Mais uma para aumentar a revolta do trabalhador brasileiro que já vive indignado com a gorda remuneração e outras “bondades” concedidas à classe política, que pouco trabalha e muito ganha. Dessa vez, um desembargador paulista argumenta não ver privilégio no fato de os magistrados terem direito a 60 dias de férias. Ele acredita que a regalia preserva a ‘sanidade mental do juiz’. Acompanhe reportagem do jornal Estado de São Paulo sobre o assunto.
O
novo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), desembargador Ivan
Ricardo Garisio Sartori, defende os dois meses de férias por ano, que ele e
toda sua classe desfrutam. "Eu não considero um privilégio", afirma
Sartori, que assume nesta segunda-feira o comando da mais importante e
influente corte do País, cidadela da resistência ao Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), Ricardo Garisio Sartori diz que "Se é justo ou não é justo
eu não posso dizer, a lei criou essas férias."
A
regalia está no artigo 66 da Lei Orgânica da Magistratura (Loman), de 1979,
resquício dos anos de exceção. "Não considero privilégio porque acho que
isso foi visto pelo legislador, o legislador tem sempre uma razão, a lei tem
sempre uma razão de ser", argumenta. "Considero um direito que a lei
previu, que vem em benefício do cidadão e, possivelmente, a razão, a ratio
legis, é a sanidade mental do juiz."
"Temos
inúmeros casos de problemas psicossociais de juízes", pondera.
"Transformaram a função jurisdicional numa função como outra qualquer, não
é assim, soltar processo como se solta pastel em pastelaria." O
desafio de Sartori, 54 anos, é um universo de 768,1 mil processos que tramitam
em segunda instância e mais 18,83 milhões espalhados por todos os fóruns da
capital e interior. Para gerir a rotina de um dos maiores tribunais do mundo,
com 360 desembargadores, dispõe de um orçamento de R$ 6,8 bilhões.
No
início da semana, ele desferiu duro golpe contra o CNJ ao afirmar que o
conselho deve observar o devido processo legal. "Se o Legislativo criou um
procedimento, se existe uma Constituição vamos respeitá-la. Sem que se siga
esses procedimentos vai sim se tratar de uma ditadura, vai se voltar aos tempos
da ditadura", disse na ocasião. Sartori
avalia que os 60 dias de descanso são fundamentais para o exercício da toga.
"Alguns acham justo, outros não. Existem outras funções que talvez
mereceriam, mas o fato é que isso é questão cultural, vem desde antes da Loman.
Eu tenho que isso seria uma forma de tornar a mente daqueles que julgam um
pouco mais saudável." Para ele, "a função de julgar é pesada".
"Você não desliga do processo, fica maquinando a noite inteira até
resolver. É uma situação bastante desgastante. Eu penso que para a saúde mental
dos magistrados foi criado esse sistema das duas férias por ano", reitera.

Nenhum comentário:
Postar um comentário