Como ocorre todo começo de ano no Brasil, quem
ainda tem filho na escola, principalmente na particular, está aterrorizado com
a famigerada lista do material. Além das escandalosas variações de preços, há
também o abuso em cima da ignorância dos pais sobre o que pode e o que não pode
ser exigido pela escola.
Para piorar, praticamente não há para quem
apelar, uma vez que a maioria dos políticos cruza os braços, já que muitos
deles também são proprietários de colégios. Também pudera! Fundar
estabelecimentos de ensino hoje no País tem sido a opção ideal para quem deseja
enriquecer com mais facilidade. E mais: ainda se colocando como paladino da
Educação. Tal estratégia também funciona como disfarce perfeito para promover a
mercantilização do ensino de qualquer país, principalmente onde reina a
conivência e a impunidade.
Repito: Mer-can-ti-li-za-ção. Para quem não
sabe, esse é o nome que se dá à transformação do ensino em simples mercadoria
como feijão, arroz, veículo, eletrodoméstico, etc., que é empurrada no freguês
tendo como prioridade os interesses do vendedor. Agravante: As leis do
mercado passam a dominar as do ensino por força de uma criminosa parceria que
envolve algumas autoridades do setor da Educação, a maioria dos donos de
escolas, quase todas as editoras e muitos professores que se deixam corromper.
Isso gera uma inversão muito perigosa: Antigamente, a Escola existia para
servir o aluno; hoje, o aluno é que tem de existir que servir a Escola.
Diante disso, o ensino é repassado com o mínimo (ou
nenhum) compromisso com a formação espiritual, social, ética e moral do
estudante - esse delicado e complicado ser humano em formação. E, de forma desonesta e contrária às
diretrizes do Ensino e da Educação de verdade, os estudantes passam a ser
considerados e tratados como meros depositários de conhecimentos, com os quais
obtêm fácil aprovação em vestibulares e concursos. Fazendo isso, esses
estudantes satisfazem o objetivo primeiro da maioria das escolas particulares que
eles representam. Ou seja: dão a elas mais destaque, mais divulgação e, é
claro, atraem mais clientes.
E até que se tenha a volta do ensino público de
mais qualidade, essa questão permanecerá como a cantiga da perua: De pior a
pior. Somente aqui e acolá a população encontra aliados no combate a esses
desmandos. Vale destacar a luta quase solitária de segmentos da imprensa e dos
órgãos de Defesa do Consumidor, dentre os quais, o IBEDEC (Instituto Brasileiro
de Estudo e Defesa das Relações de Consumo) e outros mais. Incansavelmente eles
têm repassado valiosas orientações para a população, visando a que seja dado um
basta nessa rapinagem.
Acreditar nesses aliados, acioná-los mais, cada
um fazendo sua parte, e deles cobrar resultados é o caminho mais curto e legal
para acabar com essa vergonha nacional. Para dar um basta nessa imoralidade de
alguns donos de escolas que continuam a usar o ensino no Brasil como mercadoria
de enriquecimento fácil.
(LEIA TAMBÉM: O que pode e o que não pode ser exigido pelas escolas. Acesse:
http://artemisiodacosta.blogspot.com/2012/01/material-escolar-o-que-pode-e-o-que-nao.html
http://artemisiodacosta.blogspot.com/2012/01/material-escolar-o-que-pode-e-o-que-nao.html
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