domingo, 13 de junho de 2021

LITERATURA CEARENSE - SANTO ANTÔNIO: Em Cariré e em muitos outros lugares (Por Mons. Assis Rocha)

Está acontecendo, esses dias, em muitas comunidades eclesiais – aqui perto de nós, Cariré, por ex. - encerrando-se amanhã, o novenário ou trezenário em honra de Santo Antônio, viandante do Evangelho, comunicador da Palavra, “pregador insigne” - como diz a oração de sua Missa - caminhante incansável e missionário itinerante, só comparável a São Paulo e a São Francisco Xavier. É o 1º dos Santos Folclóricos Juninos que festejamos neste dia 13 – amanhã, portanto - seguindo-se lhe São João (24) e São Pedro (29). 

Já comentamos em textos anteriores que estamos impedidos de ter celebrações e festejos – quer religiosos, quer folclóricos – devido o momento que estamos vivendo de pandemia, que nos está atrapalhando, de vivenciar o calendário tradicional como vivíamos anteriormente. Este CORONAVIRUS veio para arrebentar toda a sociedade, e a própria vida eclesial, nas solenidades festivas a que tínhamos direito de celebrá-las.

Temos dito também que nos estamos adaptando a uma nova realidade mundial e que a criatividade de todos nós está levando a viver de maneira diferente: os nossos encontros sociais, os nossos cultos, as nossas relações familiares, escolares e de pessoa a pessoa. Os que estavam habituados a viajar para “as famosas capitais do forró” durante todo o mês de junho, divertindo-se e fazendo turismo em diferentes cidades (como Campina Grande, Mossoró ou Caruaru) à procura de lazer, desde o ano passado têm que permanecer em casa, assistindo às “lives” que lhes eram oferecidas pelas Redes Sociais, isto é, “shows ao vivo” com artistas “sozinhos” ou em parceria, que já perderam a graça. O povo está é fugindo de casa, se aglomerando, clandestinamente, desobedecendo às medidas restritivas e até flagrado, de vez em quando, pela polícia.  

A Igreja tem-se adaptado à situação em suas celebrações religiosas e, a começar pelo Papa, Bispos e Sacerdotes têm usado seus Meios de Comunicação e aqueles particulares que se oferecem, de boa vontade, para colaborar, e vão também transmitindo sua mensagem de catequese e de evangelização enquanto se volta à vida normal. De minha parte – Padre Velho, Aposentado, sem ‘provisão’ ou nomeação para qualquer função na Diocese - vou usando espaço que me é cedido gentilmente, como o faço agora.

Não quero “pecar por omissão” perdendo esta oportunidade de me dirigir a vocês pela Rádio Pajeú, de Afogados da Ingazeiras, pela Rádio Genoveva e por este site professorcomprazer.com  Atendo, de alguma maneira a quem gostaria de me ouvir falar sobre alguma Solenidade Litúrgica, folclórica ou nacional - como quero fazer agora - discorrendo sobre um grande Santo da Igreja, que tem uma bela história para servir-nos de exemplo.

Santo Antônio comunicava, com tanta veemência, a Palavra de Deus e se destacava tanto pela denúncia do erro e do pecado, que era chamado de “martelo dos hereges”, como cantamos na ladainha em homenagem a ele.

Nada melhor do que um santo desses, para dar fundamentação e base para quem quer fazer uma Pastoral voltada para a verdade e para a denúncia do pecado. Santo Antônio nos serve de guia e modelo para realizar também a nossa missão, sem nenhum medo de anunciar a verdade e denunciar a injustiça, como já nos mandava o Senhor Jesus.

Nasceu em Lisboa, aos 15 de agosto de 1.195 e foi registrado e batizado com o nome de Fernando Martini Bulhões. Pai rico, poderoso, chefe político – fora até governador de Lisboa – criou o filho no luxo, nas regalias e mordomias que os melhores colégios portugueses podiam oferecer aos filhinhos de papai.

