
A
quantia equivale a 99% do pagamento líquido da Alerj a Nathalia em janeiro de
2016, segundo a folha salarial do Legislativo fluminense. Como não há dados
sobre a movimentação financeira total de Nathalia, não é possível dizer com
certeza que o dinheiro teve como origem exclusivamente os pagamentos da Alerj.
Os
cálculos são por aproximação. Para fazê-los, o jornal O Estado de S. Paulo usou
o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) da
Operação Furna da Onça e consultou a folha salarial da Casa.
O
órgão federal mostrou que no período investigado Nathalia transferiu os R$
97.641,20 para a conta do assessor de Flávio. A cifra foi dividida pelos treze
meses investigados para obter a média mensal, que foi comparada com três
valores. Um foi o pagamento líquido recebido em janeiro de 2016 por Nathalia na
Alerj: R$ 7.586,31. No confronto com o bruto, R$ 9.835,45, chegou-se a um
repasse de 77,14%. Cotejada com a renda usada pelo Coaf, R$ 10.502,00, o
porcentual foi de 72,23%.
A
renda considerada pelo Coaf, possivelmente, incorpora valores que não constam
da folha de janeiro da Alerj ou rendimentos obtidos por Nathalia de outras
fontes. Todos as cifras, porém, mostram porcentuais altos de repasse.
Nathalia
trabalhou na Alerj de setembro de 2007 a dezembro de 2016. Depois foi trabalhar
como assessora no gabinete parlamentar do hoje presidente eleito, Jair
Bolsonaro (PSL), na Câmara dos Deputados. Foi exonerada em 15 de outubro, mesmo
dia em que seu pai foi desligado do gabinete de Flávio. Oficialmente, o motivo
foi a aposentadoria de Queiroz como PM. Reportagem publicada ontem pela Folha
de S. Paulo mostrou que Nathalia, enquanto era funcionária, trabalhava como
personal trainer no Rio.
O
deputado tem se defendido, afirmando não ter cometido nenhuma irregularidade. O
presidente eleito já disse que caberá a Queiroz explicar sua movimentação
financeira - de mais de R$ 1,2 milhão no período.
Outros - Outra
servidora que repassou a Queiroz grande parte do que recebeu foi Márcia
Oliveira de Aguiar, mulher do ex-assessor. Os valores somam R$ 52.124,00 - uma
média (total dividido por treze meses) de R$ 4.009,23. Isso não quer dizer que
tenham sido feitos rigorosamente repasses mensais - o documento do Coaf não
traz esse detalhe -, mas permite afirmar que Márcia transferiu porcentuais que
equivalem de 31% a 46% do que recebeu por mês no período.
Outra
servidora, Luiza Souza Paes, fez transferências equivalentes a porcentuais que
variam de 24,8% a 33,5% do salário no período. Sua renda, segundo o Coaf, era
de R$ 3.479 mensais e a transferência média era de R$ 863,53. Já Jorge Luís de
Souza, que tinha salário bruto de R$ 5.486,76, fez depósito mensal médio de R$
1.573,46 - porcentuais respectivos de 7,69%, 28,67% e 32,46%.
O
jornal O Estado de S. Paulo mostrou
que 57% dos depósitos feitos na conta de Fabrício Queiroz investigada pelo Coaf
ocorreram no dia do pagamento dos salários na Alerj no período, ou até três
dias úteis depois.
A
reportagem não conseguiu falar com Queiroz nem com os demais servidores para
que comentassem as cifras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (JB)
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