Poucas bebidas (exceto, talvez, o chá e
o café) dividem o mundo de maneira tão radical quanto a cerveja e o vinho.
Gostos à parte, as duas apresentam diferença sutis na maneira como afetam o
organismo e a saúde.
A BBC Future peneirou as evidências
recolhidas por vários estudos científicos para tentar derrubar alguns dos mitos
que cercam as duas bebidas. Sirva-se.
Qual embriaga mais rapidamente? - Uma pint de
cerveja (665 ml) e uma taça média de vinho (175 ml) possuem praticamente o
mesmo teor alcoólico. No entanto, a embriaguez ocorre quando esse álcool passa
para a corrente sanguínea. E a velocidade com que isso acontece varia com cada
bebida.
Mack Mitchell, da Faculdade de Medicina
da Universidade do Texas, recentemente fez um experimento no qual pediu para um
grupo de 15 homens ingerirem diferentes bebidas em dias distintos. Ele se
certificou que o conteúdo alcoólico era compatível com o peso corporal de cada
voluntário e monitorou para que a bebida fosse consumida no mesmo intervalo de
20 minutos.
Em um resultado pouco surpreendente, os
destilados foram os que entraram na corrente sanguínea mais rapidamente. Em
seguida, vem o vinho (que chega a um pico de saturação no sangue 54 minutos
depois de ingerido), e a cerveja (que leva 62 minutos no mesmo processo). Em
outras palavras, uma taça de vinho “sobe” mais rapidamente que uma pint de cerveja.
CONCLUSÃO: A cerveja é uma aposta mais certeira para
se evitar vexames.
Qual engorda mais? - À
primeira vista, a ideia da “barriga de cerveja” parece ser verdade. O próprio
álcool já é rico em calorias, sem contar todos os açúcares que tornam essas
bebidas tão saborosas.
Com 180 calorias, uma pint de cerveja
tem 50% mais conteúdo energético do que uma taça pequena de vinho – o
suficiente para ajudar a acumular uns quilinhos. Mas para quem bebe
moderadamente, as diferenças tendem a ser bem pequenas. Uma recente revisão de
dezenas de estudos, realizada por especialistas do Instituto de Pesquisa de
Ontário, no Canadá, concluiu que nem os apreciadores do vinho nem os da cerveja
tendem a engordar a curto prazo.
Os autores notaram, no entanto, que a
pesquisa mais longa durou apenas dez semanas. Ou seja, elas podem ter deixado
de registrar uma pequena alteração de peso – até mesmo 1 quilo ganho nesse
período pode significar um acúmulo radical de 25 quilos em um período de cinco
anos.
CONCLUSÃO: As diferenças são
pequenas, mas o vinho sai em ligeira vantagem ao engordar um pouco menos.
Qual dá a pior ressaca? - Apesar
de seus esforços, cientistas ainda precisam entender melhor o mais incrível
inimigo de quem bebe: a ressaca. Ainda não compreendemos totalmente as suas
causas.
A desidratação parece ser um fator
importante (o álcool faz com que eliminemos mais líquidos do que ingerimos).
Mas o problema também pode ser provocado por subprodutos da fermentação.
Chamadas de congêneres, essas moléculas
orgânicas dão a cada uma das bebidas seu sabor e aroma únicos, mas também podem
ser tóxicos para o organismo, resultando na sensação de cabeça latejando e nos
enjoos que normalmente sucedem uma noite de excessos.
A crença geral é de que as bebidas mais
escuras são as que contêm mais congêneres. Mas na realidade, as evidências
disso ainda são duvidosas. Apesar de alguns destilados escuros, como o bourbon,
produzirem uma ressaca mais intensa do que a vodca, por exemplo, os diferentes
tipos de cerveja e de vinho não parecem atuar de maneira significativamente distinta,
de acordo com pesquisa da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston.
CONCLUSÃO: Muito duvidoso para bater o martelo
definitivamente.
Qual é melhor para a saúde? - Sempre
ouvimos falar que uma taça de vinho por dia ajuda a “rejuvenescer” o corpo,
reduzindo o risco de doenças cardíacas, pressão alta e diabetes. Esses
benefícios viriam dos chamados polifenóis (encontrados principalmente no vinho
tinto), que aliviam inflamações e combatem os radicais livres.
Já a cerveja nunca está muito presente
nesses boletins de saúde. Mas um estudo da Universidade de Barcelona, na
Espanha, indica que a bebida também contém uma dose razoável de polifenóis e
parece oferecer certos benefícios, comparáveis aos do vinho branco (mas menos
que o tinto). Obviamente, nenhum deles dá sinal verde a excessos.
CONCLUSÃO: O vinho tinto ganha de longe, mas a
cerveja pode ser melhor do que outras bebidas alcoólicas.
VEREDITO FINAL:
Quando se trata de benefícios
para a saúde, o vinho se mostra um melhor “remédio”. No entanto, fãs da cerveja
podem ao menos dizer que sua bebida favorita tem uma história mais ilustre.
Alguns antropólogos sugeriram recentemente que nosso apreço pela cerveja pode
ter dado origem à atividade agrícola e, por isso, à própria civilização. Nada
mal para se pensar da próxima vez que se sentar em um bar com amigos.
(Fonte: BBC)
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