Ela falava como presidente do Grupo de Trabalho de Profissionais Liberais e Universitários Negros (GTPLUN), que ajudou a fundar em 1972, com o objetivo de promover a melhoria econômica da população negra através da profissionalização.
Isso
em plena ditadura
militar, quando a ideia de que o Brasil seria uma "democracia racial"
era parte do discurso oficial.
"Minha
avó era uma pessoa muito movida pela força do ódio", lembra a advogada
Raphaella Reis, uma das netas de Iracema, em entrevista à BBC News Brasil.
"Ela
contava que, certa vez, ela precisou ir a um órgão público ajudar um amigo
de Gana que
estava vindo para o Brasil e ela precisava informar onde ele iria ficar",
conta.
"Ela
chegou ao prédio, que ficava no centro, e não deixaram ela entrar, dizendo que
aquela não era a porta dela, que ela precisaria entrar pela porta de serviço. E
ela respondeu: 'Eu não vou entrar pela porta de serviço, porque não sou sua
empregada.'"
Raphaella
conta que sua avó então explicou que era médica e que estava ali para realizar
um protocolo e registrar seu endereço para o amigo que estava vindo do
exterior. Ela teria recebido como resposta que "gente como ela" não
tinha casa em endereços como aquele.
Iracema
teria então olhado em volta e visto que no local havia apenas pessoas brancas –
a única pessoa negra presente era uma faxineira fazendo a limpeza.
No
dia seguinte, a médica teria mandado sua faxineira (uma mulher branca) para
realizar a tarefa. E a faxineira teria sido recebida no edifício sem maiores
problemas.
"Então
ela juntou um pessoal para oferecer formações para pessoas negras, para lotar
órgãos públicos de servidores negros. Ela queria lotar escolas de professores
negros, encher as faculdades de São Paulo de gente negra, como professores e
como estudantes", diz Raphaella, sobre o que teria motivado Iracema a se
unir ao GTPLUN.
"Iracema
de Almeida, mutatis mutandis, era para a geração negra do
pós-guerra o que é hoje o Frei David para
a geração dos que lutam para ingressar nas universidades", escreveu o
professor e poeta Eduardo de Oliveira (1926-2012) em sua enciclopédia Quem
é quem na negritude brasileira (CNAB, 1998).
No
verbete dedicado a Iracema, Oliveira compara a médica ao religioso franciscano
fundador da Educafro, organização que desde 1993 já ajudou mais de 100 mil
jovens negros e de baixa renda a ter acesso ao ensino superior através de seus
cursinhos populares.
"Não
tive a oportunidade de conhecê-la pessoalmente, mas a conheço como uma irmã da
causa", diz Frei David.
"A
luta dela pela educação foi determinante, foi estratégica e gerou resultados.
Muitos negros que foram beneficiados por ela naquele período ajudaram a
construir um clima mais propício para mostrar que, dando oportunidade, o negro
dá o pulo da vitória."
Mas
o fundador da Educafro não é o único que não teve a oportunidade de conhecer
Iracema de Almeida.
Apesar
de ter sido uma das primeiras mulheres negras formadas em Medicina no Brasil,
de ter colocado em prática o lema "uma sobe e puxa a outra" antes
mesmo dele existir, e de ter sido pioneira no estudo da anemia falciforme no
Brasil (doença genética e hereditária mais frequente na população negra),
Iracema de Almeida é hoje pouco conhecida do público em geral e até mesmo
dentro do movimento negro brasileiro.
Conheça
a história dessa pioneira na luta pela profissionalização do negro no Brasil e
por que sua polêmica afiliação política pode ter contribuído para seu
apagamento histórico.
Mulher
negra com duas graduações na década de 1950
Iracema
de Almeida nasceu em 31 de agosto de 1921, conforme registra seu diploma da
Escola Paulista de Medicina (EPM, hoje ligada à Universidade Federal de São
Paulo), numa família paulistana negra de classe média.
