Braga Netto – que teve uma ascensão meteórica desde
que ingressou no atual governo – deve ser candidato a vice-presidente na chapa
de Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição. Ele deve deixar o posto de
ministro da Defesa nesta quinta (31) com essa expectativa.
No documento denominado "Ordem do Dia",
Braga Netto classificou o Regime Militar como "Movimento de 31 de março de
1964".
"O Movimento de 31 de março de 1964 é um marco
histórico da evolução política brasileira, pois refletiu os anseios e as aspirações
da população da época", diz a introdução do texto.
O termo "movimento", em alusão direta ao
golpe militar, já havia sido usado em anos anteriores pelo governo Bolsonaro. A
nota prossegue dizendo que "a história não pode ser reescrita, em mero ato
de revisionismo, sem a devida contextualização".
O comunicado veio no mesmo dia em que Bolsonaro
voltou a ameaçar o Judiciário sobre o resultado das eleições de 2022.
"Nos anos seguintes ao dia 31 de março de
1964, a sociedade brasileira conduziu um período de estabilização, de
segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político, que resultou
no restabelecimento da paz no País, no fortalecimento da democracia, na
ascensão do Brasil no concerto das nações e na aprovação da anistia ampla,
geral e irrestrita pelo Congresso Nacional", prossegue a nota.
O regime enaltecido por Bolsonaro e Braga Netto foi
marcado por perseguição política, censura, tortura e assassinatos.
Embora os números sejam pouco precisos, a
estimativa é que mais de 20 mil pessoas tenham sido torturadas ao longo de 21
anos de vigência da ditadura militar.
Revoltados, os usuários do Twitter viralizaram uma
frase histórica de Ulysses Guimarães após a Assembleia Constituinte:
"Temos ódio e nojo à Ditadura".
"Traidor da Constituição é traidor da pátria.
Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do
parlamento, calotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e
o cemitério.
Quando, após tantos anos de lutas e sacrifícios,
promulgamos o estatuto do homem, da liberdade e da democracia, bradamos por
imposição de sua honra: temos ódio à ditadura. Ódio e nojo", disse
Guimaråes, em 5 de outubro de 1988, quando a Carta Magna foi promulgada. (JB/Ag.
Sputnik Brasil)
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