Um
terço dos países mais pobres do mundo lida, ao mesmo tempo, com níveis altos de
obesidade e de subnutrição, que deixa pessoas magras demais. A constatação vem
de artigo da publicação científica The Lancet.
O
relatório afirma que o problema seria causado pelo acesso global a alimentos
ultraprocessados, e por pessoas se exercitarem cada vez menos.
Os
autores pedem mudanças nos "sistemas alimentares modernos", que eles
acreditam serem vetores do problema.
Os
países da África Subsaariana e da Ásia são os mais afetados.
A publicação estima que cerca de 2,3
bilhões de crianças e adultos no planeta estejam acima do peso, e que mais de
150 milhões de crianças apresentem crescimento atrofiado.
Muitos
países de baixa renda e de renda média encaram os dois problemas ao mesmo
tempo, a chamada "dupla carga da desnutrição".
Isso
significa que 20% das pessoas estão acima do peso, 30% das crianças com menos
de quatro anos não estão crescendo adequadamente, e 20% das mulheres são
classificadas como magras.
Comunidades
e famílias podem ser afetadas pelas duas formas de desnutrição, assim como
indivíduos em diferentes fases da vida.
De
acordo com a publicação, 45 entre 123 países foram afetados por essa dupla
carga nos anos 1990, e 48 entre 126 países nos anos 2010.
Também
nos anos 2010, 14 países com menor renda do mundo já apresentavam esse
"problema duplo" desde os anos 1990.
Sistemas
alimentares falhos
Os
autores do relatório afirmam que os governos precisam tomar uma atitude, assim
como as Nações Unidas e os membros da academia, para solucionar o problema. E o
foco apontado por eles é o de mudanças na dieta.
O
jeito como as pessoas comem, bebem e se deslocam está mudando. O número
crescente de supermercados, a ampla disponibilidade de alimentos pouco
nutritivos, assim como a diminuição nos níveis de atividade física conduzem ao
número maior de pessoas com sobrepeso.
E
essas mudanças estão afetando tanto países de baixa e de média renda, quanto os
de alta renda.
Ainda
que o crescimento atrofiado de crianças em muitos países tenha se tornado menos
frequente, a alimentação com ultraprocessados logo na infância está ligada ao
baixo crescimento.
"Nós
estamos presenciando uma nova realidade nutricional", diz o autor
principal do estudo, Francesco Branca, diretor do Departamento de Nutrição para
Saúde e Desenvolvimento da Organização Mundial de Saúde (OMS).
"Não
podemos mais caracterizar os países de baixa renda como subnutridos, ou os de
alta renda como preocupados apenas com obesidade."
"Todas
as formas de desnutrição têm um denominador comum: os sistemas alimentares que
falham em fornecer às pessoas uma dieta saudável, acessível, segura e
sustentável".
Branca
diz que isso requer uma mudança nos sistemas alimentares, da produção ao
processamento, passando por comércio e distribuição, assim como precificação,
marketing e rotulagem, padrões de consumo e de desperdício.
"Todas
as políticas e investimentos relevantes precisam ser reexaminados",
afirma.
Dietas de alta qualidade reduzem o risco de desnutrição, diz o estudo
Dietas de alta qualidade reduzem o risco de desnutrição, diz o estudo
O
que seria uma dieta de alta qualidade?
De
acordo com o artigo, uma dieta do tipo contém:
- muitas
frutas e vegetais, grãos integrais, fibras, nozes e sementes
- porções
moderadas de alimentos de origem animal
- porções
mínimas de carnes processadas
- porções
mínimas de comidas e bebidas que sejam ricas em energia e em açúcar adicionado,
gordura saturada, gordura trans e sal
Dietas
de alta qualidade reduzem o risco de desnutrição ao encorajar crescimento
saudável, desenvolvimento e proteção do corpo contra doenças ao longo da vida.
(Fonte: BBC)
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