Quer bons exemplos?
Sem dúvida, neste espaço você já poderá ter lido este texto ou
algo parecido. É possível que leitores assíduos da Coluna até julguem que a
repetição tenha sido falha do autor ou da Redação. Outros, quem sabe, me
diagnosticarão portador de “preguicite aguda”. Mas nada disso aconteceu: a
republicação do texto com poucas modificações foi proposital. Primeiro, por ser
o tema atualíssimo; segundo, pela aproximação do Dia da Consciência Negra e,
terceiro, por insistir para que haja mais reconhecimento e divulgação dos bons
exemplos do passado e do presente. E, daqui, volto ao texto anterior.
Pais mais conscientes e preocupados com filhos persistem em
discutir sobre alguns ídolos apresentados à nossa juventude. Lamentam o fato de
os brasileiros em formação carecerem demasiadamente de boas referências, de
figuras que possam contribuir na descoberta de vocações e que colaborem no
direcionamento de suas vidas. Chegam a citar, ainda, o desinteresse desta
garotada em aprofundar a busca desses vultos, subutilizando, inclusive, o que
nos possibilita a Internet.
Mas será mesmo pequena a quantidade de bons exemplos no País? O
desinteresse em procurá-los, descobri-los será apenas dos jovens? E qual a
influência da mídia nesse questionamento?
Creio que, procurando, ainda são encontrados muitos bons exemplos
em todos os segmentos da sociedade. Estimular essa busca compete à família, que
se deve munir de conhecimento da vida e obra dos grandes vultos do passado e do
presente dignos de mais reconhecimento e divulgação. Por outro lado, pais,
educadores e formadores de opinião deveriam demonstrar de forma clara a
diferença entre os verdadeiros e os falsos exemplos. Devem insistir no
desmascaramento de certos tipos de “heróis, famosos, modelos a serem seguidos”,
tais como atores, cantores, jogadores, políticos, profissionais liberais,
ex-BBB´s, etc. Muitos desses são, com as devidas exceções, os “maus exemplos”
hoje produzidos pela parte irresponsável e nociva da mídia. Vale salientar que
nessa área há também quem se propõe a trabalhar para o bem da sociedade. Só que
sua intenção quase sempre é sufocada pelos que defendem interesses financeiros
e escusos.
Já que se aproxima o Dia Nacional da Consciência Negra (20/11),
relembro aqui apenas três nomes - três exemplos de vida - que também lutaram
pela liberdade tão sonhada pelo herói Zumbi dos Palmares (1655 -1695).
Obviamente existem outros nomes merecedores de inclusão neste pequeno
comentário, inclusive em nível mundial. Mas deixo para o leitor a tarefa de
acrescentá-los.
Em nível local, destaco Cosme Bento das Chagas (1800 - 1842),
conhecido como Negro Cosme, escravo livre que nasceu em Sobral (CE) e daqui
saiu para ser líder na Balaiada (1838-1840,
rebelião ocorrida no Maranhão. Negro Cosme comandou mais de 3.000
revoltosos e lutou até o fim por sua causa. Terminou preso e enforcado em praça
pública em Itapecuru-Mirim (MA), em 20 de setembro de 1842.
Negro Cosme
Já Maria Tomásia Figueira Lima (1826-1902),
foi uma sobralense, branca, e que lutou a vida inteira pela libertação dos
escravos. Foi cognominada “A Libertadora”, pois durante o dia, em Fortaleza
(CE), arrecadava fundos para comprar e libertar escravos; à noite, ajudava
companheiros a “roubar” escravos de senzalas e os libertava.
Em nível nacional, ressalto o extraordinário Luís Gonzaga Pinto da Gama (1830 - 1882), negro
baiano, que, apesar de filho de mãe negra livre e pai branco, tornou-se escravo
aos 10 anos, após ser vendido pelo pai endividado (jogos). Luís Gama
alfabetizou-se aos 17 anos; atuou em várias profissões e como autodidata
tornou-se rábula, jornalista, escritor, poeta e orador famoso que fez sua
própria defesa, conquistando judicialmente sua liberdade. Líder dos
republicanos e maçom respeitado, elegeu o fim da escravidão negra no Brasil uma
de suas metas principais, chegando a libertar mais de quinhentos negros sem
cobrar nada. Luís da Gama morreu de diabetes aos 52 anos, pouco antes de ver seus sonhos
concretizados: Abolição da Escravatura (1888) e Proclamação da República
(1899).
Depois dessa rápida amostragem, sem nenhum receio de incorrer em
grave erro, completo a mensagem iniciada no título deste artigo: “Bons exemplos
de brasileiros (homens e mulheres) temos. E muitos.
Só falta quem os reconheça
e os divulgue mais. Principalmente se eles integram a camada mais humilde e
menos lembrada da sociedade.
E mais: É imprescindível que sejamos um deles!
Pense
nisso!
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