Os dados fazem
parte do levantamento Síntese de Indicadores Sociais, divulgado nesta
quarta-feira (3).
Os indicadores mostram o terceiro ano seguido com redução no número
e na proporção de pobres, marcando uma recuperação pós-pandemia de covid-19,
desencadeada em 2020.
Confira o
comportamento da pobreza no país:
- 2012: 68,4
milhões
- 2019: 67,5
milhões (último ano antes da pandemia)
- 2020: 64,7
milhões
- 2021: 77
milhões
- 2022: 66,4
milhões
- 2023: 57,6
milhões
- 2024: 48,9
milhões
Em 2012, a proporção de pessoas abaixo da linha de pobreza era de 34,7%.
Em 2019 chegou a 32,6%. No primeiro ano da pandemia (2020) foi reduzida a 31,1%
e chegou ao ponto mais alto da série em 2021, com 36,8%. Desde então, apresentou anos de
queda, indo de 31,6% em 2022, para 23,1% no ano passado.
Trabalho e transferência de renda
O pesquisador do
IBGE André Geraldo de Moraes Simões, responsável pelo estudo, explica que em
2020, ano de eclosão da pandemia, a pobreza chegou a ser reduzida por causa dos
programas assistenciais emergenciais, como o Auxílio Emergencial, pago pelo
governo federal.
“Esses benefícios voltaram em abril de 2021, mas com valores menores e restrição de acesso pelo público, e o mercado de trabalho ainda estava fragilizado, então a pobreza subiu”, afirma.
Simões acrescenta que, a partir de 2022, o mercado de trabalho voltou a
aquecer, acompanhado por programas assistências com valores maiores, fatores
que permitiram o avanço socioeconômico.
“Tanto o mercado de trabalho aquecido, quanto os benefícios de
transferência de renda, principalmente o Bolsa Família e o Auxílio Brasil, que
ganharam maiores valores e ampliaram o grupo da população que recebia”,
assinala.
No segundo semestre de 2022, o programa Auxílio Brasil passou a pagar R$ 600. Em 2023, o programa foi rebatizado de Bolsa Família.
Extrema pobreza
No último ano, o Brasil vivenciou também redução da extrema pobreza,
pessoas que viviam com renda de até US$ 2,15 por dia, cerca de R$ 218 mensais
em valores corrigidos para o ano passado.
De 2023 para
2024, esse contingente passou de 9,3 milhões para 7,4 milhões, ou seja, 1,9
milhões de pessoas deixaram a condição. Essa evolução fez com que a proporção
da população na extrema pobreza recuasse de 4,4% para 3,5%, a menor já
registrada.
Em 2012, quando começou a série histórica, eram 6,6%. Em 2021, o patamar alcançou 9% (18,9 milhões de pessoas).
Desigualdade regional
Os números do IBGE deixam clara a desigualdade regional. Tanto a pobreza quanto a extrema pobreza no Norte e Nordeste superam a taxa nacional.
Pobreza
- Nordeste:
39,4%
- Norte: 35,9%
- Brasil: 23,1%
- Sudeste:
15,6%
- Centro-Oeste:
15,4%
- Sul: 11,2%
- Nordeste:
6,5%
- Norte: 4,6%
- Brasil: 3,5%
- Sudeste: 2,3%
- Centro-Oeste:
1,6%
- Sul: 1,5%
“São as regiões mais vulneráveis do país, isso acaba se
refletindo também no mercado de trabalho”, diz André Simões.
Outra desigualdade demonstrada é a racial. Na população branca, 15,1%
eram pobres, enquanto 2,2% estavam na extrema pobreza.
Entre os pretos, a pobreza chegava a 25,8%, e a extrema pobreza a 3,9%. Na população parda, as parcelas eram 29,8% e 4,5%, respectivamente.
Menor Gini desde 2012
A Síntese de
Indicadores Sociais atualizou o chamado Índice de Gini, que avalia a
desigualdade de renda. O índice vai de 0 a 1 - quanto maior, pior a
desigualdade.
Em 2024, o Índice de Gini atingiu 0,504, o menor valor da série iniciada
em 2012. Em 2023, era 0,517.
Para medir o
impacto de programas sociais na redução da desigualdade, o IBGE apresentou um
cálculo do Gini caso não houvesse essa política assistencial.
O estudo
constatou que o indicador seria 0,542 se não existissem programas de
transferência de renda, como Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada
(BPC - um salário mínimo por mês ao idoso com idade igual ou superior a 65 anos
ou à pessoa com deficiência de qualquer idade).
Outro exercício
hipotético realizado pelos pesquisadores foi sobre a condição de pessoas com 60
anos ou mais se não houvesse benefícios previdenciários
A extrema
pobreza entre os idosos passaria de 1,9% para 35,4%, projeta o instituto. Já a
pobreza subiria de 8,3% para 52,3%.
O levantamento mostra também que a pobreza foi maior entre os
trabalhadores informais. Entre os ocupados sem carteira assinada, era um em
cada cinco (20,4%). Entre os empregados com carteira assinada, a proporção era
de 6,7%.
(Ag. Brasil)

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