sexta-feira, 17 de maio de 2019

ARTIGOS: Uma política que degenera a educação (Eudes de Sousa*)


A atual política brasileira traz o cinismo publicitário e as demandas de forças políticas que degeneram a educação. Para garantir votos e governabilidade, administrações formalmente renovadoras acatam excrescências ideológicas que prejudicam ou anulam os avanços conquistados.

A predominância do discurso moralizador, quando impregnados pelos retrocessos, transforma-se em instrumentos para políticas repressivas, atrasadas e indignas da cartilha da constitucionalidade, que enfatiza a responsabilidade do indivíduo para torná-lo mais livre independentemente de ideologia.

Numa listagem de discursos cheios de arremedos contraditórios do governo atual, os ministros da educação, aparecem garbosamente no ranking da mentalidade da pá-virada. Começando pelas suas declarações preconceituosas e alienantes, são como luvas para manter a educação alheia as reais causas do seu infortúnio.

O atual ministro da educação Abraham Weintraub, declarou: que as universidades nordestinas deviriam deixar de ensinar sociologia e filosofia para foca no ensino de agronomia; e seu antecessor Ricardo Vélez acreditava que universidades deveriam se restringir a uma elite intelectual. Triste.

Neste ponto, o povo nordestino cerca esses frangos doidos em qualquer campo aberto para não comer suas plantações bem cuidadas: o povo nordestino é bom de agronomia, sociologia e filosofia, a elite intelectual dos dois ministros é ruim. Mas isso é um traço do governo atual, jogar a culpa dos nossos problemas num ante tão popular quanto esotérico chamado povo que agora também pode ser chamado de corte orçamentário. Ou seja, os mais pobres.

O choque das declarações é assustador. Primeiro: o retrocesso de tirar recursos das universidades do calvário verde-amarelo. O orçamento público da educação para a ideologia do tal ministro, ainda é visto no Brasil como despesa a fundo perdido e não como investimento com retorno garantido.

Busquei respostas na Constituição, em livros, ensaios, monografia, relatório, nenhuma pista boa. Conversei com cientistas políticos, sociólogo, antropólogo, religiosos, juristas, e nada de bom. Portanto, nenhuma justificativa a favor das declarações dos ministros. E o pior, dizem, que suas declarações não têm fundamentações. E agora?

Neste ponto, as próprias disciplinas de sociologia e filosofia reservam pesadas munições cientificas no ataque às iniquidades do aparelho educacional. Trabalhos éticos e mentes livres na formação humana estão sendo produzidos em todas as áreas do conhecimento humano, em um país que tem uma política educacional que está longe de ser o quinto do mundo em qualidade de educação.

Como é que é? Nós estamos sentados no maior laboratório educacional do mundo e não vimos à cobaia. Pior: não vimos o laboratório. É ai que está às pedras no meio do caminho. Como se sabe, as universidades públicas brasileiras estão atravessando inúmeras crises. Isso justifica dizer, que neste governo, ainda somos induzidos de aceitar gratuitamente a falsidade da deturpação de ministros medíocres. Ainda, com todo o direito à insatisfação do autoritarismo e psicológicas para alienar o pensamento crítico do povo nordestino.

Nesse ambiente nordestino, barrado no baile dos ministros metidos as intelectuais do neoliberalismo econômico. Podemos dizer que debaixo para cima o Nordeste, é terra de grandes agrônomos, dos maiores poetas, escritores e humanistas brasileiros. Tomado de proposito, aqui, citarei: um das pilastras básicas da sociologia nordestina, o romance social, A Bagaceira, de José Américo de Almeida.

Nesse cenário político, Deus só dá nozes para quem não tem dentes. Porque o que ainda causa espanto na educação no Brasil. É o tal autoritarismo de estar pisando na Constituição Cidadã de 88, que recorda algo perecido com o antes da abolição, que tinha dois Brasis. O Brasil dos brancos, europeus de primeira classe. E o Brasil dos índios e dos escravos. O índio era bicho do mato, na categoria brasiliensis, vulgo ariranha. E o escravo importado também não era gente. Era jumento marcado a fogo. Um bem de capital, feito pilão ou moenda.

Esse resgate da ninguenzada ainda é um tiro de partida e não uma fita de chegada. O problema é que a herança escravocrata ainda não explicou para os dois ministros, a omissão política em relação à educação, à exclusão social, à corrupção, à miséria, à violência. Simplesmente porque a visão preconceituosa está presente, com resíduos degenerativos no governo. E mais: os dois ministros da educação andam na contramão da História dos direitos humanos.

Afinal, parece que o presidente eleito pelos redimidos brasileiros, não sabe, que as universidades públicas, estão com vela na mão e padre na cabeceira? É um dos direitos humanos. É um processo de civilização, formada por ações afirmativas, tendo como base fundamental o atendimento às necessidades de suporte da mente livre. Com isso, faz-se uma força vital para o progresso científico, tecnológico e social. Tanto assim que, a sociologia tem o reconhecimento social sobre a real condição humana.







(*) Jornalista, historiador e crítico literário
- atribunadoescritor@gmail.com  - (88- 992913811)


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