Já comentamos em textos
anteriores que estamos impedidos de ter celebrações e festejos – quer
religiosos, quer folclóricos – devido o momento que estamos vivendo de
pandemia, que nos está atrapalhando, de vivenciar o calendário tradicional como
vivíamos anteriormente. Este CORONAVIRUS veio para arrebentar toda a sociedade,
e a própria vida eclesial, nas solenidades festivas a que tínhamos direito de
celebrá-las.
Temos dito também
que nos estamos adaptando a uma nova realidade mundial e que a criatividade de
todos nós está levando a viver de maneira diferente: os nossos encontros
sociais, os nossos cultos, as nossas relações familiares, escolares e de pessoa
a pessoa. Os que estavam habituados a viajar para “as famosas capitais do forró” durante todo o mês de junho,
divertindo-se e fazendo turismo em diferentes cidades (como Campina Grande,
Mossoró ou Caruaru) à procura de lazer, desde o ano passado têm que
permanecer em casa, assistindo às “lives”
que lhes eram oferecidas pelas Redes Sociais, isto é, “shows ao vivo” com artistas “sozinhos” ou em parceria, que já
perderam a graça. O povo está é fugindo de casa, se aglomerando,
clandestinamente, desobedecendo às medidas restritivas e até flagrado, de vez
em quando, pela polícia.
A Igreja tem-se
adaptado à situação em suas celebrações religiosas e, a começar pelo Papa,
Bispos e Sacerdotes têm usado seus Meios de Comunicação e aqueles particulares
que se oferecem, de boa vontade, para colaborar, e vão também transmitindo sua
mensagem de catequese e de evangelização enquanto se volta à vida normal. De
minha parte – Padre Velho, Aposentado, sem ‘provisão’ ou nomeação para qualquer
função na Diocese - vou usando espaço que me é cedido gentilmente, como o faço
agora.
Não quero “pecar
por omissão” perdendo esta oportunidade de me dirigir a vocês pela Rádio
Pajeú, de Afogados da Ingazeiras, pela Rádio Genoveva e por este
site professorcomprazer.com Atendo, de alguma maneira a quem gostaria de
me ouvir falar sobre alguma Solenidade Litúrgica, folclórica ou nacional - como
quero fazer agora - discorrendo sobre um grande Santo da Igreja, que tem uma
bela história para servir-nos de exemplo.
Santo
Antônio
comunicava, com tanta veemência, a Palavra de Deus e se destacava tanto pela
denúncia do erro e do pecado, que era chamado de “martelo dos hereges”,
como cantamos na ladainha em homenagem a ele.
Nada melhor do
que um santo desses, para dar fundamentação e base para quem quer fazer uma
Pastoral voltada para a verdade e para a denúncia do pecado. Santo Antônio
nos serve de guia e modelo para realizar também a nossa missão, sem nenhum medo
de anunciar a verdade e denunciar a injustiça, como já nos mandava o Senhor
Jesus.
Nasceu em Lisboa,
aos 15 de agosto de 1.195 e foi registrado e batizado com o nome de Fernando
Martini Bulhões. Pai rico, poderoso, chefe político – fora até governador
de Lisboa – criou o filho no luxo, nas regalias e mordomias que os melhores
colégios portugueses podiam oferecer aos filhinhos de papai.
Até os 15 anos estudou no Colégio São Vicente de Fora, em Lisboa, que
tinha a direção dos Frades Agostinianos. Em seguida – para completar sua
requintada formação - ingressou no Convento Regular de Sta. Cruz, da Ordem de
Santo Agostinho, em Coimbra que, àquela época, era o que havia de melhor para quem
pudesse pagar os estudos. De tais instituições, participavam os nobres, os
ricos ou os maiorais de seu tempo. Lá ele se tornou sacerdote, recebendo o nome
de Cônego Fernando, como são tratados até hoje, as freiras e os frades
Agostinianos. Como outras ordens religiosas semelhantes, são chamados de
“frades maiores”.
