
A Amazônia Brasileira
ocupa 5.215.423 km2 (61% do território brasileiro). Para se ter uma ideia da
extensão territorial, na Amazônia Legal, que é a área de atuação da SUDAM,
caberiam sete países do tamanho da França e só a Ilha de Marajó comportaria um
país do tamanho da Bélgica (Fig. 1).

Os grandes problemas da Amazônia Brasileira são a
ocupação desordenada, a migração de pessoas de diferentes culturas do Brasil e
até de outros países para aquela região, o desflorestamento descontrolado, com
riscos de desertificação, a cobiça internacional, além de ser a região de mais
difícil gestão em termos de saúde e de educação.
Inicialmente a bacia amazônica era um mar, limitado
ao Norte pelo Escudo das Guianas e ao Sul pelo Escudo do Brasil Central,
formando um golfo. O golfo amazônico abriu-se inicialmente para o Oceano
Pacífico fechado do lado do Atlântico pelo “Escudo Africano”; com a separação
dos continentes e o rebaixamento do Oceano Atlântico e levantamento da
Cordilheira dos Andes, os rios amazônicos passaram a correr para o Oceano
Atlântico. Até hoje, se cavarmos 300 metros no Rio Amazonas, vamos encontrar o sedimento
marinho.
Em realidade não temos somente uma Amazonas, mas
sim três: 1) A floresta pantanosa (Igapó); 2) A floresta de várzea e 3) A
floresta de terra firme. A população da Amazônia Brasileira é mesclada de
indígenas com brasileiros de outras regiões, principalmente do Nordeste,
formando “os caboclos”, que constituem a maioria da
população.
Há mais de 100 anos conhecemos bem a Amazônia.
Entre 1910 a 1912, Oswaldo Cruz fez o saneamento da estrada Madeira-Mamoré,
cuja construção era barrada pela malária. Oswaldo Cruz controlou a malária na
Madeira-Mamoré, controlou a Febre Amarela em Belém do Pará e saneou a cidade de
Manaus. De 1912 a 1913 Carlos Chagas visitou 27 localidades da Amazônia e fez o
famoso relatório sobre as condições sanitárias da Amazônia. Olympio da Fonseca,
Pesquisador de Manguinhos e que foi Presidente da Academia Nacional de
Medicina, criou em Manaus o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)
entre 1956 e 1958.
Em 1994 a Fiocruz criou um escritório técnico, que se transformou
em Centro de Pesquisa em 2001, em Manaus e em 2007 a Fiocruz criou um Instituto
de Pesquisa em Porto Velho, Rondônia (IPEPATRO). Em 1991 o Prof. Coura, começou
a levar os alunos de pós-graduação para o Amazonas e em 1997 instalou um
Laboratório de Campo em Barcelos, às margens do Rio Negro, como extensão do
Departamento de Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz, onde hoje se faz
pesquisa em Malária, Doença de Chagas, Helmintíases e outras Doenças Tropicais.
Nessa extensão foram formados uma dezena de mestres e doutores em Medicina
Tropical.

Em 2002, o Prof. Coura com equipe de pesquisadores
da Fiocruz, apresentou uma proposta de um sistema de saúde para a Amazônia
Brasileira, incluindo a formação de Agentes de Saúde, Postos de Saúde para a
atenção primária, Unidades Mistas para atenção secundária, Hospitais de Base
para atenção terciária e Navios Hospitais com aviação embarcada (Helicópteros
com Agentes de Saúde devido às grandes distâncias para atender as emergências
ou transportar os doentes e acidentados). Finalmente um Sistema de Comunicação
SIVAM/CIPAM com as Unidades de Saúde propostas. A figura-2 resume a proposta
apresentada.
Foram ainda apresentadas as dificuldades do sistema
de educação devido à distância para os centros urbanos e a dispersão da
população no interior, dificuldades do transporte fluvial e professores mal
preparados e mal pagos. Por outro lado, as culturas diversas da população, o
analfabetismo e a falta de integração dos programas de ensino, foi proposto:
barcos escolas itinerantes, engajamento das universidades estaduais para
descentralização e finalmente um projeto educacional levando em consideração a
realidade amazônica, utilizando o método Paulo Freire (proposta para
alfabetização de adultos).
Finalmente, foram discutidos os riscos e
perspectivas de novas endemias e doenças tropicais na Amazônia Brasileira. A
palestra foi longamente discutida por diversos Acadêmicos e convidados
presentes a um anfiteatro lotado. O Presidente Francisco Sampaio perguntou o
que aconteceu com a proposta do engenhoso Sistema de Saúde proposto por ele e
sua equipe em 2002 e o Prof. Coura explicou que não foi implantado pelo
governo, perdendo-se mais uma vez a possibilidade de atenção a uma população
tão desassistida como a da Amazônia. (Jornal do Brasil)
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