Para ir de uma cidade a outra do Brasil, 96%
dos passageiros se deslocam pelas rodovias, de acordo com a Confederação
Nacional dos Transportes (CNT). A malha rodoviária, no entanto, abriga um risco
que atinge não apenas os viajantes, mas também os pedestres: a cada ano,
aumenta em 8,5% o número de acidentes. De 2004 a 2010, o crescimento chegou a
60%. Apenas no ano passado, foram 183,3 mil — 7 mil dos quais com mortes. As
ocorrências de trânsito letais — a maioria colisões frontais e atropelamentos —
ainda se concentram, proporcionalmente, em apenas quatro rodovias federais: a
BR-381, a BR-116, a BR-040 e a BR-101. Elas registraram juntas, em 2010, 2.792
ocorrências fatais, que resultaram em 3.359 mortes no trânsito. De acordo com a
PRF, o nível de periculosidade dessas pistas se mantém constante e, portanto,
transitar por elas exige atenção redobrada especialmente neste mês, quando o
fluxo de veículos aumenta em função das comemorações que marcam o fim do ano.
Ainda não é possível confirmar se o número de acidentes
nas rodovias federais em 2011 é relativamente maior do que o observado no ano
passado. Isso porque, segundo o chefe do Núcleo de Estatística da PRF, inspetor
Stênio Pires, o número de acidentes em dezembro pode ser pelo menos 20% maior
do que a média registrada no restante do ano — o de mortes 30%. “Em dezembro,
existe a soma de duas das maiores festas do país. Além disso, tem mais dinheiro
circulante entre a população. Ou seja, com mais festas e mais dinheiro, as
pessoas viajam mais. O registro de acidentes e mortes é sempre maior.”
O grande número de veículos não é o único fator
apontado para a ocorrência de acidentes. De acordo com a Confederação Nacional
do Transporte (CNT), as condições de tráfego nas rodovias brasileiras contribuem
para as tragédias. O relatório Pesquisa CNT de Rodovias 2011, divulgado no fim
de outubro, revela que 57,4% das rodovias federais estão em condições
classificadas como péssima, ruim ou regular. Os critérios utilizados para a
análise foram a pavimentação, a sinalização e a geometria da via. O estudo
também destaca o aspecto econômico dos acidentes. De acordo com a CNT, em 2010,
foram perdidos R$ 14,1 bilhões em acidentes rodoviários nas vias federais
policiadas — o montante representa 0,4% do PIB de 2010, volume superior ao
total investido em infraestrutura de transporte no mesmo ano. Os custos
associados aos acidentes incluem, por exemplo, atendimentos hospitalares, os
danos materiais aos veículos e os processos judiciais.
“O percentual da malha rodoviária com um grau
de deficiência ainda é muito grande. Existe o problema da manutenção da malha e
o resultado são rodovias mal dimensionadas”, reforça o diretor executivo da
CNT, Bruno Batista. O diretor afirma ainda que esses resultados acontecem mesmo
em detrimento do crescimento dos gastos nas rodovias federais — no ano passado,
esse investimento foi de R$ 10,9 bilhões, segundo o Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (Dnit). Seis anos antes, ficou em R$ 1,3 bilhões
(veja gráfico). “O problema é que, no ano em que o governo mais consegue
investir, não existem melhorias nas condições das rodovias. É sinal de que o
investimento já está se demonstrando insuficiente e a falta desse investimento
está gerando penalidades, que é o numero absurdo de acidentes e mortes nas
rodovias”, aponta Batista. Segundo o estudo divulgado pela CNT, o número de
pontos críticos — buracos grandes, erosão na pista, pontes caídas e quedas de
barreiras — aumentou de 109 para 219, de 2010 para este ano.
De acordo com o Dnit, no entanto, não seria
possível relacionar diretamente os indicadores de investimento e de acidentes. Por meio da
assessoria de imprensa, o órgão informou que o “aumento da frota” de veículos é
uma das explicações para o registro crescente das ocorrências. “Baseado nas
informações contidas nos boletins da PRF, menos de 1% dos acidentes têm como
causa os problemas da rodovia. As principais causas estão ligadas a imperícia,
imprudência e problemas mecânicos.” A PRF confirmou que, em 2010, o “defeito na
via” foi considerado responsável por 1,32% dos acidentes e por 1,02% das
mortes. (Correioweb)
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