Isso
era algo raro num país que havia abolido a escravidão apenas
33 anos antes (em 1888) e onde, até pelo menos os anos 1960, mais da metade da
população negra era analfabeta.
(No
gráfico abaixo, clique nos grupos populacionais para selecionar quais linhas
ficam visíveis. Assim é possível observar cada linha de forma individualizada.)
José
Correia Leite, um dos principais jornalistas da imprensa negra paulista no
início do século 20, registrou a condição confortável da família de Iracema em
um trecho do seu livro de memórias E disse o velho militante José
Correia Leite (Ed. Noovha América, 2013).
"Chegando
à casa de uma família negra, eu vi uma coisa que fazia muito tempo não via mais
nas famílias de classe média: um sarau musical bonito (...) Naquela visita,
depois eu vim a saber que nós estávamos na casa dos pais da moça que se tornou
depois conhecida, a Dra. Iracema de Almeida", lembrou Leite, sobre
acontecimentos do ano de 1947.
A
própria Iracema atribuía a condição favorável de sua família à
profissionalização, mas observava que a vida de um negro de classe média
naquela época também não era fácil.
"Minha
avó por parte de pai era lavadeira e por parte de mãe era cozinheira e a partir
daí todos foram profissionalizados: chapeleira, costureira, meu avô,
tintureiro, então nós estivemos num meio assim com um pouco mais de
conhecimento", disse a médica em entrevista publicada em 1980 no periódico
da imprensa negra Jornegro.
"A
minha vida também não foi fácil, não venham falar que minha vida foi fácil,
porque meu estado emocional foi pior do que se vivesse no meio do negro pobre.
No meio dos negros nós não teríamos o dia todo a agressão que senti e que vivia
num meio que não me aceitava e que a toda hora me lembrava que eu estava ali e
que não era aquele meu lugar."
Entre
os lugares incomuns para mulheres negras na São Paulo das décadas de 1940 e
1950, estava o ensino superior.
Basta
lembrar que apenas a partir dos anos 2000 o percentual de mulheres negras com
formação universitária superou os 2% no Brasil – em 2022, esse patamar era de
11% considerando a população com 25 anos ou mais, acima dos homens negros (7%),
mas abaixo de homens e mulheres brancas (18% e 22%, respectivamente), segundo o
IBGE.
Primeiro,
diplomou-se em piano pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, em
1941. Depois, cursou medicina na EPM, formando-se em 1951.
"Ela
decide ser médica porque, no contexto onde ela estava, não tinha atendimento,
era na base do cházinho. E mesmo que tivesse ali um consultório, um hospital,
pessoas como ela e a família dela não eram atendidas", diz Raphaella.
"Ela
se especializou em cardiologia, mas depois viu uma necessidade muito maior,
onde ela estava – ela morou na Zona Leste de São Paulo a vida inteira – de
ginecologia e obstetrícia. E foi aí que ela fez o nome dela."
Estabelecida
na Vila Prudente, Iracema mantinha no bairro dois consultórios, um em que
atendia clientes pagantes, e outro "em que atendia, gratuitamente, a
população carente da redondeza, de quaisquer matizes", registrou Oliveira
em sua enciclopédia da negritude.
"Ela
não tinha só o consultório gratuito, ela entrava nas favelas, com o dinheiro
dela pagando remédio, para fazer consultas. E ela dava preferência absoluta ao
atendimento de mulheres", acrescenta a neta de Iracema.
GTPLUN
Em
outubro de 1972, Antonio
Leite – um mineiro que completou seus estudos já adulto, e com isso
ascendeu na carreira pública, posteriormente se tornando empresário – teve a
ideia de criar uma entidade que lutasse pelos direitos da população negra.
Chamou dois amigos para a empreitada.
Faltava
alguém com mais experiência na questão racial, daí veio o convite para Iracema
de Almeida, que já vinha há alguns anos promovendo palestras e dando
orientações "procurando levar uma mensagem de autodeterminação e
desenvolvimento da comunidade carente, sobretudo dos jovens negros",
escreve o historiador Petrônio Domingues, professor da Universidade Federal de
Sergipe (UFS) e autor de artigo
sobre o GTPLUN.
