Além
da IA, outros quatro eixos temáticos fazem parte do documento final:
bioeconomia, processo de transição energética, desafios da saúde e justiça
social. O evento, que teve como lema "Ciência para a transformação
mundial", foi conduzido por Helena Nader, presidente da Academia
Brasileira de Ciências (ABC). Ela destacou a importância de o Brasil estar à
frente do processo e buscar reduzir as desigualdades entre os ocupantes do G20.
"O
Norte Global não está preocupado, não está olhando como deveria para as
necessidades do Sul Global. O G20 pode ajudar a mudar isso. O Brasil está
ocupando uma posição de liderança e pode fazer mudanças dentro do grupo. E com
isso, pressionar para garantir os engajamentos sociais que a área de ciência e
tecnologia está buscando", disse Helena Nader. "A gente teve
participação muito relevante da China aqui, assim como da África do Sul. Isso
facilitou para que houvesse maior convergência".
No
eixo da inteligência artificial, as principais recomendações do S20 foram:
"criar políticas em uma economia impulsionada por IA para assegurar a
segurança no emprego e os direitos dos trabalhadores. Essas políticas devem ser
flexíveis e adaptáveis e fundamentadas em princípios éticos compartilhados, o
que garantirá inovação enquanto reduz os riscos sociais; contribuir para
estabelecer regulamentações de IA e padrões de governança de dados que
beneficiem todos os países de maneira justa e defendam valores humanos;
trabalhar em conjunto para criar e compartilhar grandes conjuntos de dados
científicos valiosos e bem curados, respeitando a governança de dados.
No
tema da bioeconomia a recomendação é que os países do G20 devem chegar a um
consenso sobre o papel da bioeconomia como uma das estratégias para enfrentar
as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade, a pobreza e a saúde humana e
não humana.
Na
transição energética, o documento diz que os esforços gerais para reduzir as
emissões no processo de transição energética devem se basear no aumento do uso
de fontes de energia com baixas emissões, incluindo energias nuclear e
renováveis, em uma combinação que varia de um país para outro, avançando para a
eliminação progressiva do carvão; a captura, utilização e armazenamento de
carbono, juntamente com abordagens baseadas no mercado, como precificação de
carbono em escala global, devem ser utilizados para minimizar as emissões de
CO2 dos combustíveis fósseis à medida que nos afastamos dessas fontes em
direção a um futuro energético de baixas emissões.
No
eixo sobre desafios da saúde: "garantir o acesso global a vacinas,
medicamentos e ferramentas de diagnóstico essenciais para todos. Promover
produção local e regional sustentável através do desenvolvimento de capacidades
em pesquisa, inovação, compartilhamento de conhecimento e transferência de
tecnologia; promover estratégias de comunicação eficazes para disseminar
informações de saúde, combater a desinformação e conduzir campanhas de
saúde"; alavancar recursos globais focados nos impactos da saúde das mudanças
climáticas e ambientais, com foco em grupos com vulnerabilidades conhecidas,
como aqueles expostos a eventos climáticos extremos".
No
que diz respeito à justiça social: "expandir a infraestrutura para acesso
universal à internet; aumentar a alfabetização digital para garantir que todos
os segmentos da sociedade se beneficiem dos avanços digitais; formular
abordagens inclusivas e equitativas para o desenvolvimento digital; abordar a
desinformação relacionada à ciência nos meios de comunicação digital para
evitar impactos adversos na sociedade, ao mesmo tempo em que se desenvolvem
estratégias nacionais, regionais e globais envolvendo comunidades científicas e
sociedade civil".
Cúpula
do S20
Vieram
ao Brasil para a Cúpula do S20 representantes das Academias de Ciências da
África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá,
China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Japão, Índia, Indonésia, Itália,
México, Reino Unido, Turquia e a Academia Europeia, representando a União
Europeia.
O
S20 contou com o apoio financeiro da FINEP e do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCTI). Criado em 2017, ele atua como grupo de
engajamento do G20 para a área de ciência e tecnologia. Os debates ocorrem
todos os anos e são sempre coordenados pela academia de ciências do país que
preside o G20. As reuniões anteriores foram sediadas pela Alemanha (2017),
Argentina (2018), Japão (2019), Arábia Saudita (2020), Itália (2021), Indonésia
(2022) e Índia (2023). (Rafael Cardoso - JB/Ag.
Brasil)
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