Contemporaneamente,
na Itália, Francisco de Assis, que tinha tudo para ser um “frade
maior”- porque era de família nobre e rica - funda uma ordem religiosa, voltada
para os plebeus, os pobres ou os Menores, para dar testemunho de pobreza e
simplicidade, no meio dos irmãos mais necessitados. Eram os “frades menores”.
Viviam de esmolas e de muito sacrifício, usavam roupas surradas e velhas e se
espalharam pela Europa, chegando também a Portugal. Pediam ajuda no rico
Convento dos Agostinianos, em Lisboa e impressionavam o porteiro, que era o Cônego
Fernando, pelo testemunho de pobreza e de fé que davam aqueles fradinhos.
Cônego Fernando começou a pensar na possibilidade de abandonar seu rico
convento e deixar de ser um Frade Maior, para viver o espírito de
pobreza de São Francisco, tornando-se um Frade Menor. E assim o fez.
Deixou tudo, em 1220, passando a ser um irmãozinho pobre franciscano, recebendo
o nome de Frei Antônio de Lisboa. Apesar de querer catequizar a África,
para onde foi por primeiro, adoeceu e voltou, sendo reenviado para a Europa,
especialmente, à França e Itália, onde converteu inúmeros hereges e infiéis.
Frei Antônio
ficou tão famoso em Pádua onde morreu, há 790 anos, aos 13 de Junho de 1231,
que – além de ser chamado Santo Antônio de Lisboa - é também venerado como Santo
Antônio de Pádua.
Para nós do
Brasil a Festa de Santo Antônio se reveste de um sentido muito especial. O mês
de Maio tinha uma grande atração para a “exploração comercial”: mês de Maria,
das noivas, das flores, e das mães. Era lucrativo na certa. Por que não
encontrar motivação semelhante para Junho? Por que não comemorar um “Dia aos
Namorados” na véspera da Festa de Santo Antônio? Se não damos tanto valor por
causa da festa religiosa, vamos criar “um clima romântico” em torno da data
para ver se os jovens trocam presentes e ajudar aos casais, mesmo mais velhos,
a viver certo romantismo, às vezes, já defasado! Santo Antônio, não é o Santo
Casamenteiro? Com tais argumentos e pela novidade que sempre nos encanta, o
Comércio, a Indústria e o jeitinho brasileiro que sempre encontramos para
apoiar tudo o que é moda e o que é novo, começou-se a celebrar também, o Dia
dos Namorados, agregado à Festa Religiosa de Santo Antônio, independente das
festividades em outros países do mundo, no Dia de São Valentim, 14 de
Fevereiro. Realmente, nada tem a ver conosco. Aí, foi feita uma publicidade tal
e foi dada uma motivação tão forte que, de 1949 para cá, começou-se a comprar,
a trocar presentes e a viver a Festa Folclórica da Fogueira e dos Fogos, da
Quadrilha e do milho assado, da canjica e da pamonha para externar também uma
maior expressão do amor, hoje, no nosso dia dos namorados. Você
já trocou o seu presente? Deem-se amor mútuo. Carinho. Respeito. Amor não se
compra, nem se paga! Será que Santo Antônio não nos ensinou nada, com o seu
desprendimento? Obrigado!
(*) Mons. Assis Rocha
COMENTÁRIOS
RECEBIDOS:
Texto:
Convivência saudável e criativa, na Pandemia, por Mons. Assis Rocha
De Yedda
Freire, de Fortaleza – Ce – “Um texto bem reflexivo, com uma leitura
lúdica”
De Helena
Alves Assunção, de Poranga – CE. “É com muita
precisão que devemos ter paciência, paciência e paciência. Eu, pessoalmente,
como aposentada reclusa em casa, me dedico à pesquisa de alimentos e remédios
naturais para fortalecer a imunidade que é muito importante para o
enfrentamento da covid 19.”
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