JOSÉ MARIA
SOARES
No momento em que se comemora neste sábado (7) mais um
Dia Nacional do Radialista, em âmbito local a figura de José Maria Capote
Soares desponta de imediato na mente de familiares, colegas e dos admiradores
da radiofonia de boa qualidade. Zé Maria e Francisco Marques dos Santos - Marcos
da Cruz (1928-2012) se transformaram nos principais pilares nos quais se
apoiaram e ainda se apoiam os que fizeram e os que continuam a fazer a história
da radiofonia em Sobral. É impossível escrever a história do rádio local sem
iniciar pela destes dois grandes sobralenses.
Filho de dona Isolina e Francisco Hemetério Soares,
o radialista e jornalista José Maria Capote Soares nasceu em Sobral no dia 5 de
maio de 1925. Era casado com Maria de Lourdes Coelho Soares, com quem teve
Maria das Graças e Hemetério Neto. Estudou as primeiras letras em sua terra na
escola do professor Luiz Felipe e se formou em Contabilidade na Escola Técnica
de Comércio Dom José. Trabalhou como guarda-livros das empresas P. Frota &
Irmão e Frota Gentil de Sobral Ltda., tendo-se aposentado como funcionário da
Companhia de Eletrificação do Ceará (COELCE). Mas predominou como atividade
principal a comunicação.
Segundo Zé Maria, a vocação para o rádio começou
nos tempos de criança quando ajudava seu pai, que era gerente da Rádio Coluna
Imperator. Era o serviço de amplificadoras criado por Falb Rangel na Praça São
João. “Quando eu falava alguma coisa no ar, chegavam a perguntar se era voz de
mulher”, comentava José Maria Soares para justificar que iniciou no microfone
quando ainda nem tinha voz para tanto. Graças à sua desenvoltura, a seu
interesse e à incessante busca por mais conhecimentos, com o tempo foi
convidado para trabalhar com os proprietários da Rede Iracemista de Emissoras
Cearenses.

A partir daí passou a empreender um intenso
trabalho para dar boa qualidade e impulso imediato ao novo meio de comunicação
que se instalava na cidade. Não poupou esforço físico, nem criatividade para
driblar todas as adversidades, quer de ordem técnica, financeira ou de mão de
obra qualificada ainda carente na região.
Diante disso, teve de desempenhar as funções de
empresário, produtor, técnico, publicitário, apresentador e, acima de tudo, de
professor. Por sua batuta passou a maioria dos profissionais que brilharam ou
continuam brilhando no rádio da região e até nacional. Foi responsável pela
orientação e formação de grande número de comunicadores, sempre priorizando o
zelo pela ética, excelência profissional e respeito ao ouvinte. A comprovação
está no sucesso da maioria deles, na eterna gratidão expressa por seus inúmeros
discípulos e na forma carinhosa com que os antigos alunos, e depois
colaboradores, se referem ao saudoso mestre.
Como apresentador, dentre os programas que comandou
o mais famoso foi o Grande Jornal Sonoro H 22, que era apresentado às 21h, de
estrondoso sucesso durante muitos anos. “Era uma espécie de Jornal Nacional
(TV) dos dias de hoje”, comparava Zé Maria. Quanto às alegrias no rádio,
destacava o fato de ter trazido para Sobral, através do Show Vigorelli, uma
caravana com mais de 40 artistas famosos da MPB, dentre os quais, Nelson
Gonçalves, Luiz Gonzaga, Ângela Maria, Carlos Galhardo, Gregório de Barrios,
além de grandes orquestras, como a Tabajara (Severino Araújo), Românticos Del Caribe
e outras, atraindo grande público de toda a região. Sobre as tristezas no
microfone, assegurava que a maior delas foi a de ter de noticiar quase na mesma
hora o falecimento de Dom José Tupinambá da Frota, a quem muito admirava e de
quem era muito amigo.
Casamento da neta Márcia com Dr, Fabríolo
José Maria Soares foi considerado o maior
apresentador de shows e mestre de cerimônias de Sobral, tendo sido muito
requisitado para abrilhantar Festas de Miss, de Debutantes, de Colação de Grau
e outros eventos. Seu trabalho foi também requisitado inúmeras vezes na
capital cearense e em outras localidades. Na imprensa escrita foi assíduo
colaborador de importantes jornais de Fortaleza e dos desta cidade, destacando
sempre os mais importantes acontecimentos políticos e sociais. Neste semanário
foi responsável pela coluna social durante muitos anos.
“O Papa do Rádio sobralense”, como ainda é
carinhosamente chamado, teve uma vida de homem íntegro, de admirável espírito
cristão e de refinada educação. Por seu incansável trabalho em prol da
comunicação interiorana José Maria Soares foi merecedor de farto
reconhecimento, muitas comendas e diversos títulos concedidos pelas mais
respeitadas entidades culturais de Sobral e do Estado do Ceará. É membro da
Academia Sobralense de Estudos e Letras (Cadeira nº 11); recebeu homenagem da
Câmara Junior, Lions, Rotary, Irmandade do Santíssimo Sacramento, Guarany
Sporting Club e Maçonaria; O Centro Cultural Dom José instituiu o Troféu que
leva seu nome; foi agraciado com o Troféu José Limaverde como melhor radialista
de Sobral e também recebeu o Troféu Comunicador do Século. Foi membro destacado
e respeitado na Associação Cearense de Imprensa (ACI), além de muitas outras
honrarias a que fez jus.
Durante a vida o
radialista José Maria Soares acumulou vasto e valioso acervo, que consta
de 8.030 unidades (fotos, fitas cassetes, fitas de vídeo, discos etc.). Todo
esse material foi doado por sua família ao Museu Dom José de Sobral e hoje está
à disposição da população.
José Maria Capote Soares faleceu no dia 17 de julho
de 2003, no Hospital do Coração de Sobral, e acha-se sepultado no Cemitério São
José desta cidade. Cumprindo desejo seu, a família doou seu valioso acervo
fotográfico e fonográfico ao Museu Diocesano Dom José deste município, onde foi
criada uma Sala em sua homenagem. Já a esposa, Maria de Lourdes Coelho Soares, faleceu em Sobral no dia 13 de junho de 2014 e acha-se sepultado onde já repousava José Maria Soares.
Na opinião de Artemísio da Costa, radialista e
colunista deste Semanário (Poucas & Boas), discípulo e amigo do saudoso
comunicador, a Câmara de Vereadores e a Prefeitura de Sobral estão demorando
muito a quitar seu débito de reconhecimento e gratidão para com Jose Maria
Soares:
“Ao contrário de alguns sobralenses que têm sido
fartamente lembrados e homenageados, alguns apenas por terem parentesco com
políticos, o amigo Zé Maria continua quase em total esquecimento. É mais que
justo perpetuar o nome do célebre comunicador em um dos logradouros (bairro,
avenida, rua ou praça) da terra que ele tanto amou, defendeu e enalteceu.
Detalhe: Que o
local que for recebeu seu nome seja realmente proporcional àquilo que o mestre
Zé Maria fez por Sobral. E não um beco, travessa ou ruela qualquer num bairro
qualquer da cidade. O problema é aparecer um político que, pelo menos, levante
a voz quanto a esse vergonhoso descaso que já persiste há 13 anos. No espaço de
que disponha na imprensa local e no bate-papo do quotidiano, continuarei
fazendo a minha parte, reiterando a ideia e cobrando providências a quem de
direito. E garanto que quem aproveitar a sugestão e torná-la realidade receberá
meu total apoio, meu aplauso e meus agradecimentos em nome do companheiro e de
sua família”, conclui Artemísio da Costa.
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