O Ministério da Saúde, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) e a fundação japonesa Sasakawa firmaram esta semana uma
parceria para o lançamento, em 2020, de mobilização nacional sobre a
hanseníase. A doença ainda enfrenta uma série de estigmas no país e demanda o
diagnóstico precoce para evitar sequelas mais graves.
Desde 2012, a Fundação Sasakawa repassou
cerca de R$ 1 milhão para ações de enfrentamento à hanseníase no Brasil. Uma
comitiva internacional visitou esta semana projetos financiados pela
organização japonesa em unidades de saúde do Maranhão e do Pará.
“Estamos otimistas. Acreditamos que
existe decisão política e capacidade técnica para o país eliminar a
hanseníase”, avalia o presidente da fundação, Yohei Sasakawa, que se reuniu com
o presidente Jair Bolsonaro na segunda-feira.
Socorro Gross, representante da OMS no
Brasil, também considera que o país está no caminho correto para combater a
doença. Ela faz um apelo para que toda a sociedade se envolva na campanha de
conscientização que será realizada no ano que vem.
“Todos temos que ser embaixadores também
para a eliminação da doença. E a eliminação vai ser trabalhada juntos.
Jornalistas, comunidades, professores, médicos. Pessoas que vivem na
comunidade.”
A sociedade civil também será chamada
para colaborar na construção da campanha de combate à doença. Faustino Pinto,
do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase, defende
mais investimento em diagnóstico precoce e reabilitação.
“Se fizesse o diagnóstico precoce, nós
não precisaríamos de reabilitação física. Mas ainda temos pessoas que foram de
um diagnóstico tardio que precisam dessa reabilitação, que precisam de
cirurgias, que precisam de uma atenção especial na questão de calçados, de
fisioterapia e de muitos outros serviços. O Brasil precisa muito avançar nesse
aspecto.”
Magda Levantezi, da coordenação de
hanseníase do Ministério da Saúde, fala quais são as principais ações
desenvolvidas pelo governo federal.
“Ações voltadas para gestão, onde a
gente tem trabalhado para que os gestores deem prioridade para a doença. Ações
voltadas para a melhoria da qualificação da assistência do paciente e uma
terceira frente que é enfrentamento do estigma, da discriminação e a promoção
de ações de inclusão social.”
O Brasil é o segundo país com o maior
número de novos casos detectados de hanseníase por ano, atrás apenas da Índia.
Em 2018, foram quase 29 mil novos casos diagnosticados.Os estados mais
endêmicos são Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Rondônia, Pará e Piauí. Entre
2013 e 2018, o governo federal investimento R$ 76 mil em campanhas de prevenção
à doença nas escolas e, apenas em 2018, cerca de R$ 1 milhão em ações de
prevenção e reabilitação para atender os ex-hospitais colônia.
A hanseníase é uma doença causada por
infecção bacteriana e transmitida por tosse ou espirro. A infecção compromete
principalmente a pele, os olhos, o nariz e os nervos periféricos. Os sintomas
da hanseníase são manchas claras ou vermelhas na pele com diminuição da
sensibilidade, dormência e fraqueza nas mãos e nos pé. O tratamento da doença
possibilita a cura e evita sequelas. Os medicamentos estão disponíveis
gratuitamente no SUS, Sistema Único de Saúde. (JB)
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