sexta-feira, 3 de maio de 2019

Constituição prevê que ensino básico é prioridade de estados e municípios; entenda os gastos com educação

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou na terça-feira (30) que os "recursos futuros" da educação superior "vão ser direcionados para a pré-escola ou para a educação básica". Ele justificou a mudança de foco afirmando que, durante a campanha eleitoral, essa foi a prioridade defendida por Jair Bolsonaro (PSL).

A mudança de foco em relação às outras gestões é criticada por especialistas. Dados compilados pelo G1 mostram que as universidades recebem a menor parcela da verba quando considerado o gasto total dos municípios, dos estados e da União; veja a seguir os principais pontos e, mais abaixo, os gráficos:

- O gasto por aluno no ensino superior é mais alto do que o do aluno do ensino básico no Brasil, mas isso também se repete em outros países

- A diferença do gasto por aluno do ensino superior x educação básica teve queda de um terço desde 2000: enquanto o valor por universitário se manteve estável, o da educação básica triplicou

- Comparando com a média da OCDE, o Brasil investe menos por aluno em todas as etapas do ensino

- Na verba total do país investida em educação, o ensino superior fica com a menor parte. Nos últimos 15 anos, universidades ficaram comR$ 0,18 de cada R$ 1 de verba pública investida na educação

- A Constituição determina que os municípios cuidem prioritariamente do ensino infantil e fundamental e os estados cuidem do fundamental e do médio. Cabe à União manter a rede federal (atualmente de ensino técnico e superior) e repassar dinheiro para municípios e estados cuidarem da educação básica

- Por causa do pacto previsto na Constituição, a rede federal tem apenas 0,84% das matrículas da educação básica. A União também desenvolve programas de construção de creches e pré-escolas, livros didáticos, transporte e alimentação nas escolas

Segundo especialistas consultados pelo G1, tanto a educação básica (que vai da creche ao 3º ano do ensino médio) quanto o ensino superior precisam de mais dinheiro, principalmente quando o Brasil é comparado a outros países: o nível de investimento por aluno brasileiro ainda está abaixo da média das nações desenvolvidas.

Dados mantidos pelo próprio governo federal mostram, ainda, que o MEC gasta mais todos os anos com as universidades do que com as creches e pré-escolas, um fato que, para os especialistas, está em linha com a divisão das responsabilidades educacionais entre redes municipais, estaduais e federal determinada na Constituição, e também é uma realidade mundial.

Levantamento da média de gastosG1 analisou a média de gastos entre 2000 e 2015 de todas as esferas (federal, estadual e municipal) para entender como o Brasil emprega seus recursos nas diferentes etapas do ensino. O levantamento tomou como base dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Considerando o gasto médio no período, a educação superior fica, com o equivalente a apenas R$ 0,18 a cada R$ 1 investido na educação pública no Brasil.

O valor considerou investimentos diretos de municípios, estados e União, e não leva em conta os gastos das escolas particulares. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) usa o valor dos investimentos diretos para comparar o investimento feito pelo Brasil no setor com o de outros países.

Educação básica x superiorSegundo os dados apresentados pelo ministro da Educação, "um aluno na graduação custa R$ 30 mil por ano", e "um aluno numa creche custa R$ 3 mil". Weintraub não esclareceu a fonte dos dados.

Entretanto, as informações mantidas pelo próprio Inep, que é uma autarquia do MEC, revelam que a diferença era inferior em 2015 ao apontado pelo ministro, dado mais recente disponível. Além disso, ela encolheu um terço desde 2000. Já os números mais detalhados sobre todas as esferas de governo demoram mais para serem calculados. Por isso, os mais recentes vão até 2015.

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