Os trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (ECT) aprovaram na noite desta terça-feira a deflagração de uma
greve, por tempo indeterminado, em pelo menos 18 estados e no Distrito Federal.
Conforme balanço parcial das assembleias repassado
pelo comando nacional da categoria, aprovaram a paralisação a partir desta
quarta-feira os trabalhadores dos Correios das seguintes unidades da
Federação: Alagoas, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso,
Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins. Em Minas Gerais
e no Pará, a categoria já havia iniciado a greve na semana passada.
Dos 35 sindicatos da categoria, dez ainda farão
assembleias entre hoje e o próximo dia 25. "A direção da empresa achou que
a greve nacional não sairia, mas se enganou. Os trabalhadores estão muito
insatisfeitos", disse Sebastião Cruz, integrante do comando nacional da
categoria. "Mesmo com os 21 dias de reposição e sete dias descontados em
folha em 2011, os trabalhadores não têm hoje outra alternativa senão a
greve".
A ação de dissídio coletivo, protocolada pela
empresa no Tribunal Superior do Trabalho (TST), terá uma primeira audiência de
conciliação às 10h30 desta quarta-feira. Na última sexta-feira, dia 14, o TST
negou o pedido de liminar formulado pelos Correios contra a greve, até então
localizada nos estados do Pará e de Minas Gerais.
"Após a postura da empresa (de acionar o TST),
a decisão pela greve tomou corpo no Brasil inteiro", disse o
secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR),
Luiz Antonio de Souza. "Os Correios não demonstram o mínimo interesse em
negociar com seus funcionários e tentam deixar a decisão da renovação do acordo para a Justiça".
A empresa sustenta que o índice de reajuste de 5,2%
oferecido aos trabalhadores garante o poder de compra e repõe a inflação do período.
"Uma paralisação traz prejuízos financeiros e de imagem para a empresa,
para a sociedade e para o próprio trabalhador", declarou a ECT horas antes
das assembleias, em seu blog institucional.
O comando de negociação reivindica 43,7% de
reajuste, R$ 200 de aumento linear e piso salarial de R$ 2,5 mil. Quatro
sindicatos dissidentes (São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins e Bauru), que se
desfiliaram da federação, reivindicam 5,2% de reposição, 5% de aumento real e
reajuste linear de R$ 100. O salário-base inicial de carteiros, atendentes
comerciais e operadores de triagem e transbordo é R$ 942.
Os Correios garantem ter um plano de contingência
para manter a prestação de serviços à população. Fazem parte do plano medidas
como a realocação de empregados das áreas administrativas, a contratação de
trabalhadores temporários e realização de horas extras e mutirões para triagem
e entrega de cartas e encomendas nos finais de semana.
"Somente os itens econômicos da pauta de
reivindicações dos sindicatos, se atendidos, gerariam acréscimo de até R$ 25
bilhões na folha de pagamento da ECT, que tem previsão de receita de R$ 15
bilhões para 2012", diz trecho de nota divulgada pela assessoria de imprensa
dos Correios. Maior empresa empregadora no regime da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), os Correios têm mais de 115 mil funcionários. Os trabalhadores
da empresa entregam, por dia, cerca de 33,9 milhões de objetos simples, 830,6
mil cartas registradas e 835,2 mil encomendas. (JB)
Nenhum comentário:
Postar um comentário