segunda-feira, 3 de novembro de 2025

DE OLHO NA LÍNGUA - Prof. Antônio da Costa (Do Jornal Correio da Semana - Sábado - 1º.09.25)

Gostaria de saber a origem das palavras cadáver e defunto

É a curiosidade da leitora Ana Cláudia. Vamos lá! A palavra “cadáver” já me foi explicado como sendo a junção das sílabas iniciais da expressão em Latim “caro data vermibus” (carne dada aos vermes). Mas veja só o resultado da etimologia popular: muitas vezes vi por aí essa explicação, quando ela não é verdadeira. A palavra cadáver vem de “cadere” (cair), coisa que a pessoa, quando se torna o cadáver, costuma fazer.

Já a palavra defunto vem do Latim “defungor” (executar, cumprir, pagar, terminar com). No caso, veio da expressão “vita defungi” (morrer, com o sentido de completar o tempo de vida). Ex.: Em um amor um homem é apenas um cadáver em férias.

Morte e falecimento (qual a diferença?)

MORTE serve para todos, indistintamente, velhos e moços. 

FALECIMENTO é próprio dos que já viveram o bastante, aos quais alguns chamam idosos; outros, senis. Mas a maior parte usa mesmo velhos (que não é um termo adequado). Só a morte pode ser violenta; o falecimento, ao contrário, exprime apenas um efeito natural. Por isso, ninguém “falece” num violento acidente de automóvel, assim como não há “falecimento” num assassinato. Há, em ambos os casos, morte.

Necrópsia / biópsia

Necropsia também vem do grego “necro” (morte, morto ou cadáver) + “opsia” (ação de examinar ou ver). Para Domingos Paschoal Cegalla, autópsia é um termo usado impropriamente em Medicina Legal em vez de necrópsia, que é a perícia feita em cadáver para apurar a causa do óbito (causa mortis).

Missa de Sétimo Dia

Apesar de ser assim anunciada, a expressão castiça é: Missa do sétimo dia. Quando o substantivo é determinado, usa-se o artigo obrigatoriamente. Ademais, antes de numeral ordinal não se deixa de empregar o artigo. Exs.: Comi o segundo bife; Estamos no sétimo andar; Procure ler o quarto capítulo. Por isso é que temos de usar o artigo, ainda nessas expressões: Comemorações do primeiro aniversário; Missa do trigésimo dia; Supletivo do Primeiro e do Segundo Graus (Grau), além de outras. Pois, então, não se diz “missa do primeiro aniversário, missa do sétimo aniversário?’’ Por que, então, dizer “missa de sétimo dia?”

Matar / Assassinar

Convém não confundir.  Matar é dar (intencionalmente ou não) a morte a alguém; é tirar (propositadamente ou não) a vida de alguém. Assassinar é matar à traição ou levando enorme vantagem sobre a vítima. Pode alguém matar sem assassinar. Quem assassina, contudo, sempre mata. Os sequestradores assassinam; Um motorista, mesmo mais cuidadoso e experiente, pode matar: basta que alguém se atire à frente do seu veículo em alta velocidade ou mesmo havendo falha mecânica no veículo.

Repare que as placas de trânsito das nossas rodovias trazem: “Não corra, não mate, não morra”. Ao volante, os motoristas não assassinam, a não ser que manifestem intenção deliberada de fazê-lo. 

Existe alguma diferença entre assassino e homicida?

Existe. Assassino é o que mata alguém intencionalmente; Homicida é o que mata alguém voluntária ou involuntariamente. Aquele que mata em legítima defesa não é assassino, mas não deixa de ser homicida. 

(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088) 99373-7724.

 

 

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