O estudo aponta que metade das mulheres já sofreu
algum tipo de violência, mas o reconhecimento espontâneo ainda é baixo: apenas
23% mencionaram de imediato terem sido vítimas, sendo 11% violência física.
Quando apresentadas a situações específicas, o índice subiu para 50%. “Dar um
tapa ou um soco é reconhecido como violência. Já humilhações, xingamentos e
perseguições muitas vezes não são”, explicou Toledo.
Além disso, 71% das mulheres que sofreram agressões
não as denunciaram oficialmente. A cada dez vítimas, duas foram orientadas a
não registrar queixa, inclusive por familiares. “Isso revela tanto o medo de
retaliações, quanto o despreparo de delegacias e a falta de autonomia
financeira para sair da situação de violência”, destacou a pesquisadora.
Desigualdade racial e regional
Ainda de acordo com o estudo, a renda média das mulheres é
40% inferior à dos homens. Entre as negras, 59% vivem em lares com até dois
salários mínimos; no Nordeste, essa condição atinge 64% das entrevistadas.
“O peso da raça e da regionalidade é evidente.
Mulheres negras e nordestinas estão mais concentradas na faixa de menor renda,
muitas no mercado informal e sem direitos trabalhistas”, disse Toledo.
Outro dado que chama atenção é o aumento das
mulheres provedoras do lar: em 2010 eram 35%, agora, 49%. Entre elas, a maioria
é jovem, negra e vive com até dois salários mínimos.
Participação política e democracia
A pesquisa também mostra uma queda no interesse
declarado das mulheres pela política:
apenas 71% consideram o tema importante, contra 80% em 2010. Só 8% participam
de movimentos sociais. Para Toledo, o dado não indica um desinteresse absoluto.
“Elas têm rotinas de tripla jornada, mas 89% dizem
preferir candidaturas femininas, 78% preferem candidaturas negras e 68%
preferem candidaturas indígenas. Há uma adesão forte à democracia e à
diversidade na representação política”, explicou.
Segundo a pesquisadora, a contradição está na violência política,
que gera medo e afasta mulheres de disputas eleitorais. “Não é um problema
individual, mas cultural. Quando não identificamos que fazemos parte do
problema, dificilmente seremos parte da solução”, afirmou.
Para ouvir e assistir
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às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão
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(Brasil de Fato)

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