O
documento foi lançado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
(USP) e lembra que, às vésperas do início oficial de mais uma campanha
eleitoral, o sistema vem sendo atacado por políticos. O texto não cita o nome
do presidente Jair Bolsonaro, mas refere-se claramente a diversos discursos do
mandatário.
"Neste
momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários
projetos políticos visando convencer o eleitorado da melhor proposta para os
rumos do país nos próximos anos. Ao invés de uma festa cívica, estamos passando
por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às
instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das
eleições", diz um trecho do manifesto.
Em
uma clara referência às falas de Bolsonaro, o documento diz que "ataques
infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo
eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela
sociedade brasileira".
"São
intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a
incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional. Nossa consciência
cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos
deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da
ordem democrática", acrescentam.
"No
Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e
tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade
brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições. Em
vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona:
Estado Democrático de Direito Sempre!!!!", finaliza o texto, que pode ser
assinado por qualquer cidadão.
Entre
os ex-membros do STF que assinaram o documento estão Joaquim Barbosa e Nelson
Jobim; já entre os artistas, estão os atores e cantores Fernanda Montenegro,
Maria Bethânia, Chico Buarque, Gal Costa, Bruno Gagliasso; e os escritores Luís
Fernando Veríssimo, Djamila Ribeiro e Martha Medeiros.
Reações de Bolsonaro
Em
um evento ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, na
quarta-feira (27), Bolsonaro chamou o documento de "cartinha".
"Vivemos
em um país democrático, defendemos a democracia. Não precisamos de nenhuma
cartinha para falar que defendemos a democracia, e que queremos, cada vez mais,
nós, cumprir e respeitar a Constituição. Não precisamos, então, de apoio ou sinalização
de quem quer que seja", ressaltou.
Bolsonaro
falou com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada novamente sobre o tema
nesta quinta e ironizou a publicação.
"Carta
pela democracia? Qual é a ameaça que eu estou oferecendo para a
democracia?", disse ainda criticando os banqueiros que assinaram o
documento. (JB/Ag. Ansa)
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