O depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no processo que julga um suposto golpe de Estado foi destaque em diversos veículos de imprensa espalhados pelo mundo.
No Reino Unido,
o The Guardian destacou que "o líder da direita radical usou a transmissão
ao vivo para transformar a audiência numa plataforma política e defender seu
governo de 2019 a 2023, além de criticar repetidamente o terceiro mandato
de Luiz Inácio Lula
da Silva (PT)".
A publicação
reportou que o ex-presidente do Brasil negou estar por trás de um plano de
golpe de Estado — embora tenha admitido ter participado de reuniões para
discutir "vias alternativas" para manter-se no poder após a derrota
nas eleições de 2022.
Entre essas opções,
lista o The Guardian, estavam a decretação de um estado de sítio. Mas Bolsonaro
reiterou durante a audiência que não havia "clima" ou
"oportunidade" para isso.
A publicação
britânica também chamou a atenção para a expectativa sobre o encontro frente a
frente de Bolsonaro com o ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O jornal lembrou
que o ex-presidente já chamou o juiz de "idiota" e
"canalha".
"Mas Bolsonaro
pediu desculpas a Moraes e a outros dois juízes por dizer durante uma reunião
que eles supostamente haviam recebido entre 30 e 50 milhões de dólares para
fraudar as eleições."
Por fim, o The
Guardian reforçou que essa é "a primeira vez que militares de alta patente
enfrentam um julgamento por tentativa de golpe de Estado no Brasil, um país que
enfrentou uma ditatura
sangrenta entre 1964 e 1985".
Já o Financial
Times (FT) descreveu Bolsonaro como um "nacionalista cristão aliado do
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump"
e destacou que ele pode "enfrentar décadas atrás das grades se for
considerado culpado".
A reportagem
considerou que as alegações sobre o suposto golpe de Estado planejado pelo
ex-presidente e seus apoiadores "abalaram a mais populosa democracia
da América Latina".
O FT também
observou que o interrogatório foi conduzido por Moraes, "ele próprio um
dos supostos alvos de planos de assassinato".
O jornal também
avaliou que Bolsonaro respondeu as perguntas de forma "bem-educada",
"em comentários às vezes confusos" para "defender a atuação de
seu governo e reiterar suas críticas antigas ao sistema eletrônico de votação
do Brasil".
A BBC News destacou
o fato de o ex-presidente ter classificado um golpe de Estado como algo
"abominável" em seu primeiro depoimento diante da corte.
"Bolsonaro
perdeu por pouco o segundo turno das eleições presidenciais em outubro de 2022
para seu rival de esquerda, Lula", diz a reportagem.
A BBC observou que
o ex-presidente "nunca reconheceu publicamente a derrota".
"Muitos de
seus apoiadores passaram semanas acampados do lado de fora dos quartéis do
Exército na tentativa de convencer os militares a impedir que Lula tomasse
posse como presidente, conforme previsto", complementa o texto.
Uma matéria
publicada pela Al-Jazeera contextualizou o trabalho de investigação da Polícia
Federal que levou a um relatório de 900 páginas, que serviu de base para a
acusação e o julgamento.
"Embora
Bolsonaro, um aliado próximo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
quando ambos estavam no poder, estivesse nos EUA na época [dos eventos de 8 de
janeiro em Brasília], os promotores argumentam que ele apoiou a violência,
chamando-a de 'última esperança' daqueles que buscam anular a eleição",
aponta a Al-Jazeera.
A publicação
lembrou que essa "é a primeira vez que um presidente brasileiro enfrenta
acusações de golpe de Estado desde o fim da ditadura militar em 1985".
"Bolsonaro,
que sempre expressou admiração por esse período [da ditadura], está impedido de
disputar eleições até 2030."
A Al-Jazeera
acrescentou que o ex-presidente "foi duramente criticado quando ele
liderou o Brasil durante a pandemia de covid-19, quando suas políticas de
desinformação contribuíram para o Brasil ter a maior taxa de mortalidade da
América Latina e a segunda maior do mundo, atrás apenas dos Estados
Unidos".
(Fonte: BBC)
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