Gostaria de saber a origem das palavras cadáver e defunto
É a curiosidade da leitora Ana Cláudia. Vamos lá! A palavra “cadáver” já me foi explicado como sendo a junção das sílabas iniciais da expressão em Latim “caro data vermibus” (carne dada aos vermes). Mas veja só o resultado da etimologia popular: muitas vezes vi por aí essa explicação, quando ela não é verdadeira. A palavra cadáver vem de “cadere” (cair), coisa que a pessoa, quando se torna o cadáver, costuma fazer.
Já a palavra defunto vem do Latim “defungor” (executar, cumprir, pagar, terminar com). No caso, veio da expressão “vita defungi” (morrer, com o sentido de completar o tempo de vida). Ex.: Em um amor um homem é apenas um cadáver em férias.
Morte e falecimento (qual a diferença?)
MORTE serve
para todos, indistintamente, velhos e moços.
FALECIMENTO é
próprio dos que já viveram o bastante, aos quais alguns chamam idosos; outros,
senis. Mas a maior parte usa mesmo velhos (que não é um termo adequado). Só a
morte pode ser violenta; o falecimento, ao contrário, exprime apenas um efeito
natural. Por isso, ninguém “falece” num violento acidente de automóvel, assim
como não há “falecimento” num assassinato. Há, em ambos os casos, morte.
Necrópsia / biópsia
Necropsia também vem do grego
“necro” (morte, morto ou cadáver) + “opsia” (ação de examinar ou ver). Para
Domingos Paschoal Cegalla, autópsia é um termo usado impropriamente em Medicina
Legal em vez de necrópsia, que é a perícia feita em cadáver para apurar a causa
do óbito (causa mortis).
Missa de Sétimo Dia
Apesar de ser assim anunciada, a
expressão castiça é: Missa do sétimo dia. Quando o substantivo é determinado,
usa-se o artigo obrigatoriamente. Ademais, antes de numeral ordinal não se
deixa de empregar o artigo. Exs.: Comi o segundo bife; Estamos no sétimo andar;
Procure ler o quarto capítulo. Por isso é que temos de usar o artigo, ainda
nessas expressões: Comemorações do primeiro aniversário; Missa do trigésimo
dia; Supletivo do Primeiro e do Segundo Graus (Grau), além de outras. Pois,
então, não se diz “missa do primeiro aniversário, missa do sétimo
aniversário?’’ Por que, então, dizer “missa de sétimo dia?”
Matar / Assassinar
Convém não
confundir. Matar é dar (intencionalmente ou não) a morte a alguém; é
tirar (propositadamente ou não) a vida de alguém. Assassinar é matar à traição
ou levando enorme vantagem sobre a vítima. Pode alguém matar sem assassinar.
Quem assassina, contudo, sempre mata. Os sequestradores assassinam; Um
motorista, mesmo mais cuidadoso e experiente, pode matar: basta que alguém se
atire à frente do seu veículo em alta velocidade ou mesmo havendo falha
mecânica no veículo.
Repare que as
placas de trânsito das nossas rodovias trazem: “Não corra, não mate, não
morra”. Ao volante, os motoristas não assassinam, a não ser que manifestem
intenção deliberada de fazê-lo.
Existe alguma diferença entre assassino e homicida?
Existe. Assassino é o que mata alguém intencionalmente; Homicida é o que mata alguém voluntária ou involuntariamente. Aquele que mata em legítima defesa não é assassino, mas não deixa de ser homicida.
(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088) 99373-7724.
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