domingo, 10 de abril de 2022

POUCAS E BOAS - artemisiodacosta@hotmail.com (Sobral-CE - Sábado - 09.03.22)

“Manzualto! (Mãos ao Alto!)”
Nesta semana, num bairro de Sobral, surpreso assisti a uma cena protagonizada por três garotos de aproximadamente sete anos. Eles brincavam de polícia e bandido, mas não tão tranquilamente como merecem. 

Simulavam uma abordagem: Um recostado à parede e com as mãos para cima; outro fazendo busca de armas e mais alguma coisa, ou seja, “caqueando”, como se dizia antigamente. E tudo isso sob o olhar atento de um terceiro menino. Este, por sua vez, dava apoio àquela operação com um revólver imaginário, já que armas de brinquedo hoje são proibidas. Para tanto, usava os pequenos dedos apontador e médio esticados, além do polegar, anelar e mindinho recolhidos.


Aquilo me fez retornar imediatamente à década de 1960, quando eu e outros da minha idade brincávamos despretensiosamente de “manzualto” (mãos ao alto), com revolverzinho de plástico ou madeira. Isso naquela pacata Sobral, na Rua Cel. Diogo Gomes, perto do Mercado Público, onde nasci e vi até meus 12 anos. Mas como o progresso também nos impõe muitas coisas desagradáveis, infelizmente tenho de reconhecer que aquela rua está quase inabitável; meninos brincando nas calçadas..., só mesmo na nossa lembrança, e aquilo que era uma ingênua brincadeira hoje é visualizada como cena real. E não apenas na Diogo Gomes, mas em quase toda extensão da cidade. Detalhe: agora ocorre com muita freqüência, protagonizada por polícia e bandido de verdade e com todos os seus desdobramentos.

A diferença entre essas duas épocas é que, naquele tempo, inspirado pelos ingênuos filmes, todo menino queria ser o artista (o policial), papel que se poderia inverter no outro dia, sem nenhum problema. Terminada a brincadeira, até bandido saía são, salvo e sem nada de ruim impregnado na mente, porque a mensagem que prevalecia era a do lar - a dos pais. Havia acompanhamento, fiscalização e repreensão, quando necessário. A criança voltava para casa saciada de lazer, apesar de suada e imunda para desespero da mãe, que já sofriam com a escassez de água.

Já a meninada de hoje, além da maléfica inspiração dos filmes e novelas atuais, encontra inspiração mais forte ainda na realidade do quotidiano, muitas vezes dentro do próprio lar. O desencaminhamento tem várias origens, começando pela desobediência às leis de Deus, ausência dos pais e paz nos lares, presença irresponsável deles (pais marginais), más companhias e também falta de mais ação do Estado. E nem adianta tentar escolher o papel (polícia ou bandido) porque hoje, não sendo mais uma brincadeirinha, todos estão fadados a terminar mal. Em muitos casos, nem há retorno com vida para casa, para desespero dos pais.

Aqueles três garotos sacudiram, sim, o baú da minha memória fazendo-me lembrar do inesquecível “manzualto”. Torço para que no futuro eles também venham a sentir a gostosa saudade desses momentos felizes da vida. Apesar de estarmos vivendo dias difíceis, fazendo cada um sua parte entreguemos o restante para Deus, pois para Ele nada é impossível. Portanto, “Mãos ao Alto!”

Domingo na Educadora de Sobral-CE
Neste domingo, no Programa Artemísio da Costa na Educadora FM 107,5 Notícias, reportagens, curiosidades, música de boa qualidade. Entrevista, ao vivo, com o neurologista Dr. ESPÁRTACO RIBEIRO (foto), que falará sobre DOENÇA DE PARKINSON. Participe 3611-1550 // 3611-2496 // WhatsApp (88) 98856-8224  // Facebook: Artemísio da Costa.
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