sexta-feira, 21 de junho de 2019

ARTIGOS: Uma manifestação política necessária (Eudes Sousa*)

A história da sociedade brasileira sempre se deparou diante de grandes desafios. Em 1930 o Brasil contava com 30%, de sua população morando nas cidades. No campo moravam 70% dos habitantes, que tinham uma cultura e um modo de vida rural. 

Após de três décadas em menos de uma geração, houve uma inversão social proporcional. Metade da população mudou-se da zona rural para a urbana. Nesse intervalo de tempo, a sociedade urbana brasileira mudou alterando de forma significativa seus costumes e seus modos de vida, devido à industrialização, a televisão, à liberdade de expressão. A população brasileira transferida foi objeto de uma dupla ruptura política.

O resultado foi quase total desarticulação cultural, principalmente dos segmentos oriundo da zona rural para a urbana sem tempo para uma reciclagem que viabilizava uma lenta adaptação.

Com a ausência de uma rápida absolvição política e cultural da população do campo nas cidades, o Brasil enquanto nação se tornou um país onde sua própria população senta-se estrangeira.

A gravidade é que a desarticulação de política social tornou-se mútua, dos imigrantes, que se sentem luxados e sem condições de acesso à modernidade da cidade onde habitam, e dos que pertencem a modernidade, os olham como adversários.

Estamos habituados ao cenário de crises constantes onde a grande maioria dos intelectuais da elite em decadência acostumou-se a vê-la, recuando-se a entendê-la, aponto de não sensibilizar-se com os problemas maiores do povo brasileiro.

A partir da década de 60, a intelectualidade brasileira rompeu com a tradição humanista e o esforço de elaboração própria, marca dos trabalhos de Gilberto Freire, Celso Furtado, Darcy Ribeiro e outros, limitando a copiar método e técnicas originários dos países desenvolvidos, na tentativa de construir um Brasil com objetivo e características que não consideram a realidade brasileira.

Nesse contexto, no final das duas primeiras décadas deste começo de século, o Brasil enfrenta outra ruptura política, que a mídia tem de lado, os principais ideólogos conservadores do país. Mas com uma manifestação um pouco mais aberta, deixando claro, a corrupção que cresce de forma asfixiante, os lobbies que se organizam de forma cada vez mais refinados. As megacidades que geram a desorganização e o caos administrativo, que tem problemas adicionais como a impunidade, a insegurança pública, a saúde, a educação, a dívida interna, a prostituição infantil, as crianças de rua, as favelas, os sem-terra, os sem tetos, a deficiência do sistema pertenceria, e tantos outros.

O Brasil tornou-se um gigantesco casino, dentro de um sistema de especulação financeira, o desemprego e o subemprego são a face mutilada do progresso. A política se tornou aética: maioria dos políticos é desonesto. A mídia molda os desejos e os objetivos dos homens. As drogas e os interesses econômicos por trás dela. São poderosos e perigosos.

Neste passo, a lei penal não é igual para todos, tem uma clientela certa e determinada, cujos figurantes são, exatamente, os excluídos do banquete onde se usurpa o que deveria ser o bem comum.

Se penetrarmos nos contos, nas crônicas, nos romances, nas novelas, na poesia, na comédia, todos retratam uma apologia à ética. Para enfrentar a imoralidade política. Mesmo no longo prazo, mas tem o poder realmente certo com o objetivo de ridicularizara-los. Como tais, entre tantos, pode-se mencionar, o Cortiço de Aluízio Azevedo, Capitão Areia, de Jorge Amado, Macunaíma, de Mario de Andrade, Memória do Cárcere, de Graciliano Ramos. Eles foram desbravadores de tudo que está sendo escrito sobre o Brasil e, mais precisamente, no romance, O Cortiço, considerado a genes das favelas brasileiras.

Mas não se desespere. Vamos cortar as lorotas, as imposturas, os enganos, as fraudes ou falsidades que já viraram até profissão. Está ai a publicidade política que não nos deixar mentir. Então, vamos descriminalizar já a mídia fofoqueira, as patranhas de jornalistas, os jogos duros das cascatas em seu abstrato teórico jurídico de juristas e os políticos mentirosos.








Jornalista, Historiador e Crítico Literário.







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