“Se
não houver risco energético, aí é um custo-benefício que terei a tranquilidade,
a serenidade e a coragem de decidir a favor do Brasil e a favor do Brasil nem
sempre quer dizer que vai economizar meio por cento, um por cento na conta de
energia, porque qual impacto nos outros setores? Isso tem que ser um
equilíbrio. Ainda bem que a política de diálogo voltou. Com essa política a
gente tem tranquilidade e com muita profundidade chegar a um momento em que a
gente possa mostrar com clareza qual o melhor caminho a seguir”, acrescentou o
ministro, ressaltando que “não tem como não ser esta semana, porque não daria
tempo de aproveitar a melhor janela que é novembro, se não for tomada a
decisão, esta semana”.
De
acordo com Silveira, a reunião foi marcada para terça-feira por causa da
“imprescindibilidade de ser agora” e, para isso, é preciso que seja de imediato
para permitir que os setores que serão impactados se preparem, embora, segundo
ele, o cuidado que teve de conversar com os setores muito importantes para que
se planejam.
“Se
tem algo que não se pode abrir em uma política pública com essa dimensão, é a
questão da previsibilidade. A importância maior do horário de verão e tem muita
importância é entre 15 de outubro e 30 de novembro. Até 15 de dezembro tem uma
importância vigorosa, não que ele não tenha depois, mas vai diminuindo a curva
da importância dele”, disse.
Silveira
destacou que o horário de verão é uma política pública aplicada mundialmente e
não deve ser tratado como uma questão ideológica. “Primeiro quero registrar que
o horário de verão é uma política pública que não é nacional. É implementada em
vários países e em especial em países desenvolvidos. É uma política pública que
não deve ser tratada como uma questão ideológica e ela foi tratada pelo governo
anterior assim, simplesmente extirpando ela em 2019”, observou.
Crise
hídrica
O
ministro acrescentou que as usinas hídricas e hidrelétricas, quando não são,
como é o caso de Belo Monte, localizada no Rio Xingu, no Pará, que não
conseguiu licenciamento para fazê-la com reservatório, elas dependem
naturalmente das questões pluviométricas. Os números indicam que a crise
hídrica atual é grave.
“O
Cemaden [Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais]
apurou que desde 1950, quando ele mede a questão pluviométrica no Brasil, nós
vivemos a pior crise hídrica dos últimos 73 anos, o que nos levou, se nós não
tivéssemos feito medidas preventivas, como diminuir a vazão de Jupiá e Porto
Primavera, corajosas que tomamos durante o ano, preservando 11% de água doce
nos nossos reservatórios, hoje nós teríamos problema energético no Brasil. Não
temos, temos tranquilidade para este período, mas temos que nos equilibrar
entre segurança e modicidade tarifária e temos que preparar também o
planejamento para 2026”, comentou.
Eleição
O
ministro Alexandre Silveira disse ainda que, caso seja adotado pelo governo, o
horário de verão não vai impactar o segundo turno da eleição, marcado para o
dia 27 deste mês. “Se ele for decretado, não pega a eleição, porque tem que ter
no mínimo 20 dias para que setores extremamente importantes se planejem, como o
setor aéreo por causa das conexões internacionais e outros setores também como
segurança pública”.
Ele
que tudo está sendo analisado com todo o cuidado e serenidade. “Imagine a
responsabilidade de uma decisão como essa de um ministro de estado. Se ele o
faz sem necessidade está naturalmente tomando uma medida que tem
transversalidade e tem custo em alguns setores da economia, apesar de que para
outros é benéfico, mas em alguns da economia muito contundentes. Se ele não
faz, e dá um problema, a responsabilidade é do ministro. Um problema energético
não é um problema é um problemaço”, explicou sobre a complexidade da decisão.
O
ministro lembrou que o presidente Lula já disse em entrevista que essa decisão
não é política e delegou a condução dela ao seu ministro de estado. “O farei,
com a coragem de quem tem que decidir. O farei muito ancorado em bases técnicas
e em sensibilidade política e social, para que a gente defendendo, como eu
defendo o horário de verão como política pública, só use mão dessa política
pública se ela for imprescindível para assegurar energia para o Brasil e
diminuir os custos que não impactem mais negativamente e faça economia para o
consumidor”, completou.
ONS
Em
reunião ordinária de outubro do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico
(CMSE) na quarta-feira (9), o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)
apresentou as projeções para o período de outubro de 2024 a março de 2025.
Os
números apontam incertezas com relação ao início e condições do período úmido,
ainda que alguns modelos indicarem maior nível de precipitação a partir da
segunda quinzena deste mês. “Com a estiagem severa dos últimos meses, as
próximas chuvas precisam, num primeiro momento, permitir que o solo recupere
sua umidade para que, posteriormente, seja observada a elevação dos níveis das
vazões”, informou a ONS em nota.
Conforme
os dados dos dois cenários dos estudos prospectivos, as projeções de Energia
Natural Afluente no Sistema Interligado Nacional (SIN) no horizonte de
outubro/24 a março/25 se mostram abaixo da Média de Longo Termo (MLT). “As
projeções de Energia Armazenada (EAR) indicam que o subsistema
Sudeste/Centro-Oeste alcançaria ao final de março de 2025, no cenário superior,
13,8 p.p. acima do armazenamento verificado em março de 2024. No cenário
inferior, esta projeção seria de 23,4 p.p abaixo ante o verificado”,
acrescentou o Operador.
“No
curto prazo, a análise da EAR mostra a continuidade da redução dos níveis dos
reservatórios nos próximos três meses, com a recuperação dos volumes estimada
para ocorrer a partir de janeiro de 2025”, afirmou na nota. No entendimento do
ONS, o principal desafio identificado pelo órgão até dezembro é o atendimento
da ponta de carga, horário em que a demanda atinge seu ponto máximo, que
geralmente acontece entre 18h e 20h.
“As
projeções indicadas pelos estudos prospectivos são utilizadas para apoiar
tomadas de decisões pelo colegiado do CMSE quanto à necessidade da adoção ou
permanência de medidas operacionais preventivas com vistas a aumentar a
segurança do SIN. O Operador segue acompanhando a situação e os resultados das
iniciativas implementadas com o intuito de assegurar o atendimento à demanda de
carga do SIN”, informou.
(Ag.
Brasil)
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