eles eram, sim, obrigados a desfilar diante de um palanque onde os que lá estavam é que deveriam marchar, bater continência e estar unicamente a serviço do povo. Só que, em vez disso, essas autoridades faziam marchar toda a Nação sob seus ditames.
Atualmente, essa obrigatoriedade não mais existe, mas persiste a falta de conscientização do que seja realmente patriotismo. Continua a falta de desmistificação de inverdades ensinadas no passado ou a ignorância quanto aos fatos repassados de forma deturpada para as gerações seguintes. Enfim, a história há muito carece de ser passada a limpo.
A maioria dos brasileiros ainda acredita que a nossa Independência transcorreu de forma tranquila, sem lutas e sem derramamento de sangue. Dessa forma, permanece anestesiada pelo romantismo e pelos rasgos de bravura emanados da pintura de Pedro Américo, que, na realidade, esmerou-se em bem retratar o pai do seu protetor.
Enquanto isso, repousa no quase total esquecimento a luta que mulheres, negros e indígenas travaram em prol da Independência. De igual modo também os sangrentos acontecimentos de revoltas ocorridos no Nordeste, a fim de libertar o Brasil do jugo de Portugal.
Como exemplo, cito apenas dois: o movimento que teve como ápice a Confederação dos Equador (1824), em Pernambuco, e a Batalha de Jenipapo ocorrido em 13 de março de 1823, no Piauí. Nesse último, civis piauienses, cearenses e maranhenses, munidos de armas rudes, se opuseram às tropas portuguesas, constituindo-se numa carnificina das mais sangrentos da Guerra de Independência do Brasil. Enfim, isso aconteceu no Nordeste. Como se depreende, a discriminação do nordestino e a subvalorização da sua luta vem de muito longe.
Diante de tudo isso, considero salutar uma parada obrigatória para todos repensarmos a real extensão e o peso da palavra patriotismo, já que será a palavra de ordem deste domingo. Sem muito esforço intelectual, nota-se que patriotismo passa muito longe do que estamos ouvindo e vendo à exaustão nos últimos tempos.
No meu entendimento, patriotismo vai muito além de vestir verde e amarelo, empunhar bandeiras, cantar hinos, marchar ou conhecer símbolos cívicos. As ações que caracterizam esse nobre sentimento devem surgir de forma consciente, livre e de espontânea vontade; elas devem ser praticadas de forma responsável e não à custa de lavagem cerebral. A prática do patriotismo em seu sentido original deve ser estimulada, sem engessar o censo crítico, sem alienar e sem obscurecer a realidade dos fatos. Detalhe: sem jamais ser transformada em “obrigação legal”.
Mas infelizmente essa última estratégia ainda tem sido a defendida pela maioria dos governantes e autoridades do ensino. Como obrigação legal tem sido a estratégia mais buscada de alguns governantes que equivocadamente tentam implantar patriotismo na população. É um retrocesso!
De forma civilizada e ordeira, essa equivocada forma de ensinar civismo deve ser combatida e rejeitada a todo custo. Pois, além de não surtir efeito benéfico, sua imposição só causa insatisfação, revolta e a desobediência.
Que fique bem claro: Conhecer melhor nossos símbolos (Bandeira, Armas, Selo e Hino), respeitá-los, defendê-los e reverenciá-los é um excelente exercício de cidadania, que faz bem a todos.
Mas insisto: Desde que isso seja
praticado de forma que não aliene a população da dura realidade; que não iniba
o senso crítico dos brasileiros de se indignar contra as bandalheiras que vêm
acontecendo. E desde que esse exercício de cidadania seja praticado de maneira
que estimule os brasileiros a conhecerem mais sua história, a procurarem
descobrir e entender realmente o que aconteceu nesses 203 anos de busca da independência.
E mais: Que depois disso todos sejam conscientemente movidos a tudo fazer para
promover as correções necessárias. E viva o Brasil!
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Ingratidão
É o que tem demonstrado a Câmara local que ainda não prestou uma merecida homenagem ao quase desconhecido professor, poeta, músico e grande sobralense, José Esmeraldino Vasconcelos (foto), que faleceu há mais de duas décadas. Muitos até nem sabem que foi ele quem compôs o Hino de Sobral. E o descaso não é só da Câmara, não. Ingratidão e cegueira intelectual contagiam.
21 anos
José Esmeraldino Vasconcelos morreu em 06 de setembro de 1994, aos 84 anos, em Fortaleza (CE). Apesar de cego, tornou-se músico, escritor, poeta e professor do Instituto dos Cegos do Ceará. O autor do Hino oficial do município de Sobral, onde nasceu em 16/04/1909, sendo filho de Antônio Galvino de Vasconcelos e Maria Branca Esmeralda de Vasconcelos.
Obras
No dia 1º de setembro de 1955, Esmeraldino Vasconcelos fundou o Educandário Padre Anchieta estabelecimento de Ensino Primário para pessoas com visão e no dia 1º de setembro de 1957 inaugurou a sede própria desta escola, que foi extinta em novembro de 1972 por circunstâncias alheias à vontade de seu diretor, através de ação judicial. Em 1954 publicou o livro "Luz dos meus olhos", numa edição de 1.000 exemplares. Também colaborou com os Diários Associados durante dois anos como cronista amador incrementando os Círculos de Pais Mestres. É autor do Hino do Instituto dos Cegos do Ceará e de muitas outras composições.
DOMINGO NA EDUCADORA FM 107,5 - SOBRAL-CE
ÁUDIO: https://l.radios.com.br/r/12869
ÁUDIOVÍDEO: https://www.facebook.com/educadoradonordestefm
NO YOUTUBE: Rádio Educadora FM 107.5
Neste domingo (7), das 10h30 às 12h30, PROGRAMA ARTEMÍSIO DA COSTA, na Educadora FM 107,5 de Sobral. Com notícias, reportagens, entrevistas, curiosidades e música de boa qualidade. DESTAQUE: Entrevista, ao vivo, com Prof. JÚLIO CÉSAR MONTEIRO, que falará sobre “A HISTÓRIA DA INDEPENDÊNCIA”. Participe: 3611-1550 // 3611-2496 // Facebook: Artemísio da Costa.
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