"O
GTPLUN surge nos anos 1970 como um grupo de profissionais liberais e
universitários negros que visava dar coesão social e política para uma pequena,
mas significativa, classe média negra em São Paulo", diz o historiador
Rafael Petry Trapp, professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e autor
de outro
estudo sobre o grupo, em entrevista à BBC News Brasil.
Domingues
observa que, no entendimento do GTPLUN, a escolarização, e especialmente a
instrução formal, constituía o grande mecanismo de superação para os negros
brasileiros.
Assim,
entre 1973 e 1978, o grupo ofereceu diversas formações, como cursos de
datilografia, de auxiliar de enfermagem e treinamento para futuros office
boys, caixas e escreventes.
Como
presidente do GTPLUN, Iracema também usava sua influência para criar relações
com os governos municipal e estadual de São Paulo, para desenvolver mecanismos
de assistência para as comunidades negras de trabalhadores e de pessoas de
baixa renda.
"Para
a doutora Iracema, a questão era que os negros não estavam em posições de
poder", diz a historiadora Cassie Ossie, professora da Bucknell
University, que estudou a médica brasileira em um dos capítulos de sua dissertação
de doutorado.
"Então
ela, como uma médica, alguém que tinha um status de privilégio de classe,
tentou usar seus recursos financeiros, seus recursos políticos e
relacionamentos para criar um ambiente para a construção de uma base de poder
para as pessoas negras em São Paulo."
Ossie
cita como exemplos desse uso de recursos o fato de Iracema ter ajudado o
jornalista Hamilton Cardoso (1953-1999), importante ativista do movimento
negro, a pagar a matrícula da faculdade — conforme relatado pelo próprio
Cardoso em um texto.
A
médica também era proprietária da que era considerada a mais completa
biblioteca sobre África da São Paulo dos anos 1970, que serviu de base de
estudos para muitas ativistas e intelectuais negros da época, conforme relato
do professor e ativista Henrique Cunha Jr.
Por
fim, Ossie lembra do relato do campeão olímpico negro Adhemar Ferreira da Silva
sobre o empenho de Iracema para colocar negros no Itamaraty.
"Ela
facilitava, do seu próprio bolso, os estudos para que os negros pudessem galgar
posições diplomáticas. E ela sempre foi combatida", disse Silva em uma
entrevista recuperada por Rafael Trapp.
Candidatura
pela Arena e alinhamento ao regime militar
Mas,
para realizar seus objetivos em meio aos anos de chumbo, Iracema e o GTPLUN
adotaram uma postura de alinhamento ao regime militar, diz Petrônio Domingues,
da UFS.
Segundo
o historiador, os parâmetros ideológicos do grupo presidido pela médica eram
"francamente integracionistas e nacionalistas".
"O
grupo era alinhado à direita e o perfil da direita no período era de defesa de
um projeto nacionalista, patriótico, ufanista e o grupo embarcou nesse
ufanismo, disso não tenho dúvida", diz Domingues.
"E
'integracionista' porque o grupo buscava promover a população negra pela via do
diálogo, da inserção na base da conciliação — em nenhum instante o grupo
ventilou a possibilidade de enfrentamento, de conflito, nada disso",
observa, acrescentando que essa postura "pacífica" difere o GTPLUN,
por exemplo, da geração seguinte do movimento negro, que viria a formar o Movimento Negro Unficiado (MNU),
ao fim da década de 1970.
O
pesquisador lembra que, em 1968, Iracema chegou a lançar-se candidata a
vereadora de São Paulo pela Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido que
servia de base de apoio à ditadura militar — embora sua candidatura tenha sido
impugnada pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), legenda de oposição ao
regime, por motivo desconhecido.
Em
1969, Iracema também fez o curso da Escola Superior de Guerra (ESG), conforme
relatado por ela mesma em perfil publicado sobre ela naquele ano pela revista
mensal Realidade.
