Nesta segunda-feira (13) será lembrado o 109º aniversário natalício do sanfoneiro, cantor e compositor Luiz Gonzaga do Nascimento, o Rei do Baião. Por conta disso, na data também se comemora o Dia Nacional do Forró, conforme Lei Nº 11.176, de 06.09.2005. A comemoração foi criada a partir de sugestão de Paulo Rosa, empresário paulistano, sócio da casa noturna "Canto da Ema", produtor e apresentador do Programa de rádio "Vira e Mexe".
Como amanhã
nosso Programa na Rádio Educadora será inteiramente dedicado a Gonzagão, repasso
aos leitores o desabafo antigo de um amigo intelectual de primeira linha,
amante da música erudita e da boa leitura. Muito conceituado aqui e agora
noutras terras, onde desfruta da merecida aposentadoria, certa vez esse
conterrâneo me confidenciou, pedindo-me não alardear: “Não suporto o furum fum fum
de uma sanfona, nem as letras chorosas ou sem graça cantadas por nordestinos,
até mesmo os tidos como grandes astros, como Luiz Gonzaga. Forró chega a ferir
meus tímpanos”. Depois disso, o homem deitou falação sobre Bach, Bethoven,
Chopin, Mozart, dentre outros, e sobre suas obras.
Isso foi o
suficiente para eu detectar que estava diante de alguém altamente complexado;
que tinha vergonha de suas origens e que usava sua intelectualidade para
disfarçar isso. Embora tentasse camuflar, sua reação denunciava ser falsa a repulsa
àquilo que se acha impregnado em suas raízes.
Na ocasião,
até lhe sugeri conhecer mais nossa música nordestina, a história de vida de
seus maiores vultos, o esforço deles para denunciar o sofrimento do seu povo, a
cobrança por melhores dias para sua gente sofrida e a grande contribuição de
artistas nordestinos para a cultura nacional. A princípio, o amigo demonstrou
indiferença; mas depois caiu na real.
Pois não é
que parece que o “doutor” depois resolveu atender meu conselho! O fato foi comprovado
pela mudança de pensamento sobre música e também pela ampliação de suas
preferências musicais. Passou também apreciar a verdadeira música de raiz através
da obra de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos Marinês, Trio
Nordestino e muitos outros. O homem está até “furunfunfando” por aí ao som
desse pessoal! Beleza, né?
Agora
pergunto: Será que o citado intelectual teria mesmo essa aversão ao trabalho e
ao talento musical dos conterrâneos? Ou será que o que lhe faltava mesmo era um
belisção, para despertar para o que temos de bom no Nordeste em termos de arte?
Fico com a segunda
opção, e justifico. Repare só: Há algum tempo botei pra tocar num local muito
frequentado um “especialzinho” de Luiz Gonzaga, que havia preparado para meu
Programa na Rádio Educadora. Não deu outra: empolgação total de quem estava
presente. Prova incontestável de que o que está faltando é só mais divulgação da
autêntica música nordestina, mais valorização e divulgação do nosso gostoso
forró, e não do forró de plástico, descartável, do pornoforró. Não somente mais
divulgação dele (forró), mas de toda a MPB. Quem tem bom senso e bom gosto
agradece.
Fica o recado: Maior
divulgação da verdadeira música nordestina (forró) inspiraria ainda mais os
músicos atuais. No caso do nosso autêntico forró, tornando-o mais conhecido e
mais acessível principalmente ao público jovem, garanto que esse vazio e
nojento lixo chamado “pornoforró” vai “dançar” rapidinho, rapidinho. O
neologismo (pornoforró) vai por conta da indignação a esse pseudoforró que está
por aí e também vai por conta do amor à verdadeira MPB, que precisa ser
prestigiada como merece.
Na quinta-feira (9), de forma ânime o Conselho Consultivo do Patrimônio
Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
elegeu o forró como Patrimônio Cultural do Brasil.
Além disso, o forró também foi reconhecido como supergênero musical, por reunir
ritmos nordestinos, entre eles, o xote, xaxado, baião, chamego, a quadrilha, o
arrasta-pé e o pé-de-serra. Merece destaque o trabalho da Associação Cultural
Balaio do Nordeste, do estado da Paraíba, realizado em 2011, que resultou no encaminhamento
do pedido de registro para tornar o forró patrimônio cultural.
Fique atento: se você
também é acometido daquilo que maltratava e sufocava o amigo citado no início,
lembre-se de, pelo menos, três lições deixadas por Gonzagão: seja humilde; não
tenha vergonha de suas raízes e nunca perca a oportunidade de defender e
valorizar seu povo e sua cultura.
E não somente no dia 13 de dezembro, mas sempre que estivermos diante de uma sanfona, de um triângulo e de um zabumba, convide todos para forrozear, ou, melhor ainda, para GONZAGUEAR!
Pérolas do Rádio
Bravíssimo,
resmungava o radialista: Alguns pré-canidatos já estão
se degladiano e defamano os gonvernantes adversáro dizeno que eles
estão delapidano o
erário público. Eita! Só traduzindo a denúncia do
colega. E é pra já: Alguns pré-candidatos já estão se digladiando e difamando os governantes
adversários dizendo que eles estão dilapidando o
erário. (basta erário).
DOMINGO NA EDUCADORA (http://www.radioeducadora950.com.br/)
Por
problema de ordem superior não foi possível apresentar hoje o nosso Programa.
Domingo que vem será apresentado normalmente. Até lá!
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