Não resta dúvida de que há interesse principalmente do governo
federal em tentar resolver o caos do sistema penitenciário brasileiro. O modelo
de cumprimento da pena praticado atualmente na maioria dos presídios vem produzindo
um efeito contrário ao desejado: o preso sai bem pior do que quando entrou. Em
vez de ressocializado, sai mais escolarizado e especializado no crime. O que não
se concebe é até agora ainda não tenha sido criada uma lei que também
responsabilize o preso por mais esse prejuízo. Uma lei que o obrigue a arcar
com as despesas de sua permanência numa “hospedagem” hoje paga pela população. Em
alguns países o presidiário tem de pagar.
A falta desse dispositivo legal tem dado respaldo ao preso ou detido (menor) para
depredar, tocar fogo e destruir quase tudo sem nenhuma preocupação porque sabe
que não cobrado e incomodado. Ele tem a certeza de que todo o prejuízo recairá
sobre o Estado, que termina arrecadando da sociedade. Por conta disso, vem crescendo
a cada dia a revolta do cidadão que procura cumprir as leis. O brasileiro que tenta
ganhar a vida com o trabalho honesto, pagando inúmeros e altíssimos impostos e não
tendo a retribuição que merece. Diante do que tenho visto, ouvido e lido deduzo
que a tolerância dos brasileiros a esse abuso já está chegando ao seu limite.
Que os legisladores também pensem nisso antes que seja tarde. E que dêem boa destinação às verbas enviadas pelo governo federal mencionadas na matéria abaixo, de responsabilidade da Agência Brasil.
O Ministério da Justiça vai investir R$ 4,2 milhões para ampliar o
número de vagas nas penitenciárias. Parte do dinheiro também vai ser investida
em ações para reduzir a reincidência criminal. Para que os estados tenham
acesso à verba, terão que apresentar ao Departamento Penitenciário Nacional
(Depen) propostas para a implantação de núcleos de Acompanhamento das Penas e
Medidas Alternativas e de Defesa dos Presos Provisórios.
A portaria publicada na sexta-feira (2) no Diário Oficial da União determina as regras para apresentação
de propostas. Os estados e o Distrito Federal têm até o dia 5 de abril para
enviar os projetos. De acordo com o Ministério da Justiça, o valor mínimo por
projeto é R$ 100 mil, somados os recursos do Fundo Penitenciário Nacional
(Funpen). A previsão é que, em até dois anos, os estados contemplados implantem
seus respectivos núcleos.
O Núcleo de Acompanhamento das Penas e Medidas Alternativas vai
promover a ressocialização dos presos. Uma equipe multidisciplinar, com
psicólogos, assistentes sociais e pedagogos, prestará atendimento psicossocial
aos presos para assegurar o cumprimento da sentença e avaliar se a punição está
surtindo o resultado esperado.
Já o Núcleo de Defesa dos Presos Provisórios vai colocar à
disposição do acusado não condenado uma equipe formada por psicólogos,
assistentes sociais e pedagogos. Os presos também serão orientados por
defensores públicos.
De acordo com o ministério, o objetivo do Depen é criar aparelhos
públicos que possam ser mantidos pelos estados mesmo após a execução dos
valores repassados. O departamento já repassou recursos para a implantação dos
núcleos aos estados do Acre, Ceará, Piauí, de Alagoas, São Paulo, Santa
Catarina, Minas Gerais, Pernambuco e da Bahia.
Atualmente, o número de presos provisórios no sistema prisional
chega a 218 mil, número que representa quase 40% do total de presos no país
(513,8 mil). Grande parte está presa por delitos passíveis de penas ou medidas
alternativas.
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