"Para
mim é complexo ler artigos de pesquisadores que tratam minha vó como uma
simples pessoa preta de direita", diz Raphaella Reis.
"Ela
foi alguém que, dentro de uma ditadura, navegou uma série de estruturas
opressoras e que podiam colocar a vida dela, de seus amigos e de sua família em
risco, para conseguir avançar as pautas da população negra no Brasil",
defende a neta de Iracema.
Independentemente
de seu alinhamento, Iracema também sofreu as consequências da vida sob a
ditadura, observa Domingues.
Em
1977, por exemplo, o GTPLUN iria receber uma verba de US$ 40 mil da Fundação
Interamericana (IAF, na sigla em inglês), órgão financiado pelo governo dos
EUA, para aquisição de uma sede permanente.
Mas
a doação foi barrada e as atividades do IAF foram suspensas no Brasil pelo
governo de Ernesto Geisel (1907-1996), pois, ao fazer a doação, a fundação
reconhecia a existência de um "problema racial" no Brasil, o que era
rechaçado pelos militares.
Cassie
Ossie, da Bucknell University, observa ainda que o GTPLUN, como outros grupos
ativistas negros da época, foi vigiado pela ditadura.
Isso
fica evidente pelo fato de o estudo de Domingues ser baseado principalmente em
documentos produzidos pelo Departamento de Ordem Política e Social (Deops) de
São Paulo, polícia política do regime, disponibilizados atualmente para
consulta pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo (Apesp).
"Para
a ditadura, o movimento negro tinha potencial subversivo, porque atentava
contra o mito da 'democracia racial', que preconizava a ideia de que não
existia racismo no Brasil", explica Domingues, sobre a origem dos
documentos que serviram de base para seu estudo.
"O
temor era que os protestos e a radicalização que estavam acontecendo nos
Estados Unidos [com o movimento de
direitos civis] chegassem no Brasil. Esse era o grande temor: que os negros
do Brasil se insurgissem, como estava acontecendo lá, daí a necessidade de
policiar a movimentação desses militantes aqui."
Anemia
falciforme
Nos
anos 1980, Iracema de Almeida se dedica a um outro projeto: o estudo da anemia
falciforme.
Predominante
entre indivíduos negros, a doença atinge cerca de 8% da população negra no
Brasil, segundo dado do Ministério da Saúde de 2021.
Hereditária,
a doença
falciforme se caracteriza pela mudança na estrutura dos glóbulos
vermelhos, que assumem formato de foice ou meia lua. Com isso, há dificuldade
no transporte de oxigênio entre as células.
O
fenômeno provoca anemia e outros sintomas que vão desde dores nos ossos e nas
articulações, até infecções e atraso no desenvolvimento.
"Então
eu falei: mas eu preciso saber como fazer com a anemia falciforme. Eu não sei o
que vou fazer com essa anemia falciforme. Então, vou estudar. Estudei",
contou Iracema em uma entrevista feita em 1990, quando ela já estava com 70
anos.
"Fiz
a localização aqui nas Américas. Na América do Norte [encontrei] muito, e isso
eu senti quando estive lá. Queria sentir um lugar mais perto: Caribe. Depois
fui para a Jamaica sozinha. Sozinha e com o meu dinheiro", acrescentou a
médica.
"Na
época em que ela começou a pesquisa, aqui [no Brasil] não tinha nem
diagnóstico, nem tratamento. Então ela viajou para outros lugares que já tinham
isso", conta Raphaella.
"O
objetivo dela era trazer esse conhecimento para cá, para o Inamps [Instituto de
Assistência Médica da Previdência Social], porque na época não existia nem SUS
[Sistema Único de Saúde]. E fazer capacitação de clínicos gerais para exames
clínicos, para identificar os sinais básicos da anemia falciforme", conta
a advogada.
Como
trata-se de uma condição de saúde que afeta mais a população negra, ninguém
ligava para essa doença, diz a neta de Iracema. E os sintomas — como dor,
fraqueza, cansaço — eram muitas vezes considerados "frescura" ou
"coisa de gente preguiçosa".
