Atos também foram registrados em outras cidades do estado,
como Piracaia, Campinas, Bauru, Ribeirão Preto, Limeira, Sorocaba,
Piracicaba e São Roque.
Presente
na manifestação em São Paulo, a ativista indígena Txai Suruí lembrou
o período de campanha eleitoral vivido pelo país, às vésperas de eleições
municipais, e ressaltou a importância de cobrar o comprometimento de políticos
com a pauta climática.
"Tem
políticos que não falam da pauta climática, da pauta ambiental, da pauta dos
direitos humanos. Estamos aqui para dizer que o povo está de olhos abertos,
para dizer que a gente não aceita que os nossos direitos sejam negociados, que
o nosso futuro seja vendido", disse.
Para
reforçar a relevância do voto em candidaturas que tenham compromisso com o meio
ambiente, a jovem Gabriela Gomes levou um cartaz com os dizeres "vote pelo
clima". Ela participa de organizações que dialogam sobre a pauta ambiental
com a juventude, como o Instituto Refloresta e a Coalizão Clima de Mudança.
"Votar
pelo clima é falar sobre o nosso presente e futuro. A gente fica nessa coisa de
futuro o tempo inteiro, mas estamos sofrendo com as consequências da crise
climática agora. Precisamos de políticas efetivas e de pessoas que levem a
sério a pauta climática, vereadores, prefeitos, pessoas que estão do nosso
lado. A gente acha que só o presidente pode fazer alguma coisa pelo clima, mas
a gente precisa das pessoas perto da gente comprometidas com essa pauta
também", destacou a Gabriela Gomes, que também tem um projeto de podcast
que discute meio ambiente com a juventude.
A
presença de indígenas foi marcante na manifestação. Eles denunciaram o
assassinato de lideranças e destacaram o cenário de insegurança jurídica
provocado pela aprovação da tese do marco temporal, que levou ao acirramento de
conflitos. Txai Suruí recordou o recente assassinato do jovem Guarani
Kaiowá Neri Ramos, atingido pela polícia do Mato Grosso do Sul em uma retomada
no último dia 18 de setembro.
"A
gente está aqui para mostrar a voz dos povos indígenas, para dizer ‘não’ ao
genocídio, dizer ‘sim’ à demarcação. O marco temporal é uma tese genocida, que
mata não só nós, povos indígenas. Essa não é uma luta só nossa, é uma luta de
todos", afirmou Txai Suruí.
Agronegócio
predatório
A
marcha em São Paulo, convocada pela Coalizão pelo Clima, reuniu ativistas,
movimentos populares, sindicatos e diversas organizações que atuam no campo da
pauta climática e ambiental. A contribuição do agronegócio predatório para
a atual crise foi destacada pela integrante do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST) Rosana Santos, que cobrou uma mudança urgente no
"comportamento destrutivo" do setor.
"Se
a gente não parar as queimadas, o desmatamento, com esse agronegócio que
envenena as terras, envenena os rios, que envenena tudo e queima, a gente não
vai ter mais como sobreviver no planeta. Então, temos que lutar pela mudança
desse comportamento destrutivo, que visa o lucro", aponta.
Além
de chamar a atenção para a situação de calamidade, os manifestantes também
exigiram punição às pessoas que atearam fogo de forma criminosa nas
últimas semanas.
Autoridades
do governo vêm apontando indícios de que parte dos incêndios que tomaram conta
do país foi causada por ação humana de forma intencional. A Polícia Federal tem
mais de 50 investigações abertas nesse sentido.
"Eu
estou aqui lutando pelo fim do agro predatório, reforçando que sem natureza a
gente não existe, sem a proteção dos territórios tudo vai ruir. A gente precisa
estar aqui, ocupar as ruas, cobrar a política para que as mudanças concretas
sejam feitas", reforçou Mahryan Sampaio, co-fundadora da ONG Perifa
Sustentável.
Ações
efetivas
Outras
pautas levadas aos atos foram a proteção ao modo de vida das comunidades
tradicionais, afetadas diretamente pela crise climática. As manifestações
pedem respeito à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT),
demarcação das terras indígenas, titulação das terras quilombolas, reforma
agrária popular e investimentos na agricultura familiar.
Outras
propostas pedem reorganização do Plano Safra; proteção da saúde dos
trabalhadores em dias de grande poluição; criação de um programa de empregos de
interesse público-comunitário; investimentos para a indução de cadeias
produtivas de baixo impacto ambiental; criação de um programa de restauração de
biomas e exclusão dos investimentos em mitigação e adaptação às emergências
climáticas dos limites impostos pelo novo arcabouço fiscal.
Atos
pelo país
Na
sexta-feira (20), a Coalizão Pelo Clima organizou uma manifestação
com o mesmo intuito no Rio de Janeiro. O evento encerrou com um encontro nos
Arcos da Lapa para lançamento do manifesto Rio Capital do Caô Climático.
Já
no sábado (21), foi a vez de manifestantes de Curitiba (PR) ocuparem
as ruas do centro da capital paranaense no ato intitulado Chega de
Fumaça!
Londrina
(PR), Florianópolis (SC), Belo Horizonte (BH) e o Distrito Federal também
registraram manifestações.
(Brasil
de Fato)
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