Em meio à presença de torcedores ilustres da escola e amigos do sambista, como Paulinho da Viola, Marisa Monte e Diogo Nogueira, uma grande roda de samba com canções de Monarco e da Portela tomou conta da quadra.
A batucada só foi
interrompida para a chegada de integrantes da Mangueira, que foram prestar
homenagem a um dos grandes nomes da história do samba brasileiro.
O sambista morreu no sábado, aos 88 anos, vítima de complicações
de uma cirurgia no intestino.
Parentes e amigos
começaram a entrar na quadra pouco depois das 11h.
"O Monarco é
a história. Era a voz de um tempo também que não temos mais (...) Ele sempre
esteve presente aqui, quando muitos não estão mais e outros não comparecem.
Quando cheguei na Portela, no final de 1964, o samba mais cantado era ‘Portela
- Passado de glória’, escrito por ele. Das várias composições, essa é uma das
que mais me lembro”, disse Paulinho da Viola.
Outra portelense,
Marisa Monte foi uma das primeiras a chegar, vestida com as cores da escola.
"Era um
gênio", comentou a cantora Marisa Monte (assista acima).
"Era um grande exemplo também, de conduta, de altivez, resgatando essa
tradição dos grandes bambas."
'Ele é a própria
Portela', diz Diogo Nogueira
O cantor Diogo
Nogueira também foi se despedir de Monarco. Ao lado do caixão por alguns
minutos, ele se emocionou ao abração a viúva, dona Olinda.
"Nosso papel
hoje para esse legado, essa história se manter viva, acesa, é continuar
cantando a obra desse grande compositor, desse grande homem, de um coração
imenso, que sempre agregou, sempre valorizou jovens compositores (...) A
memória dele continua viva através de suas canções e melodias, da sua
generosidade e da sua elegância. Ele é a própria Portela", comentou o
cantor Diogo Nogueira (veja abaixo).
O prefeito Eduardo
Paes chegou por volta das 12h15 e entrou por uma das laterais da quadra. O
prefeito, assim como o sambista Zeca Pagodinho, já havia enviado uma coroa de
flores para a quadra.
"O Monarco
deixou um legado imenso para todos nós que amamos o samba e a Portela”, disse
Paes.
O enterro está
previsto para as 16h, no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio.
“O coração da
Portela fica despedaçado. O Monarco era não só um grande artista, mas também o
guardião da memória da nossa escola. Várias gerações de portelenses aprenderam
com ele os valores e princípios de fundadores. Ele transmitia aos mais jovens o
que era a Portela”, disse o vice-presidente da escola, Fábio Pavão.
Segundo Pavão, a
Portela está de luto e cancelou todas as atividades pelos próximos dias –
inclusive o ensaio da próxima quarta-feira. A agremiação também deixará de
participar de uma festa da Liesa na segunda-feira.
O velório foi
aberto ao público. Às 11h, já havia fila de pessoas na porta da quadra. A Rua
Clara Nunes, onde fica a quadra, foi interditada.
Uma fita preta de
luto foi colocada ao lado do símbolo da Portela (veja abaixo).
História do samba
Monarco é o mais
antigo integrante da Velha Guarda da azul e branco de Madureira. Hildemar Diniz
nasceu em Cavalcante, Zona Norte do Rio.
Ainda menino, se
mudou para Oswaldo Cruz, bairro de origem da Portela. Já naquela época, teve
contato com os sambistas da escola e começou a compor sambas.
Não demorou muito
para que o jovem, com suas letras e melodias chegasse à Majestade do Samba. Em
1950, com apenas 17 anos, chegou à Ala de Compositores da escola. O que ele não
sabia é que esse seria o início de sua carreira como um dos maiores do mundo do
samba.
Vinte anos após
sua chegada na Azul e Branco de Oswaldo Cruz e Madureira, o compositor emplacou
seu primeiro disco no ano de 1976. O álbum, que contou com a participação de
Paulo da Portela, tem canções emblemáticas como "Glórias do Samba",
“O Quitandeiro” e “Lenço”.
Em 1980, ele
lançou seu segundo disco “Terreiro”, que virou samba exaltação na Majestade do
Samba. A canção “Passado de Glória” levou os portelenses ao delírio, se
tornando um samba aclamado por toda a comunidade.
Outra música
marcante deste mesmo álbum, é a “Homenagem à Velha Guarda”, em que fala sobre
alguns grandes ícones da Portela, e como o samba nasceu na escola.
Com seis álbuns no
mercado fonográfico e inúmeras participações com grandes nomes da música
brasileira como Marisa Monte, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Zeca
Pagodinho entre outros, o baluarte da Portela deixa seu legado de mais de 70
anos na história do samba. Veja abaixo os sambas que
marcaram a carreira de Monarco.
Em 2019, seu albúm
" De Todos os Tempos " foi indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum
de Samba/Pagode.
Portela lamenta
morte de Monarco
A Portela divulgou
uma nota sobre a morte do sambista. Nesta sexta-feira (10), o sambista foi
homenageado na inauguração da Sala de Troféus da escola, que leva seu nome.
"É com
tristeza profunda que a Portela informa a morte de nosso Presidente de Honra,
Monarco, aos 88 anos. O Mestre estava internado desde o mês de novembro no
Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, onde se
internou para fazer uma cirurgia no intestino. Infelizmente, não resistiu a
complicações. Ele deixa esposa, filho, netos e uma legião de fãs e admiradores.
Por enquanto, não há informações sobre velório e enterro do corpo."
"O presidente
Luis Carlos Magalhães, o vice-presidente Fábio Pavão, a Velha Guarda Show da
Portela, a Galeria da Velha Guarda e toda a diretoria da Majestade do Samba
lamentam o falecimento e se solidarizam com os familiares, amigos e fãs",
diz a nota da escola.
(G1)
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