Os balanços dos bancos no 1º trimestre do governo Bolsonaro mostram que
pouca coisa mudou: os bancos continuam tendo lucros bilionários, reforçados
pelas cobranças nas prestações de serviços, cada vez mais automatizadas.
Com o
resultado positivo de R$ 6,8 bilhões do Itaú Unibanco no 1º trimestre (6,6%
maior que no ano passado, os três maiores bancos privados acumulam lucros de R$
16,640 bilhões no governo Bolsonaro. A receita de serviços acumulada passa dos R$
25 bilhões, sem somados os R$ 1,607 milhões de ganhos do Itaú nas atividades de
seguros(R$ 10,2 bilhões no total).
Os dados do Itaú são pouco transparentes com relação à atividades no
Brasil, já que as operações da CorpBanca, unidade que opera na América Latina
(Argentina, Chile, Panamá e Colômbia) são incorporadas, além das redes no
Uruguai e Paraguai, herdadas, em 2008, do Unibanco, que comprou as operações do
Banco Nacional em 1995. Desde a fusão entre o Itaú-Unibanco, os resultados do
Bradesco, que perdeu a liderança, nunca chegaram tão perto: 7,8% a menos.
Aumenta
da inadimplência gera perdas no Itaú - Com os dados globais da AL, o Itaú tem inadimplência de apenas 3,02%.
Entretanto, decompondo os créditos com atraso acima de 90 dias, por origem, o
nível cai com os 1,37% da América Latina (era de 1,6% em março de 2018), mas
permanece estável no Brasil em 3,68% (3,7% em março do ano passsado). Além de
não ter caído em um ano, a inadimplência geral do Itaú está bem maior que os
3,3% do Bradesco e os 3,1% do Santander (ambos em queda).
O problema do Itaú está concentrado no calote das grandes empresas
brasileiras. As operações de créditos para grandes encolheram 3,1% nos 12 meses
terminados em março, quando caíram para R$ 190,7 bilhões. Mas os atrasos acima de
90 dias aumentaram extraordinários 92,6% no período. Nenhum banco brasileiro
reportou tão intenso aumento dos atrasos. Entre as pessoas físicas (aí
englobando a AL) que, com R$ 215,6 bilhões, concentram a maior parte das
operações do Itaú, houve aumento de 12,7% nas operações e baixa de 4,1% nos
atrasos.
Entre as pequenas e médias empresas (saldo de R$ 74,1 bilhões, incluindo
AL), houve aumento de 17,6% nas operações mas queda de 32,8% nos atrasos com
mais de três meses.
Impacto
das normas contábeis
Todos os bancos brasileiros e internacionais estão sofrendo perdas
contábeis com a aplicação das regras da IFRS 16 (International Financial
Reporting Standards), O Itaú teve impacto na avaliação de bens e ativos
financeiros, extensivo à área de seguros. Mas o que chamou a atenção no balanço
do Itaú foi a fraca evolução das receitas de serviços e seguros comparadas a
março de 2018, de apenas 1% (sendo 1,1% para as tarifas e apenas 0,3% para
receitas em seguros, no período em que a inflação brasileira atingiu 4,75%).
Seria efeito da crise Argentina? Isto não está indicado no balanço nem foi
exposto nas entrevistas dos diretores hoje.
Em 12 meses, as receitas com cartões de crédito encolheram 1,7% (parte
devido ao encolhimento das operações de rolagem, obrigadas pelo Banco Central a
migrar para outras linhas de crédito). As receitas de conta corrente aumentaram
apenas 1,5%, abaixo da variação do IPCA (4,75%). Apesar da guerra das tacas de
administração, as receitas nessa área cresceram 5,2%, parte pela valorização das
carteiras de ações. (Jornal do Brasil)
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