O
fonoaudiólogo pode ser caracterizado como o profissional que realiza programas
de readaptação das condições da linguagem - oral, escrita ou lida - fala, voz e
audição. Logo, o seu objeto de estudo é a comunicação humana, em todas as suas
formas, desde a infância até a idade adulta.
De
acordo com o Conselho Federal de Fonoaudiologia, há 38.753 fonoaudiólogos no
Brasil - a maior parte concentrada em São Paulo, onde estão 11.920 deles. E a
tendência é que cresça nos próximos anos - para especialistas, o mercado para o
profissional está em ascensão com a expansão do seu campo de atuação, que vai
alcançando áreas mais complexas e acompanhando o desenvolvimento de novos meios
de comunicação.
A
professora Cláudia Graça, do curso de graduação de Fonoaudiologia da Faculdade
de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que o
fonoaudiólogo pode atuar nas áreas da promoção de saúde, da prevenção da
comunicação humana e da reabilitação. Para ela, uma das principais áreas da
Fonoaudiologia atualmente é a da voz - tanto cantada quanto falada.
- A voz
é um instrumento de trabalho para muitas pessoas - cantores, no caso da
cantada, e professores, por exemplo, no caso da falada. Se usada em excesso, é
pago um preço alto. Nesse caso, o trabalho do fonoaudiólogo é estudar como
manter a qualidade da voz, apesar do uso abusivo, e levar o sujeito a uma
mudança de comportamento para melhorar a sua qualidade de vida - do ponto de
vista social e profissional - explica.
Além
disso, Cláudia também destacou as áreas da audição, da linguagem, da
motricidade e da oncologia.
-
Existe um trabalho muito forte na área de pessoas que tiveram que retirar a
laringe - órgão nobre da produção vocal - por conta de um câncer. Se há alguns
anos as pessoas não podiam mais falar, hoje, através da Fonoaudiologia, existe
a possibilidade de essas pessoas voltarem a ter uma articulação da voz. A área
de audição também é muito forte, tanto na reabilitação de quem colocou implante
coclear e aparelhos auditivos até a saúde do trabalhador. Existem vários
métodos de terapia para os deficientes auditivos, dependendo do que querem. As
áreas da linguagem - que ajuda as pessoas que perderam a capacidade de se
comunicar - e da motricidade - que reabilita funções da respiração, mastigação
e deglutição, por exemplo - também são muito importantes - diz.
A
professora Solange Iglesias de Lima, coordenadora-geral de Extensão
Universitária, Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da
Universidade Veiga de Almeida (UVA), destaca que o fonoaudiólogo, cuja
profissão foi regulamentada em 1981, pode atuar no âmbito privado ou público,
seja em escolas, hospitais, centros de referência ou consultórios.
- A
importância do fonoaudiólogo está em facilitar as necessidades da população em
relação à prevenção ou clínica dos problemas de interação verbal, das
impossibilidades de alimentação por via oral, das dificuldades apresentadas na
aquisição e desenvolvimento de leitura e escrita motivadas por problemas
linguísticos-cognitivos, das habilidades auditivas e das modificações vocais
orgânicas ou funcionais - explica.
Futuro
- Para Solange, os campos mais promissores para os
próximos anos são os da Fonoaudiologia Hospitalar - oncológica ou neurológica
em ambientes com alta complexidade, como UTIs adulto e pediátrico - e da
audiologia.
- Em
ambos os segmentos há uma forte e decisiva participação do fonoaudiólogo na
equipe interprofissional. No caso da audiologia clínica ou ocupacional, diante
das tendências tecnológicas inovadoras, há uma forte expansão dos recursos
diagnósticos e preventivos - afirma.
Cláudia,
por sua vez, também destacou como promissora a área de trabalho com pessoas
idosas, que tende a crescer por conta do envelhecimento da população, da
reabilitação - cada vez mais especializado - e da educação.
- O
envelhecimento causa vários danos, como o Mal de Alzheimer e Doença de
Parkinson. O trabalho do fonoaudiólogo, nesse caso, é tornar a qualidade de
vida melhor na interação com o outro. Trabalhamos a área da memória, da
estimulação da fala e da convivência social, o que acaba retardando essas
doenças. Já a área da educação consiste em levar informação para a comunidade
para que as pessoas evitem ficar doentes e conhecer melhor a Fonoaudiologia -
diz.
Mercado
de trabalho - De acordo com Solange, em todas as
épocas, sempre houve um grande crescimento da profissão - e não somente nos
grandes centros urbanos. A professora explica que a constatação pode ser
observada pelo número de vagas em concursos públicos, que, no entanto, diz que
ainda são insuficientes para atender a toda a população. Além disso, ressaltou
que é fundamental a capacitação constante do profissional, seja através de
formação em pós-graduação como em mestrados, doutorados e pós-doutorados. Para
ela, o mercado para o fonoaudiólogo está aquecido, que hoje é um membro efetivo
dos ambientes clínicos, hospitalares, escolares e da docência superior.
Já
Cláudia acredita que o fonoaudiólogo deve ter um espírito empreendedor, e que,
quanto mais meios de comunicação são criados, mais oportunidades de trabalho
são criadas. Além disso, defende que o profissional deve ser híbrido, e fazer
cursos além da graduação.
- É
necessário haver uma mestiçagem de conhecimento. Misturar e interagir com
outras áreas de conhecimento. Dessa forma, o profissional terá um lugar no
mercado garantido, podendo trabalhar em diversos lugares - desde uma operadora
de telemarketing até asilos - afirma. (Jornal Extra - Rio de Janeiro)
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