A Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado aprovou nesta
quarta-feira (10), por 17 votos a 2, o projeto que tipifica o crime de caixa 2
eleitoral.
Esta é uma
das propostas que compõem o pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, que tramita no Congresso. O projeto era
terminativo na CCJ, ou seja, seguirá diretamente para a Câmara, caso nenhum
senador apresente recurso.
O projeto
tipifica o crime de caixa 2 eleitoral, que consiste em não declarar dinheiro de
campanha. Atualmente, não há legislação que defina este crime. Quando um
político o comete, é enquadrado em artigo do Código Eleitoral sobre falsidade
ideológica, com pena de até cinco anos de reclusão.
O relator
Marcio Bittar (MDB-AC) manteve no texto a pena sugerida por Moro, reclusão de
dois a cinco anos. A pena de reclusão é aplicada a condenações mais severas, o
regime de cumprimento pode ser fechado, semi-aberto ou aberto, e normalmente é
cumprida em estabelecimentos de segurança máxima ou média. Essa punição admite
o regime inicial fechado.
O crime,
conforme a proposta, será classificado por "arrecadar, receber, manter,
movimentar ou utilizar recurso, valor, bens ou serviços monetizáveis, não
escriturados ou falsamente escriturados na contabilidade exigida pela
legislação eleitoral".
Agravantes - Se a fonte do
dinheiro for ilegal, proveniente de crime, as penas podem aumentar de um a dois
terços. Quem fornecer ou doar esses recursos também poderá ser punido.
Todos esses
pontos são iguais aos aprovados na quarta-feira (26) passada pelo Senado, dentro
do projeto que pune o abuso de autoridade cometido por juízes e procuradores.
Os membros da CCJ decidiram pela equiparação dos dois textos, para que não haja
divergência jurídica quanto às punições.
O projeto
aprovado nesta quarta determina que, se o autor do crime for agente público, a
pena será aumentada de um a dois terços. Apenas os
senadores Marcelo Castro (MDB-PI) e Rogério Carvalho (PT-SE) votaram contra a
proposta.
Castro chegou
a dizer que é "praticamente impossível" fazer contabilidade dos gastos
de campanha. "A pessoa esquece de declarar uma despesa de campanha, ou seu
contador ou o seu assessor esqueceu, você vai curtir cinco anos de cadeia? De
jeito nenhum. Sou radicalmente contra. Bote perde o direito político, perde o
mandato que foi eleito. Eu concordo com tudo isso [...] Pegou o caixa dois,
perdeu o mandato. Concordo. Perco meu mandato tranquilo, vou ficar com minha
família. Agora, ir para cadeia, está doido?", protestou o parlamentar.
"A gente
concorda com o pensa o ministro Sérgio Moro, caixa 2 é um crime grave",
disse o relator Marcio Bittar.
(Fonte: G1)
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