segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

MATERIAL ESCOLAR: Continua como a cantiga da perua


Como ocorre todo começo de ano no Brasil, quem ainda tem filho na escola, principalmente na particular, está aterrorizado com a famigerada lista do material. Além das escandalosas variações de preços, há também o abuso em cima da ignorância dos pais sobre o que pode e o que não pode ser exigido pela escola.
Para piorar, praticamente não há para quem apelar, uma vez que a maioria dos políticos cruza os braços, já que muitos deles também são proprietários de colégios. Também pudera! Fundar estabelecimentos de ensino hoje no País tem sido a opção ideal para quem deseja enriquecer com mais facilidade. E mais: ainda se colocando como paladino da Educação. Tal estratégia também funciona como disfarce perfeito para promover a mercantilização do ensino de qualquer país, principalmente onde reina a conivência e a impunidade.

Repito: Mer-can-ti-li-za-ção. Para quem não sabe, esse é o nome que se dá à transformação do ensino em simples mercadoria como feijão, arroz, veículo, eletrodoméstico, etc., que é empurrada no freguês tendo como prioridade os interesses do vendedor.  Agravante: As leis do mercado passam a dominar as do ensino por força de uma criminosa parceria que envolve algumas autoridades do setor da Educação, a maioria dos donos de escolas, quase todas as editoras e muitos professores que se deixam corromper. Isso gera uma inversão muito perigosa: Antigamente, a Escola existia para servir o aluno; hoje, o aluno é que tem de existir que servir a Escola.

Diante disso, o ensino é repassado com o mínimo (ou nenhum) compromisso com a formação espiritual, social, ética e moral do estudante - esse delicado e complicado ser humano em formação.  E, de forma desonesta e contrária às diretrizes do Ensino e da Educação de verdade, os estudantes passam a ser considerados e tratados como meros depositários de conhecimentos, com os quais obtêm fácil aprovação em vestibulares e concursos. Fazendo isso, esses estudantes satisfazem o objetivo primeiro da maioria das escolas particulares que eles representam. Ou seja: dão a elas mais destaque, mais divulgação e, é claro, atraem mais clientes.

E até que se tenha a volta do ensino público de mais qualidade, essa questão permanecerá como a cantiga da perua: De pior a pior. Somente aqui e acolá a população encontra aliados no combate a esses desmandos. Vale destacar a luta quase solitária de segmentos da imprensa e dos órgãos de Defesa do Consumidor, dentre os quais, o IBEDEC (Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo) e outros mais. Incansavelmente eles têm repassado valiosas orientações para a população, visando a que seja dado um basta nessa rapinagem.

Acreditar nesses aliados, acioná-los mais, cada um fazendo sua parte, e deles cobrar resultados é o caminho mais curto e legal para acabar com essa vergonha nacional. Para dar um basta nessa imoralidade de alguns donos de escolas que continuam a usar o ensino no Brasil como mercadoria de enriquecimento fácil.

(LEIA TAMBÉM: O que pode e o que não pode ser  exigido pelas escolas. Acesse:
http://artemisiodacosta.blogspot.com/2012/01/material-escolar-o-que-pode-e-o-que-nao.html

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