Até os 15 anos estudou no Colégio São Vicente de Fora, em Lisboa, que tinha a direção dos Frades Agostinianos. Em seguida – para completar sua requintada formação - ingressou no Convento Regular de Sta. Cruz, da Ordem de Santo Agostinho, em Coimbra que, àquela época, era o que havia de melhor para quem pudesse pagar os estudos. De tais instituições, participavam os nobres, os ricos ou os maiorais de seu tempo. Lá ele se tornou sacerdote, recebendo o nome de Cônego Fernando, como são tratados até hoje, as freiras e os frades Agostinianos. Como outras ordens religiosas semelhantes, são chamados de “frades maiores”.

Contemporaneamente, na Itália, Francisco de Assis, que tinha tudo para ser um “frade maior”- porque era de família nobre e rica - funda uma ordem religiosa, voltada para os plebeus, os pobres ou os Menores, para dar testemunho de pobreza e simplicidade, no meio dos irmãos mais necessitados. Eram os “frades menores”. Viviam de esmolas e de muito sacrifício, usavam roupas surradas e velhas e se espalharam pela Europa, chegando também a Portugal. Pediam ajuda no rico Convento dos Agostinianos, em Lisboa e impressionavam o porteiro, que era o Cônego Fernando, pelo testemunho de pobreza e de fé que davam aqueles fradinhos. Cônego Fernando começou a pensar na possibilidade de abandonar seu rico convento e deixar de ser um Frade Maior, para viver o espírito de pobreza de São Francisco, tornando-se um Frade Menor. E assim o fez. Deixou tudo, em 1220, passando a ser um irmãozinho pobre franciscano, recebendo o nome de Frei Antônio de Lisboa. Apesar de querer catequizar a África, para onde foi por primeiro, adoeceu e voltou, sendo reenviado para a Europa, especialmente, à França e Itália, onde converteu inúmeros hereges e infiéis.

Frei Antônio ficou tão famoso em Pádua onde morreu, há 790 anos, aos 13 de Junho de 1231, que – além de ser chamado Santo Antônio de Lisboa - é também venerado como Santo Antônio de Pádua.

Para nós do Brasil a Festa de Santo Antônio se reveste de um sentido muito especial. O mês de Maio tinha uma grande atração para a “exploração comercial”: mês de Maria, das noivas, das flores, e das mães. Era lucrativo na certa. Por que não encontrar motivação semelhante para Junho? Por que não comemorar um “Dia aos Namorados” na véspera da Festa de Santo Antônio? Se não damos tanto valor por causa da festa religiosa, vamos criar “um clima romântico” em torno da data para ver se os jovens trocam presentes e ajudar aos casais, mesmo mais velhos, a viver certo romantismo, às vezes, já defasado! Santo Antônio, não é o Santo Casamenteiro? Com tais argumentos e pela novidade que sempre nos encanta, o Comércio, a Indústria e o jeitinho brasileiro que sempre encontramos para apoiar tudo o que é moda e o que é novo, começou-se a celebrar também, o Dia dos Namorados, agregado à Festa Religiosa de Santo Antônio, independente das festividades em outros países do mundo, no Dia de São Valentim, 14 de Fevereiro. Realmente, nada tem a ver conosco. Aí, foi feita uma publicidade tal e foi dada uma motivação tão forte que, de 1949 para cá, começou-se a comprar, a trocar presentes e a viver a Festa Folclórica da Fogueira e dos Fogos, da Quadrilha e do milho assado, da canjica e da pamonha para externar também uma maior expressão do amor, hoje, no nosso dia dos namorados. Você já trocou o seu presente? Deem-se amor mútuo. Carinho. Respeito. Amor não se compra, nem se paga! Será que Santo Antônio não nos ensinou nada, com o seu desprendimento? Obrigado!




(*) Mons. Assis Rocha



 

COMENTÁRIOS RECEBIDOS:

Texto: Convivência saudável e criativa, na Pandemia, por Mons. Assis Rocha

De Yedda Freire, de Fortaleza – Ce – “Um texto bem reflexivo, com uma leitura lúdica”

De Helena Alves Assunção, de Poranga – CE.  É com muita precisão que devemos ter paciência, paciência e paciência. Eu, pessoalmente, como aposentada reclusa em casa, me dedico à pesquisa de alimentos e remédios naturais para fortalecer a imunidade que é muito importante para o enfrentamento da covid 19.”


Nenhum comentário:

Postar um comentário