A polícia catalã ainda procura
pelo motorista da van que atropelou várias pessoas no calçadão mais famosos de
Barcelona na tarde de quinta-feira, matando 13 pessoas e deixando pelo menos
uma centena de feridos. Houve ainda um morto em Cambrils, a pouco mais de 100
quilômetros de Barcelona.
O premiê espanhol, Mariano Rajoy, anunciou
três dias de luto nacional. O ataque é o último de uma série de atentados
semelhantes ocorridos nos últimos 13 meses em diferentes cidades europeias,
como Nice, Berlim, Londres e Estocolmo.
A van avançou contra pedestres em ziguezague
na avenida Las Ramblas; a polícia classificou o episódio como ataque
terrorista. O motorista escapou e não se sabe ainda se ele estava entre os
cinco suspeitos mortos pela polícia em outro incidente ocorrido na madrugada
desta sexta-feira em Cambrils.
O ataque de Barcelona é o pior atentado do
tipo na Espanha desde que 190 pessoas morreram nos ataques a bomba em trens de
Madri, em 2004. Segundo a polícia, há relação entre o ataque com a van em
Barcelona, os suspeitos mortos em Cambrils e uma explosão em uma casa em
Alcanar na noite de quarta-feira.
O premiê espanhol, Mariano Rajoy, afirmou pelo Twitter
que "os terroristas nunca derrotarão um povo unido que ama a liberdade
frente à barbárie. Toda a Espanha está com as vítimas e (suas) famílias".
Na manhã desta sexta-feira, o policiamento
foi reforçado nas Ramblas; turistas e moradores voltaram a trafegar pelo local. Veja o que se sabe até agora:
O que aconteceu em Barcelona? - O ataque começou às 16h50 hora local (11h50
no horário de Brasília). Testemunhas descreveram que viram uma van
branca ziguezagueando em alta velocidade na área de pedestres, deliberadamente
atingindo pessoas, atirando muitas ao chão e fazendo com que outras fugissem
para se proteger em lojas e cafés.
A agência de proteção civil espanhola
informou que as vítimas são de pelo menos 24 países, entre eles Espanha,
França, Alemanha, Holanda, Argentina, Venezuela, Bélgica, Austrália, Hungria,
Peru, Romênia, Irlanda, Grécia, Cuba, Macedônia, China, Itália, Argélia. O
Itamaraty informou que não há brasileiros entre as vítimas.
A van atropelou pessoas por um trecho de cerca de 500
metros na avenida Las Ramblas - um calçadão que cruza 1,2 km pelo centro de
Barcelona - antes de parar na frente de um famoso mosaico do artista Joan Miró. O calçadão é popular entre turistas por causa de suas
lojas, bares e restaurantes.
Quem realizou o ataque de Las Ramblas? - O chefe da polícia local, Josep Lluís Trapero, disse que
o motorista da van continua foragido, identificado pela mídia espanhola como
Moussa Oukabir, de 18 anos. Ele é irmão do marroquino Driss Oukabir, uma das
quatro pessoas presas por ligação com o incidente. Outro preso é do enclave
espanhol de Melilla, no norte da África. A polícia não divulgou informações
sobre as outras duas pessoas detidas.
A rede de televisão pública da Espanha RTVE informou que
o veículo usado no ataque foi alugado na cidade. A polícia divulgou uma foto do
homem que supostamente alugou a van, porém, a imprensa local informou que o
jovem - identificado como Driss Oukabir - se entregou à polícia dizendo que
seus documentos tinham sido roubados e usados sem o seu conhecimento.
Uma segunda van ligada ao ataque foi
encontrada na pequena cidade de Vic, ao norte de Barcelona, disseram as
autoridades. O Estado Islâmico afirmou que os autores do
atentado seriam "soldados" seus, de acordo com uma agência ligada ao
grupo extremista. No entanto, não apresentou nenhuma prova.
O que aconteceu na cidade de Alcanar? - As autoridades disseram que havia uma ligação
do ataque em Barcelona a uma forte explosão ocorrida na quarta-feira à noite na
cidade de Alcanar, a cerca de 200 km ao sul de Barcelona, que destruiu uma
casa, deixando uma mulher morta e sete feridos.
A casa estava cheia de garrafas de propano e
butano, informou o jornal espanhol El País. A imprensa local diz que as pessoas que
ocupavam a casa supostamente preparavam explosivos.
O que ocorreu em Cambrils? - Na madrugada desta sexta-feira (noite de quinta-feira no
Brasil), a polícia da Catalunha informou que matou cinco suspeitos em uma
operação para impedir um possível atentado em Cambrils, uma cidade turística a
120 km de Barcelona.
"Trabalhamos com a hipótese de que os
fatos de Cambrils se referem a um ataque terrorista. Abatemos os supostos
autores", comunicaram os Mossos d'Esquadra, como é conhecida a polícia
catalã, em sua conta no Twitter.
Neste episódio, o carro com os homens - que usavam
cintos-bomba falsas - tinha atropelado civis antes de ser parado a tiros pela
polícia. As autoridades informaram que sete pessoas foram feridas, entre elas
um policial, e uma das vítimas, uma mulher, morreu. Com isso, somam-se 14
mortos de civis em Cambrils e Barcelona.
Fontes policiais citadas pela Televisión Española
disseram que os suspeitos mortos teriam tentado realizar um ataque de
atropelamento em um calçadão turístico de Cambrils semelhante ao de Barcelona.
Os Mossos afirmaram no Twitter que "os
terroristas abatidos em Cambrils estariam relacionados com os fatos registrados
em Barcelona e Alcanar". Segundo o chefe de polícia Javier Zaragoza,
os envolvidos nos ataques de Barcelona e Cambrils não tinham antecedentes
criminais.
O que as pessoas viram em Barcelona? - Marc Esparcia, estudante de 20 anos que vive na cidade e
estava próximo ao local do ataque, disse à BBC: "Houve um barulho forte e
todo mundo correu para se proteger. Havia muitas pessoas, muitas famílias, esse
é um dos locais mais visitados de Barcelona".
"Acho que muitas pessoas foram
atingidas. Foi horrível, houve pânico. Terrível", afirmou o estudante, que
ficou abrigado em uma loja Starbucks nas redondezas.
O americano Tom Markwell havia acabado de
descer do táxi em Las Ramblas quando o ataque ocorreu. Ele disse ter ouvido a
multidão gritar "como se tivesse visto uma estrela de cinema".
"Eu vi a van, já com o capô batido. Ela estava
ziguezagueando, tentando atingir as pessoas o mais rápido que conseguisse.
Havia pessoas no chão".
A turista galesa Jessica Tanner estava em Las Ramblas
momentos antes do ataque. "Estávamos tirando fotos por onde a van
passou", contou à BBC.
"Minutos mais tarde ouvidos um barulho
enorme atrás de nós e pessoas gritando e chorando. Nós corremos com a multidão
e nos escondemos num loja".
"De início, todo mundo estava rezando
para que fosse um acidente de carro. Estávamos aterrorizados". (BBC)
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