O governo federal lança amanhã (27), em Maceió (AL), a primeira
etapa de um programa piloto que visa enfrentar o crescente número de homicídios
entre jovens negros de todo o país. Intitulado Juventude Viva, a iniciativa é a
primeira etapa de uma ação mais ampla, o Plano de Prevenção à Violência Contra
a Juventude Negra.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 53% dos homicídios
registrados no país vitimam pessoas jovens. Destas, mais de 75% são negras.
Além disso, enquanto as mortes de jovens brancos caíram de 9.248, em 2000, para
7.065, em 2010, a morte de jovens negros cresceu de 14.055 para 19.255 no mesmo
período.
Em Alagoas, o programa irá complementar iniciativas que já estão
em curso, como o Programa Brasil Mais Seguro, do Ministério da Justiça. A
escolha do estado também se justifica porque a capital, Maceió, ocupa o segundo
lugar entre as cidades com o maior número de homicídios no país. Nesta primeira
etapa, além de Maceió, o Juventudo Viva também será testado em outras três
cidades alagoanas: Arapiraca, Marechal Deodoro e União dos Palmares. A meta do
governo federal é, a partir da experiência inicial, estender a iniciativa para
os 132 municípios mais violentos do país.
"O Juventude Viva representa um plano de enfrentamento à
mortalidade da juventude negra. Vai começar como uma experiência em Alagoas,
com os vários ministérios envolvidos desenvolvendo um conjunto de ações de
inclusão e contra a cultura de violência", explicou a ministra da Secretaria
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, logo após
participar, esta manhã, do programa Bom Dia,
Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da
Presidência da República em parceria com a EBC
Serviços - Também participou do
programa o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da
República.
Entre as iniciativas a serem desenvolvidas, a ministra mencionou a
adoção, pelas escolas estaduais, de aulas em período integral; a criação de espaços
culturais em territórios violentos e o estímulo ao empreendedorismo juvenil,
principalmente quando associado à chamada economia solidária. Além disso,
segundo a ministra, o programa também prevê ações de capacitação dos
profissionais que atuam com os jovens, especialmente dos policiais.
"Será extremamente importante o trabalho que faremos com as
forças policiais para que possamos ter um comportamento diferenciado dos
policiais em relação aos jovens, especialmente em relação ao jovem negro que,
por conta da discriminação racial, acaba sendo mais atingido por essa
violência", explicou a ministra.
O Juventude Viva, segundo a ministra, irá beneficiar não apenas
jovens negros entre 15 e 29 anos, mas toda a população das regiões contempladas
com iniciativas como a construção de espaços culturais.
"Pretendemos atingir os jovens negros, que, nos últimos anos,
são os que mais têm sofrido com esses altos índices de homicídios, mas, embora
o diagnóstico que conduza o programa leve em conta a população negra, seu
caráter é amplo. A instalação de uma praça de cultura em um bairro de maioria
negra faz toda a diferença para toda a população", acrescentou a ministra.
"Embora tenhamos experimentado, nos últimos anos, uma
melhoria dos indicadores sociais da população negra, temos ainda milhões de
jovens negros que estão fora da escola e do mercado de trabalho, sendo uma
população vulnerável às possibilidades de se envolver em situações violentas e
que tem a vida pouco valorizada, já que não está inserida em nenhum tipo de
rede social mais forte."
Coordenado pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial, da Presidência da República, o programa contará com a colaboração dos
ministérios da Cultura, Educação, Saúde, Trabalho e Esportes. (Ag. Brasil)
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