"Então
ela foi viajar para basicamente trazer a noção da existência da anemia
falciforme para a comunidade médica: como diagnosticar, como tratar, o que
observar. Então o protocolo básico, foi ela que trouxe [para o Brasil]."
Memória
e esquecimento
Apesar
de todos esses feitos, a história de Iracema de Almeida é hoje pouco conhecida.
Em
2005, pouco depois de sua morte, a médica foi homenageada postumamente pela
então Secretaria Especial de Promoção de Políticas de Igualdade Racial
(Seppir), à época sob o comando da ministra Matilde Ribeiro.
"É
importante que minha avó seja lembrada, porque sua história caiu no
esquecimento. Apesar de ter dedicado sua vida à saúde e valorização da cultura
e da história negra", disse Raphaella Reis à época da homenagem.
No
ano passado, o nome de Iracema chegou a ser cotado entre personalidades negras
que poderiam ser homenageadas com estátuas em espaços públicos, a serem
instaladas pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
Mas,
numa escolha feita através de consulta pública, venceram a ialorixá Mãe Sylvia
de Oxalá, a cantora Elza
Soares, o soldado Chaguinhas (líder
de uma revolta contra atrasos de salários), a intelectual e ativista Lélia
Gonzalez e o geógrafo Milton Santos,
informou a Secretaria Municipal de Cultura à BBC News Brasil.
A
instalação dessas estátuas está em fase de estudo dos locais de instalação e o
próximo passo serão as contratações, disse a pasta.
Em
seu estudo, o historiador Rafael Trapp avalia que parte do ostracismo que cerca
a história do GTPLUN talvez se deva às "suas ligações com o controverso
mundo da política nos anos 1970" – isto é, ao suposto alinhamento do grupo
ao regime militar.
"Hoje
eu relativizo aquilo que coloquei lá, pois me parece que a doutora Iracema,
assim como seus companheiros do GTPLUN, estavam jogando o jogo político que era
possível e que estava ao alcance daquelas pessoas no contexto de classe
específico em que eles se encontravam", afirma Trapp.
"Então
eles se utilizavam de sua posição de classe para, a partir disso, tensionar de
forma direta e indireta a estrutura social racista do Brasil."
Cassie
Ossie, por sua vez, vê outros dois possíveis motivos por trás do
"esquecimento" de Iracema de Almeida.
O
primeiro, diz ela, é que a médica era de uma geração mais velha do que os
líderes do MNU, movimento que é mais lembrado quando se pensa na mobilização
negra no Brasil dos anos 1970. O outro motivo, na visão da historiadora, é o
machismo.
Ela
observa, por exemplo, que Iracema é muitas vezes descrita dentro do próprio
movimento negro como uma pessoa "complicada" ou
"controversa", com quem era difícil de trabalhar e que frequentemente
entrava em conflito com outras pessoas.
"Iracema
foi punida por não personificar o que era esperado de uma mulher negra. Embora
o feminismo negro desponte no Brasil naquela mesma época, figuras como Lélia
Gonzalez tinham o respaldo, por exemplo, de Abdias Nascimento e de outros
homens dentro do movimento negro, enquanto Iracema de Almeida não tinha um
fiador masculino", diz a historiadora americana.
Autor
de um dos poucos artigos acadêmicos sobre o GTPLUN, Petrônio Domingues destaca
que ainda não há nenhum estudo de fôlego sobre a vida de Iracema de Almeida.
"A
doutora Iracema é um ponto fora da curva em termos de protagonismo negro em São
Paulo e no Brasil. É um caso a ser estudado", diz o historiador.
"Na
atual fase, em que a luta do movimento de mulheres negras e as feministas
negras estão pautando o debate da agenda nacional, é preciso urgentemente
conheceremos melhor a origem dessas mulheres, que a partir de seu protagonismo
ocuparam a esfera pública e, de uma maneira muito ousada para a época,
defenderam seus ideais e buscaram defender a luta antirracista."
(Fonte:
BBC)
Nenhum comentário:
Postar um comentário