Eu disse “de que” este jogo seria difícil!?
Veja se o caso de “gostar”,
que é transitivo indireto (quem gosta, gosta de). Exs.: Gosto que você me
visite frequentemente; A música que mais gosto; O cantor que mais gosto.
O verbo dizer, na
frase em epígrafe, é transitivo direto (quem diz, diz alguma coisa). Não tem
nenhuma cabida a preposição “de”, porque ninguém (a não ser esses mesmos radialistas
esportivos) diz “de alguma coisa”, mas sempre se diz “alguma coisa”. Notamos,
contudo, que tal incorreção geralmente ocorre quando o verbo está distante do
comprimento. Mas já ouvimos “sumidades” que preferiram coisa assim: “Já
comentei aqui de que esse jogador não serve ao Palmeiras”; “Eu sempre disse de
que as coisas poderão piorar para o Flamengo”: “O telespectador já notou de que
Vasco se acomodou em campo”: O jogador declarou de que estava havendo boicote na
Seleção”.
Em suma, o que a Escola
ensina, o rádio apaga (ou inventa). Nesse jogo, quem sai perdendo sempre é a Escola.
EM TEMPO: O “DIQUEÍSMO”, nome técnico desse emprego errôneo, já contaminou quais todos os comunicadores da imprensa falada, escrita e televisionada (ou televisada).
“Este é um problema difícil de resolver” ou
“Este é um problema difícil de se resolver?
A primeira. Quando
numa frase qualquer aparece: difícil de; fácil de; duro de; bom de; ruim de;
agradável de; etc. com a preposição “de” e verbo no infinitivo, não se usa o
pronome “se”. Portanto, diga/escreva: Comprei um xarope ruim de tomar; Este é
um trabalho agradável de fazer; era osso duro de roer; Não existem problemas
fáceis de contornar nesta empresa; Comprei dois automóveis muito gostosos de
dirigir. Lembre-se da expressão “osso duro de roer” (= osso duro de ser roído).
A presidente ou a presidenta?
Ambas corretas. São quatro os nomes terminados em “e” que trocam essa vogal final por “a” no feminino. Porém, não obrigatoriamente: presidente, governante, hóspede, e parente.
Remédio = Medicamento?
Não. Remédio é tudo aquilo que contribui para curar as enfermidades, para conservar a saúde. Trata-se de termo mais exclusivo (amplo) que medicamento. Esse significa uma preparação farmacêutica, isto é, remédio preparado em farmácia ou laboratório. Assim é que há remédio caseiro (chá). Os medicamentos provêm todos da farmácia para o domicílio de todos nós.
“A economia brasileira vai de vento em popa”
ou “A economia brasileira vai vento em popa”?
Ambas corretas. Existem as duas expressões de nossa Língua; “Ir de vento em popa” ou “ir vento em popa”, contanto que se vá; pode ir de qualquer jeito. A questão é que, em termos de economia brasileira, nunca se vai... ou se vai, mas nunca de vento, e muito menos em popa.
Horas extra ou horas extra?
A primeira. Apesar de “extra” ser prefixo, seu uso como adjetivo, em lugar de extraordinário, já está consagrado. E, sendo assim, sua flexão é obrigatória. A propósito, convém lembrar: a correta pronúncia de tal adjetivo é “êxtra (s)” e não “´éxtra (s)”. Observe-se que o timbre da vogal “e” em extraordinário é fechado. Veja o caso de “fêcha” e “fécha”.
(*) Professor Antônio da Costa é
graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e
Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088)
99373-7724
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