Após as denúncias apresentadas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) na CPI da Covid, a campanha Fora, Bolsonaro, fórum que reúne as organizações que encabeçaram os atos pelo impeachment de Jair Bolsonaro em 29 de maio e 19 de junho, decidiu convocar para 3 de julho nova mobilização nacional contra o presidente.
Antes do caso Covaxin, a data escolhida havia sido o 24 de julho. Diante
do que entenderam com mudança de conjuntura e a necessidade de aumentar
imediatamente a pressão pelo impeachment de Bolsonaro, as lideranças da
campanha escolheram o 3 de julho, sem cancelar as manifestações do dia 24.
Além disso, o ato de entrega do superpedido de impeachment em Brasília,
na quarta-feira (30), deverá ser reforçado.
As principais pautas da campanha são a saída do presidente, aceleração
da vacinação, auxílio emergencial de R$ 600 e fim da violência policial.
A campanha é capitaneada pelas frentes Povo Sem Medo, a Brasil Popular e
a Coalizão Negra por Direitos, que reúnem centenas de entidades do chamado
campo progressista. Também participam PT, PCdoB e PSOL.
Segundo Miranda, Jair Bolsonaro teria deixado de informar as autoridades
sobre denúncias de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin que
estariam sendo coordenadas pelo líder de seu governo, Ricardo Barros (PP-PR),
cacique do centrão.
Como mostrou o Painel, para lideranças de partidos de centro,
independentemente da concretude das denúncias, as suspeitas turbinam o processo
de derretimento de Bolsonaro.
Pesquisa do Ipec divulgada na manhã de sexta-feira (25) mostrou
Bolsonaro com 23% das intenções de voto no primeiro turno para a corrida
eleitoral de 2022, muito atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
com 49%.
As deputadas Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Gleisi Hoffmann (PT-PR) têm
debatido a possibilidade de acrescentar as acusações referentes a Barros e
Bolsonaro ao superpedido de impeachment que será protocolado na Câmara dos
Deputados na quarta-feira (30).
Elas levarão a discussão aos movimentos sociais e outros parlamentares
que compõem o grupo de elaboração do superpedido, que reúne mais de 100 pedidos
de impeachment feitos por siglas e grupos de oposição e parlamentares que se
arrependeram de ter apoiado o presidente, como Joice Hasselmann (PSL-SP) e
Alexandre Frota (PSDB-SP).
A entrega dos pedidos contará também com um ato na Câmara dos Deputados,
em Brasília, programado para as 14h30, com a presença de entidades que fazem
parte da campanha Fora, Bolsonaro e da mobilização pelo superpedido, como UNE
(União Nacional dos Estudantes) e MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra), além de parlamentares.
Entre as lideranças de oposição, a expectativa é a de que a repercussão
do caso sirva para aumentar o tamanho das manifestações nacionais contra
Bolsonaro.
"Agora se criou de fato um clima para o impeachment", diz
Guilherme Boulos (PSOL), liderança do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem
Teto) e da Frente Povo Sem Medo. (JB/Folhapress)
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