
"Nós não podemos encobrir" atos de
padres pedófilos e "aqueles que os acobertam são culpados, incluindo
alguns bispos", ressaltou o Papa em uma coletiva de imprensa no avião que
o trouxe dos Estados Unidos.
"Os abusos sexuais ocorrem em toda parte: no ambiente
doméstico, vizinhança, escolas, recintos desportivos", lembrou o pontífice
argentino.
"Mas quando um padre comete um abuso, é muito grave, porque o
seu objetivo é fazer a criança crescer, no amor de Deus, em direção à
maturidade emocional, para o bem", acrescentou.
Domingo, na Filadélfia, o Papa recebeu vítimas de atos de
pedofilia e declarou aos bispos americanos: "Deus chora. Os crimes e
pecados de abusos sexuais de crianças não devem continuar a ser mantidos em
segredo" e os responsáveis "vão responder por seus atos".
"Eu falei duramente", disse então no avião.
Perdão - Dias antes, em Washington, ele atraiu a ira de
organizações de vítimas por expressar sua "compaixão" para com os
bispos americanos.
"Eu falava a todos os bispos dos Estados Unidos e senti a necessidade
de expressar a minha compaixão por uma coisa horrível: muitos deles sofreram,
eles não sabiam", explicou.
No entanto, ele disse compreender aqueles que não querem perdoar:
"Uma vez, uma mulher me disse: 'Quando minha mãe descobriu que eu tinha sido
abusada, ela blasfemou contra Deus, ela perdeu a fé e morreu ateia".
"Eu entendo esta mulher, e Deus, que é melhor, compreende
também. Tenho certeza de que Deus a acolheu. Porque o que foi destruído foi a
sua própria carne, a carne de sua filha. Eu não julgo alguém que não pode
perdoar", declarou.
Escândalo - O escândalo dos padres pedófilos contribuiu
grandemente para desacreditar a Igreja Católica. Os casos envolvendo dezenas de
milhares de crianças revelados ocorreram, essencialmente, entre os anos
1960-1980.
Dezenas de bispos também se recusaram a ouvir as queixas das
vítimas e protegeram os padres acusados. No
início de junho, o Vaticano criou uma nova instância para julgar os bispos que
são culpados de acobertar padres pedófilos. (G1)
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